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Os livros físicos correm o risco de deixar de existir?

O livro é um objeto quase tão antigo quanto a civilização, e os primeiros exemplares registrados remontam há quase 6 mil anos na Suméria. Sua evolução acompanhou a linguagem humana através dos séculos. Porém, neste momento em que a comunicação se torna quase exclusivamente digital, muitos leitores se veem ameaçados pelas novas tecnologias. Fato é que o livro físico no Brasil ainda tem um preço elevado, mesmo que seu valor tenha se reduzido em quase 40% nos últimos cinco anos. Mas deve ser levado em consideração um grande número de fatores, como o direito autoral, valores destinados à editora, impostos, custos de impressão, transporte e distribuição.

Encomendada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) à Fundação Instituto de Pesquisa Econômica, a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro 2015 faz um retrato do mercado editorial e do consumo de livros em 2014. Entre os dados levantados, surpreende a informação de que a leitura digital conta com apenas 0,3% das vendas no País.

O livro digital é vantajoso pela praticidade. Um único celular, iPad ou Kindle pode contar com milhares de títulos. Uma das razões para as baixas vendas são os altos preços no Brasil, ainda muito próximos dos exemplares físicos.
Os índices de leitura e vendas de obras no País crescem lentamente, mas é evidente um interesse maior dos brasileiros pela literatura. A preocupação é genuína: será que algum dia o livro físico vai deixar de existir?

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Os últimos 15 anos viram a decadência dos CDs, substituídos pela reprodução e compra de músicas pelo meio digital, e a grande redução da compra e aluguel de filmes devido aos serviços de streaming online. O livro digital não é muito diferente. Apesar de contar com alguns gastos similares ao do livro físico, é bem mais barato e conta com a praticidade de ser lido em qualquer lugar.

A engenheira agrônoma Brescia Terra cultivou o hábito da leitura durante toda a vida. Mas, após o nascimento de sua filha, não conseguia encontrar tempo para ler e só conseguiu redescobrir esse prazer ao comprar um iPad. “Acho o livro digital mais prático, porque não consigo sair para comprar livros. Vejo muitas vantagens em comprar digital sem sair de casa.”

“Qualquer previsão é incerta”

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O jornalista Romar Beling, da Editora Gazeta, discorda: “Prefiro o livro físico e sei que sempre preferirei. Quem tem livro digital, na verdade, não tem ele. Para ter, teria que imprimi-lo, o que dá no mesmo em relação ao impresso. Num único computador se poderia ter uma biblioteca de centenas de milhares de títulos, mas eles são engodo, são ilusão, mera imagem. Estragou o computador, se foi a biblioteca. Mais vale um livro na mão do que milhares que não são da gente.” Sobre o fim dos livros, Romar é categórico: qualquer previsão de futuro é incerta, mas mesmo que eles terminem, ele já se cercou de exemplares suficientes para garantir suas leituras por duas vidas.

Independente das modernidades e vantagens que o livro digital possa demonstrar, a obra física tem seus charmes. “Acho que o impresso pode reduzir, mas não acabar. Ele tem um valor emocional. Existe algo especial em entrar em uma biblioteca ou presentear com livros”, observa a agrônoma Brescia Terra. E, mesmo sendo uma entusiasta da tecnologia, ela vê desvantagens. Uma delas é que a obra digital não pode ser emprestada. “Meus pais tinham uma biblioteca, gostavam muito de ler. Eu penso muito, o que vou deixar para a minha filha? O livro digital não é uma coisa concreta.” Acrescenta que muitos acabam comprando os exemplares físicos dos títulos que gostam.

“É inegável que o impresso é o que de mais revolucionário temos. Não se precisa de mais nada: só o livro na mão e a paciência e o silêncio para lê-lo. Penso até que quando anunciam o fim do livro estão querendo, no fim, sugerir isso: que as pessoas hoje estão sem paciência para cumprirem o seu papel de se educar e se qualificar”, salienta Romar Beling.

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Então aos leitores de plantão, não temam, o livro não vai morrer.  Não sabemos o que o futuro dos livros trará, mas o importante é que jamais se deixe de cultivar o hábito da leitura, nutrindo o conhecimento que a humanidade acumulou durante centenas de milhares de anos nas páginas, sejam elas manuscritas, impressas ou digitais.

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