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CONTRAPONTO

Pandemia politizada

A politização da pandemia tem atingido níveis surpreendentes e agravado a discórdia social. Não é exclusividade nacional. Em todos os lugares estão exacerbados os ânimos e a precocidade de avaliações e responsabilizações.

Na Europa, especialmente, desde os primeiros dias da crise sanitária, antes mesmo do reconhecimento como uma pandemia, já havia expressivos debates acerca das atitudes das autoridades.

Especialmente, tocante à extensão e à intensidade de inúmeras restrições sociais, ainda que a título de prevenção, todavia acusadas (as autoridades) de práticas de exceção e abuso de poder.

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Ainda em março, o filósofo italiano Giorgio Agamben afirmou que “os homens, acostumados a viver em permanente crise, não percebem que a vida foi reduzida à condição biológica, perdendo suas dimensões social, política e emocional. Uma sociedade em permanente estado de emergência, diz, não pode ser livre”.

Concentrados nas mobilizações e nos festejos de carnaval (esquecemos dos antecedentes?), no Brasil a ação e a reação foram tardias quanto à compreensão da emergência sanitária, pasmem, tornada pública já em novembro do ano passado.

Consequentemente, postergamos todos os possíveis e necessários debates. Fossem filosóficos e políticos, clínicos e farmacológicos, sobre prevenções e restrições. Pior: tudo restou agravado.

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Com a recente insinuação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a narrativa subiu ousadamente o tom e propõe a hipótese da ocorrência de um genocídio.

Alinhados e agrupados os debates, nacionais e internacionais, e mantida e sustentada a hipótese acima, quantos governantes, mundo afora, se enquadrariam igualmente no respectivo argumento e julgamento? Por tabela, exageradamente, deveríamos incluir prefeitos e governadores, e seu complexo aglomeradesaglomera e abre-fecha comercial, na lista dos réus? 

Mais: quantos de nós, cidadãos, seríamos corresponsáveis? Afinal, não exercitamos habitual e historicamente conduta individual e coletiva de imprudência e negligência? Não fizemos sempre, sempre, pouco caso acerca de recomendações gerais de autoridades?

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Todavia, se não há certezas, seja em torno da “curva, da projeção do pico, do pior já passou, do abre e fecha, medicamentos e a segunda onda etc.”, como definir e estimar responsabilidades objetivas sobre ocorrências e óbitos? E se mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia que passa, apresenta menos convicções e mais e mais dúvidas?

Seja no Brasil ou não, há uma única resposta para os fatos, hipóteses e perguntas. E que exige moderação e desideologização: é uma inédita pandemia, sem controle assegurado, e não há medicamento específico para combater o vírus!

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