No dia 1º de maio, foi comemorado mais um Dia do Trabalho. Desde 1925, por um decreto do então presidente Arthur Bernardes, o Brasil celebra, no dia 1º de maio de cada ano, o Dia do Trabalho ou do Trabalhador. A data, observada por vários países, foi escolhida por um Congresso Socialista, reunido em Paris, para homenagear as lutas sindicais, iniciadas no dia 1º de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos. Manifestações de trabalhadores reivindicavam a redução da jornada de trabalho – de 13 para 8 horas diárias -, de melhores condições de trabalho e melhores salários. Engrossadas com a participação de milhares de pessoas, transformou-se em greve geral que terminou, no dia 4 de maio de 1886, com muitas pessoas mortas e centenas presas, inclusive de líderes do movimento.
O motivo principal de celebração do dia 1º de maio era homenagear os trabalhadores que prestavam serviços para outras pessoas, para empresas, etc., enfim, de pessoas empregadas. Hoje, a proposta é estender-se a homenagem a todos os trabalhadores, o que inclui, evidentemente, grandes empresários, donos de pequenas empresas e propriedades rurais, diretores e gerentes, etc., pessoas que não são empregadas ou , quando o são, exercem funções de comando, mas que trabalham muito, não poucas vezes bem mais que seus colaboradores. Em tempos de crise, como atualmente, as preocupações de empregadores e dirigentes empresariais vão muito além da jornada diária de 8 horas de trabalho.
Neste ano, para começar, o feriado de 1º de maio caiu num domingo… Com exceção dos trabalhadores de supermercados e de alguma outra atividade, que trabalham normalmente aos domingos, os demais, certamente, não sentiram diferença alguma. Foi um domingo, como tantos outros, com alguns eventos especiais, alguns meramente de diversão e outros com motivos políticos.
Em anos passados, no dia 1º de maio, os presidentes da república costumavam anunciar, com grande estardalhaço, o valor do novo salário mínimo, embora não passasse disso mesmo: salário mínimo. Como mudou a metodologia, sendo o salário mínimo já anunciado vários meses antes de sua vigência, a presidente Dilma aproveitou a data para anunciar um reajuste do bolsa família para as pessoas que não trabalham. Mesmo com o parecer contrário de seu ministro da fazenda, Nelson Barboza, o reajuste médio do bolsa-família vai ser de 9%, aumentando ainda mais o rombo das contas públicas do Brasil. Não é estranho isso, no dia do trabalho, comunicar um reajuste para as pessoas que não trabalham? A presidente Dilma, em vias de ser afastada da presidência, está se comportando como aquele moleque idiota que, não podendo mais permanecer na sala de brinquedos, derruba tudo, quebra o que vê pela frente e estraga a brincadeira dos outros.
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Outro fato estranho é que, neste momento de baixa na atividade econômica, já tendo gerado mais de 11 milhões de desempregados no país – um número que, infelizmente, não para de crescer – o que deveria ser motivo de protesto das pessoas sem trabalho, algumas centrais sindicais, como a CUT – Central única dos Trabalhadores que parece que é a maior e possivelmente a mais antiga, aproveitou o Dia do Trabalho para prestar solidariedade a um governo que é o responsável único desse desemprego acelerado que está acontecendo no Brasil. Não é estranho isso? Parece que o que acontece na vida real dos desempregados não é percebidos por alguns sindicatos e suas centrais, partidos de esquerda e até talvez pela Justiça do Trabalho. Na avaliação de Percival Puggina, “ninguém é mais realista do que quem está na pior. Ninguém é mais idealista do que quem se sente seguro. Aquele que bate calçada no olho da rua atrás de vaga, com família para sustentar, está mais interessado no trabalho do que nas férias, no salário do que no horário, no prato do que no sindicato, na hortaliça e no pirão do que na justiça e convenção. Pode doer, mas é verdade. E foi o governo que criou essa situação”.
E o que dizer da queda constante do poder de compra dos brasileiros, provocada pelo ressurgimento da inflação, consequência da má administração econômica e financeira do governo federal, nos últimos anos? Sem falar na baixa produtividade do trabalhador brasileiro que não cresceu praticamente nada nos últimos 21 anos, comparada a outros países. São problemas que afetam diretamente os trabalhadores brasileiros sobre os quais os sindicatos e centrais nada dizem, que dirá protestar.
Os discursos oficiais de 1º de maio, tanto por parte da presidente Dilma quanto de líderes sindicais ainda insistiam na tese batida do “golpe”, quando o impeachment está previsto na Constituição Federal do Brasil e segue o rito descrito pelo STF. Os discursos também lembravam “as conquistas sociais” do PT, nos últimos anos, prova de que não há qualquer respeito pelos fatos atuais nem pela dor de milhões de trabalhadores desempregados e empobrecidos. O assunto foi o impeachment da presidente Dilma que, além de dizer que se trata de um golpe , mas que não ousa denunciá-lo em nenhum órgão internacional sério, vai continuar a “fazer o diabo” para se manter no poder, repetindo o já desacreditado mantra de que“ não vai ter golpe”.
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Então, por ocasião da recente passagem do Dia do Trabalho para, além de, eventualmente, ter participado de festas e manifestações políticas, podemos refletir sobre duas questões: 1ª) como aumentar a produtividade no trabalho, fazendo-se três perguntinhas básicas: I) o que realmente queremos: qual é o propósito de vida e os objetivos maiores; II) por que estamos fazendo isso? III) como estamos realizando a tarefa: é possível fazê-la melhor, de forma mais rápida e eficiente?; e, 2ª) reeducar-se financeiramente: como mudar o comportamento em relação à organização e ao planejamento dos recursos financeiros. Esta estória de que “sobra mês no final do salário” não se resolve só com aumento de salário, mas com uma boa educação financeira. Começar fazendo um diagnóstico financeiro para conhecer sua real situação financeira: onde gasta o dinheiro, o que pode diminuir ou cortar. Depois, definir seus objetivos e quanto eles custam. Aí, começar a poupar para realizá-los.
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