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Da terra e da gente

Vida sem celular

No mundo dos celulares, que já existem em maior número do que pessoas, encontrar alguém que ainda não os use é, sem dúvida, uma raridade. Pois é o caso deste colunista, que assim pode falar com conhecimento de causa desta situação inusitada para os dias de hoje, mas perfeitamente possível (podem acreditar!). Já os utilizei, mas, na avaliação dos prós e contras, diante de um estilo de vida atual mais despojado, não hesitei em dispensá-los do meu dia a dia, e não me arrependo.

Pelo contrário! Sem o celular, fico livre de muitos incômodos: não recebo ligação de telemarketing a toda hora, a operadora não me torra a paciência a cada momento e com novas propostas que não me interessam, os mais próximos não me cobram a cada minuto quanto falta para chegar no almoço (mesmo sabendo que dificilmente me atraso mais de cinco minutos), não preciso estar todo dia providenciando carga e procurar carregador (aliás, é incrível como inventam tantas e tão céleres novidades tecnológicas e não conseguem oferecer opção de carga mais durável).

Assim, a lista de inconveniências pode ser estendida. É claro que há vantagens e benefícios que, em boa parte das situações particulares vivenciadas, não podem ser menosprezados, oferecem inegável utilidade e precisam ser aproveitados para a competitiva vida e as urgências diárias. É o que cada um precisa avaliar, mas o que devo dizer, diante da própria experiência, é que viver sem ele não me faz falta, mesmo que possa deixar estupefatos os que nem imaginam ficar sem.

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O que noto na minha vida de caminhante, que já abordei neste espaço, é que a dependência ficou exagerada e, mais uma vez me valendo da razoável experiência vivencial acumulada, todo exagero não é saudável. Dia desses ouvi um jovem num pequeno grupo na calçada falar em alto e bom som: “Primeiro quero saber do meu celular, depois o resto”, demonstrando claramente a excessiva ligação com o aparelho que é observada todo dia, de modo especial na rua, onde muitos quase me atropelam porque não conseguem desgrudar os olhos da tela eletrônica.

Assim é no ambiente familiar, em que o aparelho tomou conta de quase todos (só escapam eu e a sogra de 90 anos), e o tempo todo. Falo seguido dos excessos, mas a mensagem não cola, em especial na neta que é toda da geração celular. Procuro fazer a minha parte com alertas que considero oportunos, na esperança de que façam algum efeito. De outro lado, o grupo de casa já se convenceu que não adianta insistir para que eu também use. Já me destinaram descartados (ainda bons), mas dispensei todos após algum tempo e o que posso dizer ao final: sinto-me bem melhor assim, sobretudo mais leve, que (ninguém pode negar) é uma boa sensação. E como faz para falar comigo ao telefone? No velho e bom fixo, pelo qual (o caseiro) paguei caro no passado.

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