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Saúde

A arte de cuidar em família

Eles usam jalecos semelhantes, máscaras para proteção, dividem corredores, alegrias e muitas preocupações. São representantes de duas classes complementares que diariamente nos servem de suporte à vida. Os personagens desta matéria, pai e filha, médico e enfermeira, são dois exemplos, entre milhares de profissionais, que compõem as equipes de saúde espalhadas pelo país e o mundo, lutando, todos os dias, por seus pacientes. Os desafios são múltiplos, a tarefa é árdua, a valorização nem sempre chega, mas a vontade de fazer a diferença e contribuir com o próximo é uma certeza.

Figura amplamente conhecida em toda a região Centro-Serra, o sobradinhense Cláudio Humberto Zasso é um dos médicos com longa experiência que permanece em atividade. Afinal, já são quarenta anos de profissão e muitas histórias. Para quem a medicina surgiu de maneira espontânea, esta é vista como “uma profissão humana, filantrópica, gratificante e que muito me realiza até hoje”, pontuou o clínico geral.

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Nesta trajetória de atendimentos de forma pública e privada, em casas de saúde, ambulatórios e em seu consultório, doutor Zasso, como é conhecido, encarou momentos distintos, de chegadas e partidas. Segundo ele, o maior desafio foi conhecer-se como médico. Por outro lado, muitas foram e, continuam sendo, as alegrias. “Participar de tratamentos, curas, alívio da dor, nascimentos e de vidas como um todo”, são motivos que o fazem seguir a caminhada.

Os passos de uma vida de muito trabalho e dedicação à comunidade, foram seguidos de perto. Entre os três filhos de Zasso e a esposa Suzana, a caçula Helena cresceu encarando a área da saúde como um potencial de profissão e inspiração. “Meu pai sempre trabalhou bastante. Lembro dele atendendo o telefone e saindo no meio das refeições, tendo algumas atividades cotidianas interrompidas, pois precisava atender alguém. Porém, nunca tive o sentimento de ‘pai ausente’, muito pelo contrário, inclusive quando eu tinha tarefas do colégio para fazer, ele sempre com muita paciência me explicava tudo. Lembro-me bem dos trabalhos de ciências, onde a explicação dele fazia tudo parecer tão simples. ”

Entre as lembranças da jovem, hoje enfermeira, recorda-se das vezes em que acompanhava o pai até o hospital. “Eu ficava no “postinho” de enfermagem enquanto ele ia fazer as visitas aos pacientes. Uma vez, me pediu que levasse umas bonecas para as crianças que estavam internadas. Ficaram felizes. Acredito, que de certa forma, a dedicação dele com o trabalho foi o que me instigou a experimentar a área da saúde. Na qual fui descobrindo caminhos ao longo do tempo que eu nem imaginava, e que continuo descobrindo e me encantando cada vez mais”, ressaltou.

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Para pai e filha, esta ligação, além de especial, rende troca de experiências. “O fato de ter uma filha na área da saúde é ótimo. Quando alguém mais da família se envolve, compartilha-se as realizações profissionais. Com a participação da Helena criou-se um vínculo profissional muito bom. Trabalhamos juntos e complementamos nossos conhecimentos”, reforçou Zasso. Para Helena, trabalhar com o pai envolve um misto de sentimentos, entre eles, “orgulho, respeito, proteção, e também divergência de opiniões e discussões, nessas últimas a intimidade ajuda a levar a discussão de uma forma mais leve”, acrescentou.

O assunto da atualidade, a pandemia, representa um momento complexo para quem atua na linha de frente, como é o caso de ambos. Questionado sobre esta vivência, o médico disse ser este um tempo desconcertante. “Choque de culturas, choque de opiniões, choque de condutas, desorganização da saúde, falsidades ideológicas e políticas. Aproveitadores, malfeitores, exploração de sentimentos. Verdadeira Torre de Babel!”. Tudo isso, segundo ele, culminando em “impropriedades, miséria, fome, mortes, muitas vidas desperdiçadas”.

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Helena que atua como enfermeira assistencial no Hospital Doutor Homero de Lima Menezes, em Sobradinho e como enfermeira responsável técnica no Samu, em Arroio do Tigre, disse que os sentimentos estão à flor da pele. “Em meio a tantas injustiças que vemos…falta de medicamentos essenciais, oxigênio, leitos…o que mais me comove é olhar no olho de cada colega e ver além do medo e da incerteza, uma força de vontade gigantesca para mudar uma situação em meio ao caos vigente. Vejo os colegas doando todo o seu melhor para salvar vidas”, reforçou.

Conforme Helena, “trabalhar com o cuidado humano no momento da doença e gerenciar esse cuidado como enfermeira é um desafio diário”. Há dez anos ela atua na área e percebe neste um campo muito amplo de possibilidades. “Vejo que a enfermagem hoje, tem um papel fundamental e desafiador na área da saúde, pois num mundo onde cada vez mais os profissionais médicos estão buscando especializações, por exemplo, cardiologia, traumatologia, ginecologia, pediatria, etc., é extremamente importante que a enfermagem continue sendo uma ciência generalista, com profissionais que saibam cuidar do ser humano de maneira holística”, destacou.

Na semana em que se celebra o Dia Mundial da Saúde (7 de abril), pai e filha reforçam a importância dos cuidados que cada pessoa precisa ter com sua própria saúde, mas também protegendo seus familiares e olhando por sua comunidade como um todo. Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) convida a todos para se unirem à nova campanha “Construindo um mundo mais justo e saudável”. A pandemia tem revelado ainda mais desigualdades e a saúde deve ser um direito garantido à toda população.

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Da experiência atípica do último ano, o que deve permanecer pós-pandemia, para pai e filha, é o sentimento de gratidão. “O mundo vai continuar, só a gratidão que vai permanecer! O resto vai sucumbir e será esquecido!, refletiu Zasso. “Talvez não mude muito. Só espero que o olhar das pessoas para a saúde seja prioridade de fato!”, disse Helena. Estas são palavras de quem vivencia no dia a dia o nascimento e a morte, e por vezes, ficam descrentes de mudanças, vendo que muito mais poderia ser feito para evitar situações extremas como a dos últimos meses, a começar pela conscientização individual de cada ser. 

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