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As sessões da Câmara

A modernidade chegou. Vemos o debate dos legisladores pela TV, que gira em torno dos interesses da nossa cidade e do interior.

Assistimos aos vícios do falido sistema político, em pequena escala, nas Câmaras de Vereadores de qualquer cidade do Brasil. O Executivo precisa de uma maioria para aprovar as leis que lá tramitam. Para compô-la, acontecem os arranjos entre as partes interessadas, dando um emprego para um parente próximo do vereador ou beneficiando sua comunidade com alguma obra importante que fortaleça sua candidatura para a próxima eleição.

Outro dia, deparei-me com uma discussão que acontecia no plenário da Câmara. Uma vereadora, que defende os direitos dos animais, nova na lida política, apresentou um projeto que acarretava em multas rigorosas às pessoas que os maltratassem, variando entre R$ 1 mil e R$ 4 mil. Sustentou seu projeto sobre um fato real que aconteceu na cidade. Um desalmado motorista matou um coitado de um cachorrinho que atravessava a rua. Passou por cima do pobre bichinho indefeso. Morreu na hora. Os veículos de comunicação deram um grande destaque ao inusitado acidente, que aconteceu de forma propositada, segundo o relato de pessoas que assistiram ao ato maldoso.

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Os vereadores mais experientes, que há anos se reelegem, deram sua opinião abalizada sobre o projeto, que transcrevo resumidamente:

– Exma. vereadora, compreendo sua preocupação com os animais. Lá em casa eu também tenho cães de estimação. Temos condições financeiras de cuidá-los muito bem. Quando adoecem, levamos ao veterinário. Até voto a favor do teu projeto. Só que será vetado pelo prefeito. É inconstitucional. A multa deve ser em UPM e não em reais, finalizou o decano vereador da casa.

– Os pobres das vilas não têm condições financeiras para cuidar dos seus animais e que se criam nas ruas. Alimentam-se mal e adquirem muitas doenças. Na verdade, são maltratados. Quem vai fiscalizar e no caso de condenação, quem dará a sentença de quanto será sua multa, perguntou outro veterano da casa legislativa?

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Todos os vereadores tiveram a oportunidade de se manifestar na tribuna e a maioria usava aquele tom professoral, querendo auxiliar a vereadora de primeiro mandato a encaminhar seu projeto de forma constitucional para que fosse sancionado pelo prefeito. Notei que estavam em dúvida quanto ao projeto, porém não a queriam contrariar.

O último e experiente colega que ocupou a tribuna deu um conselho muito oportuno. Falou com maestria, dado o impasse que persistia de como os cachorros seriam identificados e soubéssemos a quem pertencia:

– Cara vereadora: sugiro que todos os cachorrinhos das vilas sejam identificados com um “chip” implantado nas suas orelhinhas e…

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Perdi a paciência. Mudei de canal.  

(Escrevi essa crônica faz tempo).

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