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Automobilismo

Lucas carrega o sonho da F-Indy na mala

Um jovem santa-cruzense viaja para os Estados Unidos neste domingo com um objetivo audacioso na bagagem. Aos 17 anos, o piloto Lucas Bell Kohl parte para o maior desafio da sua ainda recente carreira no automobilismo. Nesta temporada, ele participará da USF2000, o primeiro de três degraus para quem almeja chegar à Fórmula Indy. Em terras brasileiras, ele foi campeão gaúcho de Fórmula Júnior, em 2014, com oito vitórias em dez provas. Em 2015, ficou em terceiro lugar no Gaúcho de Endurance, mesmo tendo ficado duas etapas de fora.

Apesar de novato em pistas estrangeiras, Lucas não está para brincadeira. Após passar por testes nas três melhores equipes da USF2000 no ano passado, ele assinou contrato com a John Cummiskey Racing. Mesmo competindo a maior parte da temporada com apenas um carro, a JCR terminou a última temporada com o terceiro lugar no campeonato de construtores. A primeira prova do santa-cruzense nos EUA já tem data e local marcados: 12 de março, no circuito de rua de São Petersburgo, na Flórida.

Sobretudo, Lucas não sonha sozinho. Além do suporte da nova equipe, ele recebe o apoio da família. Em Santa Cruz do Sul, o piloto terá a torcida da mãe e do irmão de 9 anos. E em especial do pai, o empresário Hardy Kohl, com quem o jovem, inclusive, chegou a dividir as pistas de kart. Em 2015, eles correram com o mesmo carro no Gaúcho de Endurance. Visivelmente orgulhoso, Hardy considera que a ideia não era somente partir para as pistas norte-americanas, mas encontrar um lugar onde o filho pudesse ser competitivo. “Foi uma tarefa bastante árdua, que levou meses. Não são os pilotos que escolhem essas equipes, mas elas que escolhem os pilotos. Ele é o único novato nas três melhores”, frisa. 

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Lucas Kohl concluiu o ensino médio no Colégio Mauá no ano passado e já havia passado para o curso de Administração de Empresas da Universidade de Santa Cruz do Sul. A mudança para os EUA não deve comprometer os estudos do jovem, que já procura uma instituição nas proximidades de Miami, onde ficará sediado. Sexta-feira, ainda em Santa Cruz, o piloto conversou com a reportagem da Gazeta do Sul e a entrevista você confere logo aí abaixo.

Entrevista

Lucas Kohl, piloto santa-cruzense que disputará o USF2000

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Gazeta do Sul – Como você começou no automobilismo?
Lucas Kohl – Tudo iniciou por causa do meu pai. Ele fez um curso de piloto e eu acompanhei o primeiro ano dele. Em 2009, com 10 anos, fiz minha primeira corrida.

GS – O sonho era do seu pai. Quando você se apaixonou pelas pistas?
Lucas – No início, eu achava muito legal e queria correr todo o final de semana. A partir de 2014, tornou-se uma realidade para mim e começou a cair a ficha de que eu poderia tentar disso a minha vida.

GS – Correu somente em competições no Estado ou chegou a participar de outras?
Lucas – Comecei competindo por aqui. Em 2014, fui campeão júnior e, no ano passado, mesmo com problemas, ficamos em terceiro lugar no Gaúcho de Endurance. Mas, em 2015, também comecei a sair do Estado para correr de kart. Fiz dois campeonatos em São Paulo.

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GS – Como surgiu a oportunidade de fazer os testes fora?
Lucas – Em 2014, conheci o Roberto Moreno (ex-piloto e atualmente orientador e empresário de novos pilotos). Foi quando comecei o trabalho com ele. A gente estava procurando algo para fazer em 2016. Ano passado, eu tinha que acabar o colégio e a gente resolveu fazer uma base forte no carro. O Roberto conhecia bastante gente lá nos Estados Unidos e chegamos à conclusão de que a USF2000 seria a melhor categoria para alcançar meu objetivo. 

GS –  Que objetivo é esse?
Lucas – Chegar à Fórmula Indy.

GS – Como é ser um principiante na equipe que terminou o campeonato do ano passado na terceira posição?
Lucas – Tive que me adaptar rápido à pista no dia do teste. A gente não tinha muito tempo. Recebi ajuda do Roberto Moreno e me encaixei muito bem com a equipe, com o engenheiro. A gente conversou e o resultado foi bom. Consegui agradar e eles também me agradaram bastante. Acho que isso vai fazer a gente ter sucesso. Tem tudo para ser um ótimo ano e a gente vai trabalhar duro para que isso aconteça.

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GS – Você vai receber algum tipo de pagamento?
Lucas – Não posso receber salários porque não tenho visto de trabalho (nos Estados Unidos). Mas vamos buscar patrocinadores para pagar as despesas.

GS – Viaja sozinho ou vai com alguém da família?
Lucas – Meu pai vai e fica comigo uma semana, para resolver algumas coisas. Temos que ver onde vou morar, a faculdade, e depois fico sozinho. Mas o Roberto Moreno, que faz um trabalho de coach comigo, vai me dar todo o apoio.

GS – Considera que a sua escalada foi rápida?
Lucas – Estive apenas um ano na Fórmula Júnior, em 2014. Em 2015, corri no Endurance. Então acho que foi rápido, sim.

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GS – Como você espera que seja o processo de adaptação nos Estados Unidos?
Lucas – Da melhor maneira possível. Com simulador, telemetria, com a ajuda do Roberto Moreno, que conhece a maioria das pistas por ter andado na Indy. Sei que vai ser muito difícil, terei um trabalho duro pela frente, mas é possível. O principal é pegar confiança no carro.

GS – Você já disse que o objetivo é a Indy. Como se dá esse processo?
Lucas – São três degraus. Este é o primeiro, depois vem a Pro-Mazda e por último a Indy Lights. Conforme você vai ganhando os campeonatos, recebe uma bolsa para correr na categoria seguinte, cobrindo o valor do ano. Além disso, tem várias premiações em dinheiro por vitória nas corridas.

GS – Projeta um prazo para chegar na Indy?
Lucas – Depende muito do nosso ano. Não temos ainda uma ideia sobre as outras equipes, não conhecemos os outros pilotos. Seria muito bom ficar só um ano em cada categoria, mas é difícil. Não conheço as pistas, não sei direito como funciona o sistema lá e isso pode demorar um pouco. Mas espero que não.

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