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Alexandre Garcia

Urnas da diversidade

Atrasou um pouquinho, mas no dia seguinte já tínhamos os resultados da nossa eleição. Alguns se impacientaram, ficaram desconfiados, mas em apuração ganhamos dos americanos, que, duas semanas depois, ainda não têm resultado definitivo. Mas aqui também tivemos uma denúncia gravíssima, feita por um presidente, o do TSE. O supercomputador do TSE foi atacado e ele suspeita de uma conspiração contra o nosso voto, com vistas a uma ditadura. Seríssimo. E mesmo com o fique em casa, apenas 23% de abstenções – um pouco acima dos 17,58% da última eleição municipal. Foi uma demonstração de civismo por parte do eleitor, a quem as autoridades ainda devem explicações sobre a segurança do processo e esse possível atentado.

Na cidade da fundação do PT, São Paulo, e no berço do lulismo, São Bernardo do Campo, a eleição confirmou a queda do partido como representante da esquerda. Em São Paulo, o PSOL no segundo turno mostra que partidos de extrema-esquerda e ideológicos estão substituindo a esquerda fisiológica em que se transformou o PT, como demonstrou a Lava Jato. Na anterior eleição municipal, o PT só ganhou uma prefeitura de capital, Rio Branco. Naquele pleito, foi reduzido a 254 prefeituras; agora baixou para 189. Hoje depende do segundo turno em Vitória e Recife. E o PP acabou levando a maior parte das prefeituras do Nordeste, grande reduto petista.

Resistentes, o MDB continua com o maior número de prefeituras e o DEM teve excelente desempenho em Salvador, Curitiba, Florianópolis e Rio de Janeiro. Bons prefeitos foram reeleitos. O de Porto Feliz, dr. Cássio Prado, com 92% dos votos, provou que o tratamento precoce contra a Covid também dá resultado nas urnas. O presidente Bolsonaro, prevendo alianças futuras com partidos em disputa na campanha, como o PP e o PSD, evitou se envolver, mas seu candidato, Crivella, no Rio, vai ter que enfrentar o favoritismo de Eduardo Paes. E em São Paulo, seu preferido, Russomano, de bom desempenho em obras sociais, foi apático na campanha e se diluiu.

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A narrativa da polarização e radicalismo não resiste à demonstração das urnas. O país continua conservador. O extrema-esquerda PSOL, no páreo em São Paulo e Belém, não afeta essa percepção. A pesquisa CNT/ MDA, em 25 estados, divulgada em fins de outubro, antecipa as urnas do dia 15. Os que se declaram direita são 27,7%, esquerda 11%. Somando os que se declaram centro (17%) aos centro-esquerda (2,7%) e centrodireita (4,3%), temos 24% balançando no centro e 32,25% que se definem conforme as circunstâncias. Não dá para chamar isso de polarização. As urnas mostraram, sim, diversidade na política.

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