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Como o Gabinete de Emergências toma as decisões em Santa Cruz

Foto: Rafaelly Machado

Portas fechadas no comércio santa-cruzense fazem parte das decisões do gabinete de emergência

Criado há 20 dias em Santa Cruz do Sul, o Gabinete de Emergências do município vem permitindo a discussão e tomada de decisões voltadas à contenção do novo coronavírus, de forma integrada com diversos setores da sociedade e economia santa-cruzense, desde o dia 17 de março. O grupo é formado por representantes de entidades e órgãos de saúde (veja lista abaixo), buscando a pluralidade na tomada de decisões, como o novo decreto publicado nesse domingo, 5, que possibilita a retomada das atividades da construção civil, com restrições, e outros serviços.

A presidente da OAB de Santa Cruz, Rosemari Hoffmeister, é uma das integrantes do grupo de emergência. Ela afirma que os membros da equipe se envolvem 24 horas por dia com as questões relacionadas ao novo coronavírus. Rosrmari informou, em entrevista à Rádio Gazeta na manhã desta segunda-feira, 6, que o grupo troca informações e dados técnicos por meio de um grupo nas plataformas digitais, além de realizarem reuniões periódicas.

“Nossas reuniões são online, então estamos cumprindo aquilo que pregamos e acreditamos. Essas reuniões acontecem no mínimo uma vez por dia, independente do dia da semana. Se há necessidade, temos duas, três, quatro… quantas [reuniões] forem necessárias para tomar essas decisões. E é importante frisar: sempre [trabalhamos] observando a questão econômica. Temos a preocupação com os impactos na economia, os danos. Estamos trabalhando com o menor dano possível”, explicou.

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Segundo Rosemari, o grupo busca aprender com os erros e acertos de outras medidas, aplicadas no mundo todo, e adaptá-las à região. “Tomamos as decisões a partir de dados técnicos, baseados nos médicos infectologistas, e diretamente pelos órgãos de saúde, a nível de mundo e Brasil. Nenhuma decisão é tomada aleatoriamente. A gente tem esse olhar do contexto todo. Posso dizer com tranquilidade que temos vivenciado isso 24 horas por dia”, afirmou. “Mas estamos vivendo um dia de cada vez.”

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A presidente da OAB ainda informou que, em um mundo ideal, seria possível testar toda a população para o novo coronavírus, a fim de identificar quem foi infectado ou não. “Uma certeza é de que, de uma forma ou outra, todos nós vamos entrar em contato com o vírus. Essas medidas buscam retardar o pico coletivo, porque temos que entender que as comorbidades que tornam as pessoas mais sensíveis no contato com esse vírus existem independentemente da idade e são muitas. Todos nós conhecemos ou temos nas nossas famílias diabéticos, hipertensos, alguém que tenha uma sensibilidade maior na questão pulmonar.”

Dúvidas sobre o decreto

Desde a publicação do novo decreto, que estabeleceu novas regras de funcionamento e atividades em Santa Cruz do Sul, nesse domingo, 5, diversas dúvidas pairaram sobre os santa-cruzenses e chegaram à Gazeta Grupo de Comunicações. Uma delas trata sobre a liberação do trabalho nas indústrias e as medidas de segurança que deverão ser tomadas.

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Conforme Rosemari, o que pesou na decisão do grupo de liberar as indústrias foi a produção. “Temos que ter o entendimento dos bens que a gente precisa, até porque não sabemos o que vem pela frente ainda”, disse. Segundo ela, regras rígidas foram estabelecidas e são fiscalizadas. “Santa Cruz do Sul está dando exemplo de fiscalização.”

Entre as medidas, além da limpeza e higienização constante de itens, superfícies e ambientes, as indústrias ainda terão que verificar a temperatura dos funcionários diariamente, antes do expediente, e dispensar aqueles que apresentarem febre e/ou sintomas gripais. Além disso, foram retirados das escalas de trabalho os empregados que estão nos grupos de risco, as indústrias que tiverem mais de 2 mil funcionários deverão ter equipe mínima de saúde, com médicos e enfermeiros, e ainda deverão ser respeitadas as proporções de capacidade.

Leitores e ouvintes também questionaram sobre a permissão para salões de beleza e barbearias funcionarem, enquanto oficinas mecânicas deveriam ficar fechadas. A presidente da OAB detalhou, no entanto, que ambos os ramos podem atender, desde que respeitem as regras estabelecidas. “As oficinas mecânicas estão permitidas, com agendamento e atendimento de portas fechadas. Assim como os salões. O que precisamos evitar são as aglomerações. Onde há porta aberta, a gente sabe que se formam aglomerações”, explicou.

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Ainda sobre os salões, foi questionado o funcionamento dos mesmos enquanto personal trainers não podem atuar. “Entendemos que o personal acaba tendo um contato muito próximo. Então, nas situações em que houver necessidade, se educador físico provar que as atividades são realizadas em função médica, está sendo analisada a permissão”, disse Rosemari. “Salões de beleza e barbearias tem regras de higienização, regras muito precisas”, ressaltou.

Take away e construção civil

A modalidade de vendas take away segue polêmica em Santa Cruz do Sul. Os que defendem a prática afirmam que ela está permitida no decreto estadual, enquanto o municipal segue proibindo. Segundo a presidente da OAB, o problema em questão é o entendimento do termo “take away”. Ela afirma que, em declaração sobre o decreto estadual, o governador Eduardo Leite também proibiu o ingresso dos clientes no estabelecimento (o que seria, portanto, o take away).

No entendimento do governo estadual, o termo estaria relacionado a buscar o produto encomendado de carro, sem entrar no estabelecimento comercial – o que, em Santa Cruz, é permitido, mas chamado de drive-thru. Rosemari explica, portanto, que o atendimento no caixa e ingresso na loja ou restaurante é proibido, e que os decretos acabam tratando apenas por nomes diferentes a mesma definição.

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Já a construção civil é outro ponto polêmico do novo decreto. Isso porque foi permitido o trabalho de até cinco pessoas por obra em Santa Cruz do Sul, o que gerou questionamentos sobre as grandes empreitadas, que necessitariam de um número maior de pessoas para que as obras avancem. Segundo a presidente da OAB em Santa Cruz, apesar de entender a situação, a decisão é esta. Ela afirma que as escalas terão que ser organizadas dentro de turnos de revezamento.

“A gente entende essa questão da preocupação e ansiedade de todos voltarem às atividades normais, mas não estamos vivendo um período normal. Todos nós gostaríamos de estar na normalidade, mas não é possível. Ninguém está trabalhando com achismos”, finalizou Rosemari Hoffmeister.

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Colaborou o jornalista Ronaldo Falkenback.

Membros do Gabinete:
– Secretário municipal de Saúde, Régis de Oliveira Júnior;
– Secretário municipal de Administração e Transparência, Eduardo Wisniewski;
– Procuradora-geral do Município, Tricia Schaidhauer;
– Comandante do 7º BIB, Fernando Barcellos da Rosa;
– Reitora da Unisc, Carmen Lúcia de Lima Helfer;
– Promotora do Ministério Público, Nádia Baron Ricachenevsky;
– Comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Giovane Paim Moresco;
– Coordenadora da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, Mariluci Reis;
– Presidente da Ordem de Advogados do Brasil (OAB), Rosemari Hofmeister;
– Presidente da Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp), Léo Schwingel;
– Diretora Operacional do Hospital Ana Nery, Sandra Weiler;
– Médico infectologista do Hospital Santa Cruz, Marcelo Carneiro;
– Diretora do Hospital Monte Alverne, Rosângela Wehner Renz;
– Médico do 7º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB), tenente Wesley Silva de Oliveira;
– Médica da BM, capitão Marília Ertel Vitola;
– Presidente do Conselho Municipal de Saúde, Salete Faber;
– Diretora de Inovação e Pesquisa da Unisc, Andreia Valim;
– Supervisora médica da Atenção Básica do município, Clauceane Venzke Zell;
– Coordenadora da Vigilância Sanitária, Lizete Plotzki;
– Responsável pela Vigilância Epidemiológica, Luciane Weiss Kist;
– Técnicos da Secretaria Municipal de Saúde;
– Técnicos da Vigilância Epidemiológica da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde.

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