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Contra ponto

Fazendas lá, florestas aqui

A intromissão estrangeira em assuntos relacionados à região amazônica, especialmente no que tange à “Amazônia brasileira”, tem alternado questionamentos educados com desrespeitosos. Afinal, parece provocação cobrar o recém-instalado governo acerca do desmatamento, uma histórica, continuada e preocupante prática local.

O presidente Bolsonaro não reúne as qualidades retóricas e técnicas para esse debate, mas não reagiu errado ao reafirmar que a “Amazônia é nossa”. Aliás, região que abrange diversas e importantes razões locais e suspeitos interesses internacionais.

É famoso o discurso do então senador Cristovam Buarque – durante um debate nos Estados Unidos (2000) – quando foi questionado sobre a hipótese de internacionalização da Amazônia. O autor da pergunta acrescentou que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.

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Disse Cristovam: “De fato, como brasileiro eu falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso”.

E passou a enumerar exemplos negativos de outras nações cujos fins também poderiam ser internacionalizados (especulação financeira, bombas nucleares, pobreza e fome), e encerrou dizendo:

“Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa!”

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Sobre ocupação do solo e preservação ambiental brasileira, recomendo olhar um vídeo-palestra do pesquisador da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda. Imperdível!

Leia também uma reportagem da Folha de S. Paulo do dia 21 de junho de 2010, que reproduz relatório norte-americano nominado “Farms here, forests there”. Traduzido, significa o seguinte: “Fazendas aqui (nos EUA), florestas lá (no Brasil)”!
Em resumo. “Estudo diz que americano pode ganhar até US$ 270 bi em 2030 com queda no desmatamento. O argumento é que a maior proteção às florestas prejudicará a produção de carne, soja, dendê e madeira em países como o Brasil. Isso levaria a aumento dos preços e à abertura de um buraco na oferta, que seria preenchido pelos EUA.
Eliminar o desmatamento até 2030 limitará a receita para a expansão agrícola e para a atividade madeireira nos países tropicais, nivelando o campo de jogo para os produtores americanos no mercado global de commodities.

O estudo corrobora a visão de que a conservação ambiental é uma desculpa dos países desenvolvidos para impor barreiras à agricultura do Brasil, mais competitiva.”

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Entendeu o jogo, caro leitor?

Recado ao presidente: desista da indicação do filho para a embaixada nos Estados Unidos. Política externa é para profissionais. Países não têm amigos; países têm interesses!

 

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