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Contra Ponto

Risco populista

Na edição de 20 de setembro, tratei do risco populista nas próximas eleições presidenciais haja vista o perfil da maioria dos prováveis candidatos e das atuais circunstâncias sociopolíticas.

Houve um tempo em que o principal “inimigo” das democracias ocidentais era o comunismo. Mas com a queda do Muro de Berlim e a rápida decomposição do antigo império soviético, aliados à conversão descarada da China ao capitalismo (ainda que sob uma ditadura do partido único e controle da mídia), esse inimigo não existe mais. 

Aliás, em suas experiências reais, o sonhado e idealizado comunismo se transformou em pesadelo e agravamento das condições sociais. Entre os que persistem na retórica e no autoritarismo, exemplos atuais são Coreia do Norte e Cuba. As experiências no continente africano são um caso à parte.

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Então, resta atual e emergente o risco populista. E não apenas nos países pobres e em desenvolvimento. Mesmo nas modernas e ricas democracias é atual e persistente. E de variadas motivações. 

Ora o persistente desemprego (que veio para ficar!), ora a emergente xenofobia (uma reação a um problema complexo e dramático. Desconfio que também seja um problema que veio para ficar). 

Então, dependendo da motivação (usemos como exemplos o desemprego e a xenofobia), o populismo pode se converter numa ação retórica de esquerda (combate ao desemprego) ou de direita (defesa da xenofobia).  
 
Mas o populismo tem várias faces e vertentes. Regra geral, seu discurso mais evidente é o nacionalismo. Também utiliza a religião e o racismo como meio político de ataque e defesa. Alvos preferenciais, muçulmanos e negros que o digam. Mas mexicanos, árabes e africanos sofrem igualmente. 

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A identidade mais apropriada do populismo é a irresponsabilidade fiscal, financeira e econômica. Apostam riquezas e virtudes nacionais em troca do sucesso efêmero, comprometendo o futuro e a estabilidade nacional.

Como identificar o governante populista? Discurso nacionalista e estatizante, frequente manipulação de preços de mercado, ataque à liberdade de imprensa e generosos aumentos salariais.

Teses e práticas absurdas? Não, pelo contrário, desde que auto-ssustentáveis e responsáveis. Não demagógicas, nem eleitoreiras.

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O escritor peruano (e prêmio Nobel de Literatura) Vargas Llosa (1936) fez um ótimo resumo sobre o populismo: “Uma das maiores dificuldades para combatê-lo é que apela aos instintos mais puros dos seres humanos: o espírito tribal, a desconfiança e o medo do outro – seja de raça, língua ou religião diferente –, além da xenofobia, do patriotismo exagerado, da ignorância”. 

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