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Contra ponto

Os donos do poder

Quando líderes políticos e servidores públicos importantes, que representam as expectativas e esperanças do povo, fazem o que estão fazendo, de forma audaciosa, indistinta e indiferente às consequências, isso não se constitui apenas numa triste realidade, mas tem a oportunidade de nos fazer ver e revelar o tamanho de nossa ignorância sobre a estrutura social e política. São as evidências reais e formais do nosso sistema de castas.

Está aí uma questão nacional mal resolvida: a diferença e a distância entre os que têm poder e as pessoas comuns. Esses sucessivos escândalos são exemplos para compreendermos e “enxergarmos” o imenso vazio gerado e estabelecido pelo nosso sistema de formalidades, leis e instituições. Embora com repetidas promessas de resolver nossos problemas, os decretos, as leis, as ideologias, os governos e os demais poderes de Estado apenas confirmam as práticas antigas.

Tudo resultou em uma estrutura forte, organizada, centralizadora e burocrática. Que não encontra resistência civil. Consequente e paulatinamente, nossa sociedade se adaptou a esta estrutura estatal. Trata-se do domínio de uma casta de altos funcionários aliada ao patronato político cujos interesses comuns formam uma associação parasitária. Juntos compõem uma rede que – espalhada pelo país – extrai dele tudo o que pode – leia mais em Os donos do poder (1958), do gaúcho Raimundo Faoro (1925-2003).

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Ou a arrogância dos políticos e das autoridades não é uma confirmação de um histórico sinal da separação entre o lado de lá e o de cá do balcão, como se diz popularmente? Senão, como explicar outro histórico sintoma, agora agravado, que é a total perda de consciência da razão pela qual foram eleitos e constituídos parlamentares, governantes e servidores públicos?

É como se a rotina das práticas políticas e das formalidades legais inerentes ao estado democrático de direito tivessem o dom de corromper os bastidores do exercício do poder.

 É como se a legitimidade e a popularidade construída e conquistada nas ruas, nas urnas e nas leis se corrompesse e travestisse num antigo aristocratismo. É como se a delegação e investidura num cargo público concedesse ao titular a ilimitada propriedade do cargo. Parece que lhes “desce” um espírito da antiga nobreza que “por direito divino” se supunha superior à plebe.

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Mas assim como no passado, por desonra e roubo, os nobres abusados perderam a legitimidade e a própria cabeça na forca e na guilhotina, assim também os “novos aristocratas” serão avaliados e condenados. Democrática e ainda que tardiamente!

De todo modo, talvez agora, com a ampliada sucessão de impunidades, de escândalos e os roubos escancarados, os cidadãos possam compreender melhor o que realmente significa “se lixar para a opinião pública”. Com a palavra o Supremo Tribunal Federal!

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