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Santa Cruz

Vida Real: O diário de Neninha

Ao ser avisada de que haveria gente no portão, Neninha pede que a neta, Yasmin, verifique quem  é. “É o tio do jornal, vó.” Sentada na poltrona, que é onde consegue se sentir mais confortável, Neninha recebe as visitas com bom humor e logo se desculpa pela simplicidade dos cômodos. Lá fora, ainda latindo, a Bia pequenina e peluda demora para se aquietar. Lá dentro, em um espaço que contempla sala e cozinha mais uma cortina para separar o quarto, a senhora de 49 anos começa a contar sobre sua aflição que perdura há mais de dez anos. Seu nome de batismo é Teresinha Loreci Alves, mais conhecida por Neninha.

Certo dia, preocupada com seu aumento de peso, Neninha resolveu procurar ajuda médica. E encontrou em uma doutora, de nome Andréia, não só palavras de conforto, mas os encaminhamentos de que precisava. “A doutora se apavorou com o meu caso e colocou no papel que eu teria que fazer urgente uma cirurgia de redução de estômago”, recorda. Enquanto não é chamada para avaliar se o procedimento é possível, toma uma medicação diária para reduzir o apetite. O tratamento custa R$ 40,00 mensais e nem sempre ela tem condições de comprar. 

Outra necessidade de Neninha é ter à disposição uma esteira e uma bicicleta ergométrica para fazer exercícios. “Já tentei de tudo, até chá de batata-doce, mas acho que o melhor ainda é a atividade física”, diz. Para sobreviver, no período de no máximo meia hora em que consegue ficar em pé, faz sacolé com sabores de melancia, nata e chocolate para vender. Até os 30 anos, Neninha sempre trabalhou como safreira. Agora, devido a suas limitações causadas pela obesidade, não consegue trabalhar. “Minha mãe morreu cedo, com pouco mais de 40 anos, e também tinha o mesmo problema que eu. Não quero que aconteça comigo o que aconteceu com ela”, desabafa.

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Sonho de voltar a dançar

O dia a dia de Neninha é todo registrado em um caderninho, uma espécie de diário. Quando pequena, teve aulas com a irmã mais velha e foi com ela que aprendeu a ler e escrever. “Minha irmã me ensinou o alfabeto copiando letras de lata de azeite e de saquinhos de feijão”, relembra. Hoje, tudo o que acontece no cotidiano ela transforma em textos. 

No caderno de mais de 50 páginas, Neninha escreve sobre os bons e maus momentos em sua vida. “Tem dia que tô triste e escrevo. Mas tem dias que me acontecem coisas boas também.” Se para escrever Neninha mostra autonomia e independência, para fazer coisas triviais, como se vestir e tomar banho, depende do auxílio dos netos. “Não consigo colocar uma meia no pé ou colocar a roupa sozinha, eu dependo da ajuda deles pra quase tudo.” Antes de chegar aos atuais 115 quilos, uma das atividades que mais gostava de fazer era dançar. “Sempre gostei de samba, e as músicas do Martinho da Vila são minhas preferidas”, comenta. Neninha é moradora do Bairro Progresso, de Santa Cruz do Sul. Para quem puder ajudá-la, o telefone de contato é (51) 9708 4445.

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