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Educação

Ano letivo é novo, mas escolas da região sofrem com problemas antigos

Ano letivo novo, problemas velhos. Com praticamente um mês de aula, os alunos da rede estadual já vivenciaram situações que podem indicar mais um ano tumultuado: paralisação, falta de professores, obras inacabadas e estrutura física precária são alguns dos desafios encontrados nas 103 escolas estaduais do Vale do Rio Pardo que integram a área da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE).

A falta de 36 professores prejudica os estudantes de pelo menos 26 educandários de Santa Cruz do Sul, Candelária, Rio Pardo, Venâncio Aires, Encruzilhada do Sul, Passo do Sobrado e Vale Verde. Conforme o coordenador da 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, o problema ocorre porque, só da metade do ano passado para cá, houve mais de 200 aposentadorias e licenças-prêmio na região, além de exonerações e licenças-saúde e maternidade.

A autonomia das escolas no gerenciamento da matriz curricular também atrapalha na distribuição do pessoal. Muitos colégios elaboraram currículos específicos e, depois disso, acabaram sem professores para atender as demandas, em razão das aposentadorias ou por outras causas de afastamento. “As áreas mais atingidas são as ciências humanas e depois as ciências da natureza”, revela Moura.

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Ele garante, porém, que nomeações estão ocorrendo para suprir a carência de docentes. Uma parte já foi chamada, e as demais contratações ocorrerão nos próximos dias. “Já nomeamos professores de História e Geografia”, exemplifica. O coordenador da 6ª CRE avalia que o problema na região não é alarmante. “Nos 18 municípios da nossa área faltaram 36 professores. Há coordenadorias no Estado onde faltaram mais de cem.”

Atraso em reforma deixa escola fechada

Com parte das salas de aula interditadas desde 2012, quando a quadra de esportes desabou, a comunidade escolar da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Professor Penedo, de Candelária, aguardava ansiosa por uma reforma no prédio. A notícia da execução dos reparos chegou na última quinzena do ano passado. Na primeira semana de janeiro, as obras começaram a todo vapor. Tudo seria consertado: telhado, piso, esquadrias, rede elétrica, pintura interna e externa, drenagem do pátio e aberturas. Ao retornar, os alunos encontrariam praticamente uma escola nova.

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Mas as preocupações já começaram com o prazo inicial proposto pela empresa responsável pela reforma: 180 dias – ou seja, a obra seria entregue em 6 de junho. A data logo assustou a diretora do colégio, Magda Koepp. Ao conversar com o engenheiro responsável, ele garantiu deixar ao menos oito salas de aula prontas até o início do ano letivo – 22 de fevereiro –, o que seria suficiente para acomodar todas as turmas entre o 1º e o 9º anos. “Eles prometeram, mas dava para ver que não seria possível”, relatou. Então, a diretora procurou a 6ª CRE na tentativa de adiar o começo das aulas para o dia 6 de março, o que foi autorizado.

Porém, a data prevista para o início das aulas chegou e a situação da obra na escola continuava a mesma. Em uma reunião entre os responsáveis pela empresa, a 6ª CRE e a direção da escola, a empreiteira sinalizou que pelo menos mais dois meses seriam necessários até a entrega das oito salas. Para não deixar os 296 alunos da Professor Penedo sem aulas até maio, a solução encontrada foi utilizar sete salas ociosas da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Gastão Bragatti Lepage.

A situação, porém, está gerando transtornos para pais, alunos e professores, já que as duas escolas ficam distantes uma da outra – são cerca de 40 minutos de caminhada. O Círculo de Pais e Mestres (CPM) do Penedo tentou facilitar, contratando um ônibus para levar as crianças de um ponto a outro, mas o transporte gerou um custo diário de R$ 400,00. Na última quarta-feira, a 6ª CRE conseguiu um ônibus, que será dirigido por um motorista cedido pela Prefeitura de Candelária.

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Mesmo parecendo que a solução para esse ano letivo tenha sido encontrada, há preocupação por parte da direção com a recuperação dos dias letivos já perdidos. “Se as aulas tivessem começado no dia 6 de março, o calendário iria prever o encerramento no dia 20 de dezembro. Agora, com o início das aulas no dia 15, ainda não conseguimos refazer o calendário”, explicou.

No Mânica, solução provisória vai se tornando definitiva

Há quase cinco anos, professores, funcionários e alunos têm se virado como podem na Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) José Mânica, de Santa Cruz do Sul. Depois que o prédio cedeu em 2012, salas modulares, que comportam no máximo 20 estudantes, passaram a abrigar mais da metade dos alunos. No que sobrou da antiga estrutura, secretaria e diretoria foram improvisadas com paredes de PVC.

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A luta pela construção de um novo prédio começou assim que o velho ruiu. No entanto, diversas promessas foram feitas, mas nada saiu do papel. Conforme a diretora Daiane Lopes, o último retorno que tiveram dava conta de que era necessário um projeto arquitetônico, para que fosse possível obter recursos federais mediante emendas. “Estava completamente fora do orçamento do Estado”, salientou. O projeto foi feito, mas o governo estadual não autorizou a busca por recursos.

Atualmente, há 560 alunos. Destes, 350 ocupam as salas modulares, divididos em dois turnos. Porém, o que se apresentou como solução já está se tornando um problema. Em uma das salas, em dias de chuva, os alunos não podem ter aula por causa das fortes goteiras. Além disso, algumas paredes já apresentam rachaduras, que foram remediadas nas férias para que o ano letivo pudesse começar.

Atendendo os bairros Progresso, Esmeralda, Carlota e Vila Nova, o Mânica sofre com a redução de estudantes. De mil matriculados em 2012, hoje restou pouco mais da metade. Assim, a escola também tem redução na verba repassada pelo Estado. Outro agravante é o espaço reduzido. Para ter um laboratório de informática, foi preciso diminuir a biblioteca e, mesmo assim, ainda falta um laboratório de ciências.

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Para Daiane, essas dificuldades impõem o desafio de manter os alunos motivados, com orgulho da escola. “Estamos sempre trabalhando a autoestima deles, para que entendam a escola como um lugar interessante, com possibilidade de debate e desenvolvimento”, apontou.

O que diz a CRE

Em uma reunião com o secretário de Educação, Luís Antônio Alcoba de Freitas, o coordenador da 6ª CRE Luiz Moura definiu como prioridade a construção do prédio do Mânica. Em um primeiro momento, as tratativas dão conta de um estudo de solo, mas não há prazo para obras. Já para a Escola Penedo, Moura divulgou um novo prazo para a conclusão da reforma: 1º de maio. Segundo ele, um acordo com a empreiteira definiu a data.

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