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Alexandre Garcia

Sangramento

Segunda-feira, na Fundação Oswaldo Cruz, o ministro Eduardo Pazuello disse que não é correto aconselhar a ficar em casa com sintomas da Covid-19, até sentir falta de ar. Lembrou que o essencial é o diagnóstico precoce e o tratamento imediato. A propósito, o maior erro de Mandetta foi ter recomendado que, ao sentir sintomas da Covid, a pessoa ficasse em casa por 14 dias e só procurasse auxílio quando sentisse falta de ar. Ora, a falta de ar já indica uma fase adiantada da doença, em que os pulmões estão com líquido e o ar inspirado não oxigena o sangue o suficiente. E houve outro grande erro anterior: o de não terem cancelado o carnaval, numa época em que era cancelado o Ano Novo Chinês. As aglomerações em bloco inocularam o País, principalmente a partir do Rio de Janeiro e São Paulo.

Agora as notícias sobre mais de 100 mil vidas perdidas para a Covid deixam dúvidas. A Itália é o quarto país mais atingido pelo vírus – 582 mortes por milhão de habitantes (o Brasil é o nono, com 476 mortes por milhão). Estudos italianos, comparando o atestado de óbito com o prontuário, revelam que, em média, os que morreram tinham outras três doenças. É bom considerar que no Brasil morreram no ano passado 140 mil pessoas por infecções das vias respiratórias inferiores, como gripe e pneumonia, sem contar casos crônicos.

O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade de chances entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente, e os que ficam à mercê da sorte. Há os que têm acesso a preventivos como o zinco, a vitamina D e receita para ivermectina; havendo sintomas, têm acesso a receitas para hidroxicloroquina e azitromicina com o médico de família – e isso nem entra nas estatísticas. Mas a maciça maioria da população não tem essa proximidade com médicos nem recursos, por exemplo, para ir a uma farmácia de manipulação com pedido de zinco. A propósito, o ministro Pazuello disse que “a gente precisa compreender como parar o sangramento”.

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Para diminuir essa desigualdade, há médicos em voluntariado. Em Brasília, dois grupos de 492 médicos estão se dedicando a comunidades carentes de prevenção e tratamento da Covid. Há, inclusive, conta bancária recebendo contribuições para comprar os medicamentos para quem precisa. E evitam-se internações. Iniciativas assim se espalham pelo Brasil, para “parar o sangramento”. Mais de 100 mil vidas perdidas são uma voz que clama por respostas sobre o que se fez, o que não se fez e por quê. O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade de chances entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente, e os que ficam à mercê da sorte Segunda-feira, na Fundação Oswaldo Cruz, o ministro Eduardo Pazuello disse que não é correto aconselhar a ficar em casa com sintomas da Covid-19, até sentir falta de ar. Lembrou que o essencial é o diagnóstico precoce e o tratamento imediato. A propósito, o maior erro de Mandetta foi ter recomendado que, ao sentir sintomas da Covid, a pessoa ficasse em casa por 14 dias e só procurasse auxílio quando sentisse falta de ar. Ora, a falta de ar já indica uma fase adiantada da doença, em que os pulmões estão com líquido e o ar inspirado não oxigena o sangue o suficiente. E houve outro grande erro anterior: o de não terem cancelado o carnaval, numa época em que era cancelado o Ano Novo Chinês. As aglomerações em bloco inocularam o País, principalmente a partir do Rio de Janeiro e São Paulo.

Agora as notícias sobre mais de 100 mil vidas perdidas para a Covid deixam dúvidas. A Itália é o quarto país mais atingido pelo vírus – 582 mortes por milhão de habitantes (o Brasil é o nono, com 476 mortes por milhão). Estudos italianos, comparando o atestado de óbito com o prontuário, revelam que, em média, os que morreram tinham outras três doenças. É bom considerar que no Brasil morreram no ano passado 140 mil pessoas por infecções das vias respiratórias inferiores, como gripe e pneumonia, sem contar casos crônicos.

O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade de chances entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente, e os que ficam à mercê da sorte. Há os que têm acesso a preventivos como o zinco, a vitamina D e receita para ivermectina; havendo sintomas, têm acesso a receitas para hidroxicloroquina e azitromicina com o médico de família – e isso nem entra nas estatísticas. Mas a maciça maioria da população não tem essa proximidade com médicos nem recursos, por exemplo, para ir a uma farmácia de manipulação com pedido de zinco. A propósito, o ministro Pazuello disse que “a gente precisa compreender como parar o sangramento”.

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Para diminuir essa desigualdade, há médicos em voluntariado. Em Brasília, dois grupos de 492 médicos estão se dedicando a comunidades carentes de prevenção e tratamento da Covid. Há, inclusive, conta bancária recebendo contribuições para comprar os medicamentos para quem precisa. E evitam-se internações. Iniciativas assim se espalham pelo Brasil, para “parar o sangramento”. Mais de 100 mil vidas perdidas são uma voz que clama por respostas sobre o que se fez, o que não se fez e por quê.

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