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Pagar-se primeiro!

Em palestras, workshops ou até em conversas informais sobre finanças pessoais e domésticas, a pergunta que, certamente, permite tantas respostas quantos forem os participantes é: ao receber o salário, o pró-labore, a renda do aluguel do imóvel ou outra receita qualquer, a quem ou o que deve-se pagar primeiro? A maioria, provavelmente, vai responder que é o aluguel, a prestação da casa ou apartamento, a luz, água, escola, mercado, carnês de lojas, financiamento de carro, moto etc., de acordo com o que cada pessoa achar mais importante ou de maior risco para si e sua família. Todas as respostas são aceitáveis, ainda mais que o não pagamento de algum desses itens pode gerar consequências negativas. Ao não pagar a conta de luz, por exemplo, depois de alguns dias e avisos da operadora, a energia elétrica pode ser cortada. O não pagamento da prestação do financiamento do carro ou da moto pode acarretar o recolhimento do veículo. Enfim, é inevitável alguma perda ou sanção decorrente do não pagamento de alguma conta no vencimento.

Voltando à pergunta do item anterior, depois de alguns minutos em que cada participante apresentou e justificou suas prioridades de pagamento, a surpresa maior, beirando quase a incredulidade, aconteceu quando o palestrante sugeriu que o primeiro pagamento deve ser feito a nós mesmos. Como assim, se não sobra dinheiro depois de pagar as contas, perguntam alguns. Muitas vezes, até falta, reclamam outros.
Todos sabemos que deveríamos guardar algum dinheiro para a aposentadoria, para a compra de algum bem de valor maior ou para alguma despesa imprevista. Motivos não faltam. Só que sempre esperamos pelo momento certo: depois de pagarmos as contas, quando conseguirmos um aumento de salário ou um emprego mais bem remunerado, quando as coisas melhorarem… Assim, as pessoas esperam pacientemente por seu próximo salário ou renda e repetem o mesmo processo mensalmente, numa autêntica corrida dos ratos.

A ideia de “pagar-se primeiro” não é muito comum entre nós ou, pelo menos, não é levada muito a sério. Além disso, conhecer um conceito e usá-lo para mudar nossa vida são duas coisas completamente diferentes. É que conduzimos nossas finanças pessoais com base em algumas crenças ou atitudes, aprendidas durante a vida, algumas delas quando ainda crianças:

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1) antes de receber o dinheiro ou constatar o depósito do salário ou outra renda qualquer em nossa conta bancária, já sabemos que vamos usá-lo para pagar as contas do mês. Algumas pessoas chegam a sentir verdadeiros “orgasmos” quando liquidam uma conta. Ignoram que, pela Lei da Atração, o Universo conspira para que tenham novas contas da espécie para, no futuro, poderem repetir novos momentos de felicidade;
2) o condicionamento inicial de nossa vida: para mudar a forma de administrar o dinheiro, hoje, como adultos, é interessante pesquisarmos e compreendermos as mensagens que captamos e internalizamos quando éramos crianças, e que ficaram escondidas em nossa mente, determinando nossas ações e comportamentos atuais; precisamos reconhecer esses padrões e começar a libertar-nos deles;
3) contentar-se com breves momentos de prazer: uma barrinha de chocolate, uma revista de variedades, um cafezinho, uma cervejinha; inconscientemente, partimos do pressuposto de que nunca teremos condições de fazer tudo o que queremos, por isso nos consolamos, “torrando dinheiro” com coisinhas;
4) é chato: o que pode fazer a diferença e que funciona, sendo motivador, inspirador e divertido, é poupar para algo que se quer muito;
5) pressuposto do “tudo ou nada”: apoiado no preconceito de que o valor da economia deve ser significativo desde o começo, descarta-se a possibilidade de poupar uma quantia pequena, mas que, tornada constante e investida em algum produto financeiro, pode transformar-se, no decorrer do tempo, num valor maior.

Pagar-se primeiro pressupõe atender a quatro condições principais: 1º) definir um objetivo e o valor mensal; quem está começando com mais idade precisa “pagar-se com mais pressa”, aportando um valor maior; a DSOP Educação financeira prevê, em sua metodologia, que a pessoa já desconte de seu salário /renda o valor dos sonhos, adotando o padrão de vida com o que sobrar; 2º) saber onde aplicar o dinheiro poupado; 3º) comprometer-se com esse procedimento: mesmo em momentos de apertos financeiros, não recorrer a essas economias como uma boia de salvamento; 4º) torná-lo automático: para eliminar a tentação de gastar o dinheiro ou evitar esquecimentos, autorizar o banco a retirar de sua conta corrente, preferencialmente após o crédito do salário ou de outra renda, e apropriá-lo numa conta de investimento.

Pensar ou falar em poupar dinheiro pode passar uma ideia de obrigação, de privação ou até de sacrifício. Já “pagar-se primeiro” significa que decidimos reservar algum dinheiro primeiramente por nós mesmos, afinal fomos nós que, de alguma forma – com ética e honestidade, diga-se de passagem –, fizemos por merecer e temos direito a esse dinheiro. No dia do recebimento do salário ou de alguma outra receita, antes de sair por aí para pagar aos credores – às vezes, com raiva e ressentimento; outras, com um sentimento temporário de alívio –, é importante parar por um momento e, conscientemente, separar uma parte, por menor que seja, e depositá-la numa conta de investimento. Ou, então, colocar o valor apartado num envelope, devidamente identificado, e guardá-lo em algum lugar seguro, mas onde não possa ser facilmente retirado. É um ritual, sim, mas é através dos rituais – presentes, em todos os tempos, em eventos religiosos, sociais, jurídicos, esportivos, etc – que nós dizemos ao nosso inconsciente que somos capazes de começar um novo hábito financeiro em nossa vida. É um processo trabalhoso que, para algum desavisado, pode parecer ridículo. Somos e temos o que nossa mente inconsciente pensa. Para modificar nossa vida, é imprescindível promover alterações no inconsciente, e um dos recursos para fazer isso é materializar, através de rituais, a imagem idealizada pelo consciente.

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