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O Pêndulo do Relógio

Madalena de todos nós

Hoje é dia da emancipação de Encruzilhada do Sul. Do futebol e da caridade: o maior sentimento humano, segundo Paulo, o apóstolo.

Mas, ainda em homenagem a Gilda Rauber, o Pêndulo desta vez gira fora do tempo. Por santa Madalena, cuja festa será no sábado, 22.  A primeira esposa espiritual do Cristo e paradigma da vida consagrada cristã.

Depois de Maria, é a figura feminina mais popular da Bíblia. Roteiros de filmes giram em torno da morena apaixonada pelo Filho de Deus, que lhe retirara sete demônios. Para muitos, esses maus espíritos, do qual se libertou, são as paixões humanas. Tentativa e tentação geralmente andam de braços dados, minha gente.

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Tropeçar todos tropeçam.  Mas somente os seguidores da Boa Nova – a exemplo de Maria de Magdala, a Madalena – dão a volta por cima e se renovam. Esse é o segredo de ser discípulo do Salvador de todos nós, mortais, sem exceção. Santa Madalena se tornou uma mulher rendida de amor pelo Cristo; modelo de vida evangélica. Mais do que isso, apóstola e testemunha primaz da ressurreição. Não é à toa que foi para a bela judia que o Senhor apareceu pela primeira vez. E a essa significativa mulher – um tanto quanto desprezada pelos demais apóstolos – foi dada a tarefa de anunciar as alvíssaras. “Ele verdadeiramente ressuscitou”… Aleluia!

Até bem pouco tempo, a celebração da Madalena era apenas “memória” para a liturgia. Graças a Deus, agora é festa. Para lá de merecido. O tempo sempre se encarrega de colocar os pingos nos “is”. Mesmo que a ampulheta trabalhe em compasso de paciência. 

Entrei para a vida monástica em um 22 de julho. Ano seguinte, no dia de Madalena – 22 de julho – foi minha Vestição: a tomada do hábito religioso. Que a gente veste por dentro para que nos transfigure por fora. Em pessoas novas. Mulheres revestidas de amor, compaixão, alegria, longanimidade. Livres e libertas pelo Espírito que sopra onde quer. Que sabem acolher o diferente, mas não desigual. Para quem vocação é um mistério inefável.

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Ao colocar pela primeira vez o véu – de postulante – permaneci fiel. Fui até o fim em minha consagração como seguidora de Madalena.  Atenta aos mandamentos e apelos do Sagrado. Uma vez, em Salvador – tão distante dessa Santana de Parnaíba onde agora escrevo – fiquei fascinada ao ver a quantidade de meretrizes na missa, na Igreja de São Pedro, no centro da capital da Bahia. A memória sussurrou que essas pobres filhas de Deus tomaram santa Madalena como padroeira. E os pobres são fiéis à promessa.

Sorri, entre lágrimas conflituosas, filhas do preconceito idêntico ao daqueles que se sentem dignos de interpretar a vontade divina, ao lembrar-me das duras palavras de Jesus. “Em verdade vos digo. Os publicanos e as prostitutas vos precederão no Reino de Deus”(Mt 21,31)…

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