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Alexandre Garcia

Aviso aos partidos

A abstenção no segundo turno foi de quase 30%. Duas semanas antes, no primeiro turno, a abstenção fora de 23%. Na eleição presidencial de 2018, sem pandemia, havia sido de 21%. Portanto, a abstenção do medo do vírus foi de 21% para 23%. O salto de 23% para 30% tem outra causa. Os eleitores de 57 municípios em segundo turno tiveram apenas duas opções. Quem não se interessou por nenhum dos dois ficou em casa ou votou em branco ou anulou o voto. A Justiça Eleitoral fez campanha por comparecimento, mas não adiantou.

No Rio de Janeiro, no último domingo, praias cheias e, enquanto 1 milhão 629 mil cariocas elegiam Eduardo Paes, uma multidão de 1 milhão e 720 mil eleitores se recusava a votar. Somados aos que foram às urnas para votar em branco ou anular o voto, chegamos a um contingente que supera em 680 mil pessoas o número dos que elegeram o prefeito. Imagino que sejam os que não se interessaram por Paes nem por Crivella.

Em São Paulo, os que não votaram ou votaram em branco ou nulo somaram 3 milhões e 650 mil eleitores; quase meio milhão acima dos paulistanos que reelegeram Bruno Covas. Suponho que seja gente rejeitando as duas opções. Em Porto Alegre, 405 mil eleitores não votaram ou optaram pelo branco ou nulo, em vez de ter que escolher entre Sebastião Melo (370 mil votos) e Manuela D’Ávila (307 mil). Nessas três importantes capitais, 6 milhões e 363 mil pessoas julgaram não valer a pena apostar o seu voto em nomes oferecidos pelos partidos. Não se empolgaram ou simplesmente rejeitaram os candidatos.

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Duvido que os partidos tirem lições disso. Em 2022 vamos ter de novo que escolher entre os menos ruins em listas de candidatos a deputado, senador, governador e presidente. Sempre há bons candidatos, mas o horário eleitoral nos tem revelado uma maioria que não tem noções básicas de como funciona a política, de como se organiza o Estado, seus poderes e níveis – e, sobretudo, não têm noção do que é ser mandatário a serviço de seus mandantes eleitores e pagadores de impostos. Fico sonhando com um vestibular aplicado pela Justiça Eleitoral para candidatos a candidato.

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