Passado o período de registro das candidaturas proporcionais e majoritárias – para vereador e prefeito – parabenizo a todos que tiveram coragem de colocar o nome à disposição. Coragem, neste caso, está mais para loucura do que para ousadia. Vejamos alguns motivos que fundamentam meu raciocínio.
Jamais houve tanto preconceito diante da atividade política. O maciço conjunto de notícias negativas ligadas ao tema espanta qualquer ser humano. Aqui vai o mea culpa de alguém que é comunicador há quase 40 anos: a impressão é de que, em tempo algum e em qualquer lugar, um político fez algo construtivo para a população.
Comento com colegas jornalistas que essa postura é um desserviço porque constrange as “pessoas de bem” que um dia pensassem em exercer um cargo eletivo. A vida política não é o mar de rosas que muitos comentaristas preconizam, pródigo em benesses, mordomias e benefícios. A dedicação muitas vezes sacrifica família, negócios e amigos.
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“Só é candidato quem quer”, contrapõem os críticos sistemáticos. Mas aí cabe a pergunta: se todos pensassem assim, não teríamos representantes. Logo, a democracia, valor maior de qualquer sociedade, estaria seriamente ameaçada.
A busca do cargo eletivo começa pela missão de escolher um partido com credibilidade e razoável possibilidade de eleição. Somente na Câmara dos Deputados há 27 partidos representados. Feita a opção, o desafio é angariar recursos para viabilizar a campanha. O arremedo de reforma eleitoral levou as campanhas de um extremo ao outro. Antes tudo podia, hoje, quase nada em termos de divulgação, produção de material e difusão de conteúdos.
No caso dos prefeitos, o êxito nas urnas remete a quatro anos de trabalho com a espada da fiscalização cada vez mais rigorosa sobre a cabeça. Todo cidadão exige controle eficientes das contas públicas, mas há uma tênue diferença entre dolo e pequenos equívocos administrativos.
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Inúmeras biografias são destruídas pela divulgação precipitada (e bombástica) promovida por alguns agentes fiscalizadores. O prejuízo se materializa quando os desvios não são confirmados. São inúmeros os episódios de prefeitos inocentados em última instância, mas cuja divulgação não alcançou a mesma ênfase das acusações iniciais.
Por tudo isso, reitero meus sinceros parabéns aos corajosos candidatos que disputam a eleição de outubro. Sem vocês, valores muito caros para viabilizar a liberdade do País estariam seriamente comprometidos.
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