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O Dia Internacional da Mulher

No dia 8 de março de 1875, 129 operárias morreram carbonizadas, dentro de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque, depois de vários dias de greve em protesto contra as desumanas condições de trabalho. A partir daquela  tragédia e  em homenagem às  operárias mortas, em 1975, a ONU oficializou o  8 de março como  o Dia Internacional da Mulher.

Há menos de cem anos, as mulheres não tinham direito ao voto, o acesso ao ensino superior era restrito e inúmeras atividades profissionais vetavam expressamente a sua participação. A partir de um ambiente profissional, marcado por um sistema em que os homens eram maioria no mercado de trabalho, atualmente, há cada vez mais mulheres ocupando funções e cargos de liderança na política; cargos estratégicos nas empresas quando não são elas as  proprietárias ou sócias; participação em inúmeras atividades, algumas consideradas exclusivas de homens, como em esportes radicais. Na avaliação do Presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon, Eduardo Pocetti, “Pela natural delicadeza no trato com as pessoas, há tempos as mulheres já vem se destacando na área de humanas, nos variados ramos de atuação do mercado de trabalho. Agora, elas tem mostrado também o quanto são habilidosas com os números, análises e resultados. E, merecidamente, estão conquistando um espaço cada vez maior no mercado de contabilidade e auditoria”.

Mas, o fato de ser mulher ainda pode significar  salário menor, carreira limitada, impedimento em seleções ou promoções profissionais, além de outras restrições, algumas até inconfessáveis ou em ambientes que pregam a inclusão feminina, como, por exemplo, na política,  sem falar nos assédios morais e sexuais. Mesmo com a recente  experiência da  primeira mulher como presidente do Brasil,   partidos  deixam de cumprir as cotas obrigatórias de participação feminina, alegando o desinteresse das mulheres, o que é um dos motivos para que câmaras de vereadores, assembleias legislativas e o Congresso Nacional estejam longe de ter suas cadeiras ocupadas por, pelo menos, 30% de mulheres, conforme recomenda a ONU.

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Com relação aos salários, no Brasil as mulheres ainda ganham menos que os homens, até quando exercem  os mesmos cargos. Paradoxalmente,  um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apurou que  essa desvantagem é inversamente proporcional: quanto mais as mulheres  estudam, menos ganham, comparadas aos colegas homens, com o mesmo nível de escolaridade.

Falando em dinheiro, não é verdade que as mulheres são “gastadeiras”, no sentido de consumistas por excelência. Uma consultoria americana  observou o comportamento de consumidores em 27 países, inclusive no Brasil, constatando que as mulheres são mais racionais, preparadas e disciplinadas para comprar, limitando-se  à “listinha” e disponibilidade financeira. Já  os homens fazem compras por impulso, principalmente novidades tecnológicas; gastam mais em artigos fora da lista e são desorientados para encontrar o que precisam. Nos orçamentos domésticos, também,  o poder de controle está cada vez mais nas mãos de mulheres, mesmo quando não são elas as principais provedoras do lar. Aliás, é crescente o número de mulheres que sustentam seus lares. Quando uma mulher recebe educação financeira e toma as rédeas das finanças de uma casa, tende a geri-las de forma mais eficiente que o homem. Isso porque evita correr riscos e é mais propensa ao planejamento com base em metas financeiras. A prova disso é que, na DSOP Educação Financeira, por exemplo, as mulheres são maioria entre os participantes de cursos de educação financeira.

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Na área de investimentos, ocupada, predominantemente, pelos homens, tem crescido a participação das mulheres. Não só na tradicional  poupança, mas também, em fundos de investimentos, ações e, mais recentemente, como investidoras ou empreendedoras em startups (início de novos negócios) e criptomoedas.

A  maior conquista de espaços na sociedade implicou, também, maiores fontes de estresse pela sobrecarga de atribuições – jornadas duplas ou até triplas -, pela falta de  dinheiro, pelo endividamento, entre outras. Ocorre, também, uma crescente assimilação de hábitos ou vícios – dependendo de pontos de vista -, considerados, há  pouco tempo,  de homem, como fumar e beber, e o envolvimento  no crime, com drogas e mortes violentas. Além disso, um estudo americano revelou que mulheres que ganham mais podem colocar em risco casamentos estáveis. Ou, de outra forma, um estudo conduzido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo SPC Brasil constatou que mais de um terço das empresárias brasileiras abririam mão do relacionamento caso o marido ou companheiro se tornasse uma barreira para seu sucesso profissional. Outras 40%, precisariam pensar a respeito.

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É fato que muitas mulheres ainda são, literalmente, subjugadas em suas relações afetivas e familiares – até assassinadas, quando resolvem por  fim a relacionamentos doentios ou opressores – e desvalorizadas nos ambientes de trabalho, sociais  e até religiosos. Existem, também, intolerâncias por parte das próprias mulheres a qualquer outra que pense diferente ou que não faça da “questão de gênero”, por exemplo, uma  bandeira. A  filósofa especialista em renascença e mestre em ciências da religião pela PUC-SP, Talyta Carvalho, diz  que, como mulher e intelectual, nunca precisou “lutar” contra seus colegas homens para ser ouvida. Há, também, quem veja no Dia Internacional da Mulher uma invencionice, moderna e artificial, do movimento feminista, e fartamente explorado pelo sistema econômico pois,  além ou junto às conquistas, há também armadilhas, como a tirania da perfeição física, obrigando a mulher a identificar-se com o que vê na mídia. Ou, então, se as mulheres querem a igualdade, não teria lógica esta comemoração. Mas, visto sob o contexto histórico, cabe, sim, a comemoração.

Nesta data especial,  em que se fala tanto nas conquistas das mulheres, contribuiria muito  se, antes ou junto às flores, houvesse cada vez mais oportunidades, em todos os espaços, para a expressão e prática das qualidades femininas –  diálogo, flexibilidade, multitarefa, cooperação, sensibilidade, intuição,  cuidado e outras -, gerando impactos diretos na satisfação e na vontade de trabalhar ou interagir entre todas as pessoas envolvidas. Conciliar as visões masculina e feminina do mundo para que as transformações sejam processadas internamente e externalisadas por ambos os sexos, cabendo aos homens, por exemplo, colaborar muito mais nas tarefas do lar, como o fazem nas nações mais avançadas. O 8 de março pode até ser marcado como um dia de  luta feminina, mas onde homens e mulheres  saem  ganhando. A  escritora Rosana Braga sintetiza isso, quando diz:  “Não falo de uma conquista cujo adversário se chama homem! Não precisamos de adversários, mas de companheiros, aliados, protetores e amigos”.

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Parabéns às mulheres!

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