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ELENOR SCHNEIDER

Enfileirando os leões

Muitas vezes, não é o trabalho que nos cansa, mas a forma como organizamos as tarefas a cumprir. A desorganização é convite a um desnecessário desgaste, cansa mais e gera insatisfação no resultado final. Grande parte de nossa vida é destinada ao trabalho, que, por isso, nos deve ser prazeroso, leve, e jamais um ônus a suportar em nosso cotidiano por anos a fio.

Fui professor por longo tempo e raras vezes me queixei de ter que trabalhar em feriados, finais de semana, noites adentro. Quando optei pela profissão, já conhecia essa realidade, principalmente me espelhando nos melhores profissionais. Certo dia, um médico me disse: vocês professores e nós médicos nunca podemos chavear o escritório no final da sexta-feira e voltar na segunda. Atualmente, muito mais profissionais se enquadram nessa síntese e devem ter consciência da realidade que vão enfrentar. Se for um peso, talvez seja tempo de repensar.

Supermercados, algumas décadas atrás, não abriam aos domingos. As pessoas resolviam suas questões até o final da tarde de sábado e era isso. Hoje, abrem aos domingos e muitos trabalhadores se envolvem no atendimento. Perguntei a uma moça que atendia no caixa se isso não a incomodava. Respondeu dizendo-se feliz por ter emprego, por poder trabalhar.

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Quando, à exaustão, as pessoas me questionavam se estava com muito trabalho, sempre replicava: “Sim, felizmente. É melhor ter muito do que nada!”. E, perante as tantas tarefas a cumprir, criei a teoria de enfileirar os leões. Quem trabalhou comigo ou foi meu aluno, diversas vezes ouviu isso. Eu propunha que, se houvesse vinte leões a enfrentar, o recomendável seria postá-los enfileirados e, assim, encarando um por um, o êxito se tornaria provavelmente assegurado. Se ficassem desordenados, viriam de todos os lados e o fracasso seria inevitável.

Desde sempre isso me é uma regra. Pego uma folha, anoto o que tenho a fazer, ponho isso em ordem de prioridade ou praticidade e vou cumprindo as tarefas. Enfileiro os leões. Ao lavar louça, por exemplo, não convém misturar indiscriminadamente copos de cristal com as panelas de ferro da galinhada ou os espetos do churrasco. Não consegui confirmar se é mesmo de Franklin Roosevelt a frase, no entanto para mim sempre significou muito: “Se me derem oito horas para cortar uma árvore, passarei seis afiando o machado.”

Essa questão de organização é bastante pessoal. Muitos já devem ter entrado em alguma oficina não conseguindo entender “como aquele homem se acha no meio dessa bagunça”. Mas ele navega sereno nessas águas turvas, sabe onde encontrar qualquer parafuso, qualquer chave de fenda, ou seja lá o que for. Já outros mantêm uma ordem irretocável, tudo é limpo, etiquetado, inteiramente organizado, nada está em lugar incerto e não sabido.

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Início de um novo ciclo sempre é bom tempo para ordenar nossos propósitos, estabelecer nossos mais relevantes objetivos. Mesmo sendo ideal para alguns, andar sem saber para onde ir pode levar a um doído vazio, o que ninguém merece. Que cada um o faça à sua maneira, mas enfileire os seus leões!

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