O lateral esquerdo Fabrício foi o principal personagem na vitória do Internacional sobre o Ypiranga nesta quarta-feira, 1º, no Beira-Rio. No segundo tempo, aos 18 minutos, o jogador teve um surto e desistiu de uma jogada ao ouvir vaias de torcedores. Ele discutiu e fez gestos obscenos, o que gerou uma expulsão. Na saída, Fabrício tirou a camisa e atirou no gramado. Antes de ingressar no vestiário, o camisa 6 ofendeu outros torcedores e gritou que deixaria o clube. O jogador saiu do Estádio Beira-Rio na sequência, com escolta de seguranças.

Sobre o acontecimento, o presidente Vitorio Piffero anunciou que o atleta está afastado até segunda-feira, 6. O dirigente teve reunião com o técnico Diego Aguirre e comissão técnica após a partida. Para evitar maior repercussão, todas as entrevistas de jogadores na zona mista foram canceladas. Os atletas deixaram o estádio por saída alternativa. 

“A camiseta do Inter é um manto sagrado. Faltou respeito do Fabrício com o clube. Na segunda-feira após a Páscoa, vou resolver o que faremos. Não depende só dele ou do Inter. Volto a dizer, isso não depende dele. Não depende só dele. Depende também do Inter. Até lá, Fabrício está suspenso. Foi uma atitude lamentável, vamos analisar com muito cuidado. O nosso departamento jurídico vai nos dizer o que é possível fazer. Ninguém é insubstituível e o Fabrício feriu muita gente com o que fez”, disse.

O técnico Diego Aguirre preferiu dar apenas uma declaração sobre o gesto de Fabrício e que este não é um fato isolado no futebol. Para ele, o sentimento é de tristeza. “Eu vou falar somente uma vez sobre o tema Fabrício, não quero falar somente sobre isso. Logicamente foi uma coisa triste e feia, uma coisa que não pode acontecer. Mas também não é a primeira vez que acontece uma coisa assim, vocês que conhecem a história do futebol sabem. Ele é um bom jogador, um cara bastante sensível às críticas. Não justifico nada, não é uma desculpa para o que aconteceu”, comentou o uruguaio.

Para Ernando, Fabrício se estourou porque é contestado há muito tempo, mas, desta vez, passou dos limites. O zagueiro ainda lembra a pressão de ter de substituir Kleber, lateral campeão da Libertadores de 2010. “Jogador convive com críticas. É preciso saber conviver. Ele é experiente. Ele está no clube há muito tempo. Já ajudou muito, conquistou títulos. Há cobrança em cima dele. O Kleber (ex-lateral que o antecedera) era um ídolo. O Fabrício estava de cabeça quente e exagerou. Tenho certeza de que está arrependido e vai pedir desculpas”, disse Ernando.

Juan também não gostou de ver a atitude de Fabrício. Um dos líderes do vestiário colorado, o zagueiro tentou contê-lo ainda no gramado. Após o jogo, recordou que o jogador já teve outros episódios intempestivos, mas também é peça fundamental no grupo de Diego Aguirre. “Fabrício é muito emotivo. A gente lembra contra o Palmeiras, outas ocasiões no ano passado. É uma coisa que ele tem que se controlar, tem que aprender. Foi uma coisa de impulso. Tenho certeza que a torcida vai entender. É um jogador que está sempre se doando, sempre se entregando, a gente está na Libertadores muito por causa dele. Ele tem que pensar direitinho, esfriar a cabeça e pedir desculpas porque errou. Fabrício ninguém segura ele. É um cara totalmente extrovertido, brincalhão, mas quando sai de si, fica nervoso. O Abel, que era um pai pra ele, não conseguiu segurar. Nós não conseguimos. Como eu falei, agora é conversar, não é vergonha para ninguém admitir o erro e pedir desculpas. Não é coisa para se fazer nem com torcida adversária, quem dirá com a sua própria torcida. Isso já aconteceu várias vezes. Não temos que fazer grande coisa por causa disso. Ele errou”, avaliou Juan.