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Coronavírus

Dias de quarentena: no olho do furacão

Alessandra Steffens Bartz
Psicóloga
[email protected]

Sabemos que a vida navega entre mares calmos, por hora agitados ou mais turbulentos. O momento atual tem sido de ondas altas, mar revolto. O barco da vida perdeu o controle e o rumo. Está encoberto por uma grande nuvem de incerteza. Não sabemos como vai ser o amanhã, os danos que poderemos sofrer ou até mesmo quando o furacão vai passar. Nossas vidas, de um momento a outro, ficaram atreladas ao medo do desconhecido, à insegurança da incerteza, ou à histeria coletiva.

Momentos difíceis são ansiogênicos por si só. E quando se vislumbra risco de vida, da própria vida ou dos que amamos, o pavor aparece. Contudo, vale lembrar que o medo é fator protetivo quando motiva a nos protegermos. O medo excessivo, no entanto, leva a atitudes exageradas, como estocar álcool gel, rechear a despensa, sair na busca desenfreada por medicamentos divulgados como possíveis curadores da Covid-19. Não é momento de correr. É momento de parar, silenciar, refletir.

A pandemia mundial nos convida a olhar ao redor, muito além do nosso mundo antes protegido. Somos parte de um todo. Percebemos agora que estamos muito mais conectados do que antes imaginávamos. O espírito coletivo precisa se fortalecer. Me cuidar é também cuidar do outro. O foco é abrir o olhar, enxergar mais longe. Olhar para dentro de si. Em vez de focar no medo e na insegurança, podemos direcionar o olhar para o nosso comportamento, decisões, anseios. Também cabe perguntar como está nosso senso de humanidade. Dar espaço ao medo permite que ele se multiplique. Cultivar valores como a paz, a fraternidade, a igualdade, o respeito e a união pode nos fazer amadurecer como seres humanos.

Por isso, fique recluso, mas não carregue consigo temores excessivos. Seja grato por tantas coisas boas que já passaram em sua vida. Veja quantas pessoas estão se voluntariando, empresas doando, coisas boas e belas fluindo em meio ao furacão. Busque o que lhe faz bem. Boas leituras, bons filmes, músicas. Cante, brinque com os filhos, dance com a esposa, reveja fotos dos álbuns de família. Seu lar é o seu bem mais precioso. Seja grato e envie afeto para sua rede de contatos.

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Não é fácil ficar isolado. Somos seres sociais, sedentos por contato humano. E não estamos de férias. Não pense em se reunir com amigos e família extensa. Fique em sua casa. É interessante perceber que ultimamente andávamos tão afastados, plugados nas redes sociais. E agora a vida, com suas reviravoltas, nos coloca reclusos, podendo contatar a maior parte das pessoas apenas por meios tecnológicos. Será ironia? Antes, quando estávamos mais livres para ir e vir, nos pegávamos sentados lado a lado, conversando com outro alguém por WhatsApp. Precisamos rever muitas coisas… Vamos parar e refletir sobre nossa vida em sociedade.

E um dia o furacão vai passar. Quanto mais nos cuidarmos, antes chegaremos a águas calmas novamente. Por isso, fortaleça sua fé e otimismo. Cultive sua saúde mental, o equilíbrio. E vamos repartir o álcool gel, pois de nada adianta eu ter um estoque e minha vizinhança ficar sem. Deixemos as máscaras para os adoentados. Quantas coisas guardamos para quando precisar, e esse dia pode nem chegar. Lave as mãos com cuidado, lave a alma. Lembre com carinho de todos os profissionais que estão na linha de frente, cuidando dos infectados.

Manter a calma vai favorecer sua saúde. Se não conseguir, procure ajuda profissional. Os psicólogos também estão na linha de frente, cuidando da população e dos outros profissionais da saúde. Consultas online estão liberadas para que a Psicologia se engaje com a necessidade desta fase. Não hesite se estiver depressivo, com crises de ansiedade ou pânico, com ideias de morte. Furacões podem afetar estruturas emocionais frágeis, com predisposição ao desespero e angústia exagerada. Busque ajuda!

E vamos viver um dia de cada vez. A vida segue. Precisamos erguer a cabeça e enfrentar o que estiver por vir. Reunir nossa força e coragem para crer no futuro com otimismo. Cuide de si. Cuidemos de todos. Um dia tudo terá sido mais uma história de muita aprendizagem para contar.

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