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Contra ponto

Desabafo e tristeza

Nos últimos anos, muito se ouvira falar sobre desencontros e desentendimentos pessoais face à polarização da política nacional. Relações de parentescos e amizades arranhadas muito menos por razões ideológicas e muito mais pela fulanização.

Notadamente consequência das operações jurídico-policiais que ensejaram a condenação e prisão de políticos e empresários envolvidos em atos de corrupção. 

Mais. Em relação de causa e efeito, direta e indiretamente, tais fatos contribuíram para a eleição de um presidente indelicado e polemizador (para dizer o menos). Praticamente, em ato e resultado plebiscitário. Fato que colaborou contextualmente para a continuidade e o agravamento do estranhamento social.

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Mesmo sabedor dessas circunstâncias políticas e consequências sociais negativas – amizades em crise, por exemplo –, ainda não vivenciara concreta e pessoalmente a dimensão da “doença”, até uma recente confraternização que reuniu inúmeros e antigos amigos e companheiros de jornadas pessoais e políticas.

Detalhes. Divergências pontuais e pouco caso de um e outro sindicalista de notória e comprometida militância não incomodariam. Mas o cumprimento protocolar e frio de um parceiro de lutas políticas – sem uma troca de olhares e sem um abraço fraterno, que seriam a natural retribuição ao meu braço estendido, sorriso largo e um alegre “como vai?” –, confesso, foi frustrante e doloroso.

Pior. Fosse um sujeito qualquer e pessoalmente limitado, seria compreensível e perdoável. Mas, em se tratando de um graduado acadêmico, que, inclusive, frequentou minha casa e mesa, atos para muitíssimo além das eventuais conveniências e alianças político-partidárias, o retribuível gesto que não houve ratifica a dimensão da doença social que vivenciamos. 

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Triste e empobrecedor. Aliás, acredito que cada leitor deve ter uma história parecida para contar – de desencontros e divergências agravadas, fosse qual fosse sua simpatia político-partidária, fulanizada ou não. 

De modo que tenho pensado muito em quantas amizades pessoais reais e virtuais, relações fraternas e cordiais, restaram abaladas, desencontradas e que se perderam inutilmente nas discussões e divergências recentes. Com certeza, esse é o nosso maior prejuízo pessoal e coletivo.

Assumindo o risco da injusta incompreensão – ainda que reconhecida a dimensão da dita “doença”, repito, continuarei não economizando críticas relativamente àqueles atos que julgo incompatíveis tocante ao que considero como comportamento e atributos necessários aos bons governantes. 

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Ou seja, ufanismo, messianismo, “coronelismo”, inverdades e (dis)simulações são inaceitáveis e politicamente deseducadores. E corrupção dispensa explicações e justificativas! 

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