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O pêndulo do relógio

Aleluia, aleluia

Chegamos à Páscoa. Cinquenta dias de festejos pela vitória da vida, para quem acredita no Evangelho. “Boa Nova” talvez seja expressão mais atraente. E a ideia central disso tudo é a de que a morte, como ponto final, não existe. O Ressuscitado vence a tenebrosa senhora do alfanje, dando-nos a segurança de que a vida é eterna. De que tocaremos adiante. Para a frente. De que somos criaturas de Deus.

Na missa de Lava-pés, Jesus se despe da dignidade então compreendida como própria dos poderosos deste mundo que têm todo direito legítimo (vão me desculpando a redundância) de receber a melhor maçã do cesto. O Salvador se abaixa e lava os pés de seus discípulos. Somente o serviço ao próximo vence a morte. Caso contrário, viveremos a contemplar com muito rancor as nossas peles enrugadas: a cada tempo da batucada da vida mais distantes da juventude que já era.

Gosto de liturgias sérias. Das diferentes tradições religiosas. Desde o soprar do shoffar (chifre de carneiro) dos israelitas proclamando o Yom Kipur (Dia do Perdão), como uma festa afrorreligiosa e manifestações de fé de grupos indígenas. Em todas elas o Criador da Vida, a Infinita Surpresa, devota uma palavra de particular ternura para quem é vocacionado a ouvir. 

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Marcou-me o respeito místico que D. Timoteo Amoroso Anastácio, falecido abade do Mosteiro de São Bento da Bahia, testemunhou durante a oração de um cacique norte-americano, Sioux, no encontro mundial de religiões, em 1992, no Rio. D. Abade rezava de mãos dadas com o outro ancião. Que denunciara a maldade que faziam com o planeta. Para mim foi uma experiência pascal.  

Páscoa é um período em que o amor fala. E isso aquece a esperança de tantos cidadãos brasileiros massacrados pelo deboche nesses tempos de “viva quem vence”. Em que o Brasil vivencia sua maior crise de valores; muito além do que defendem e determinam o FMI e o G8. Porque os poderosos deste mundo também são treinados no exercício da paciência. O povo estrebucha, fala, bate panelas e continua a assistir às novelas da Globo e ao Big  Brother. E a tecer comentários imbecis nas redes sociais.  

A tevê Globo chegou ao mundo no dia de hoje. Vinte e seis de abril de 1965. Hoje é uma rede poderosíssima. No dia 26 de abril de 1952 surgia a primeira edição da Manchete: revista que entrou para a história – cochicha o Pêndulo do Relógio. 

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Mas no dia 26 de abril de 1500, era rezada a Primeira Missa. Na Bahia. Na presença de nativos. Pelo franciscano D. Henrique Soares de Coimbra, destinado a uma missão na África que não daria certo. Viria a ser bispo de Olival, onde morreu – afirma o mano Pêndulo. A correspondência de Pero Vaz de Caminha imortalizou o acontecimento. Em tempos pascais, minha gente. Fecho os olhos. Imagino. Sinto a delícia da brisa baiana em meu rosto. E ela sussurra.  “Aleluia. Aleluia. Há esperança”!

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