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Ideias e bate-papo

Profilaxia do amor

“Em uma sociedade regida pelo imediatismo e pela pressa, se sentimos dor de cabeça, tomamos um remédio em vez de analisar o que está causando a dor. Se as crianças estão inquietas na escola, damos uma pílula para que voltem a se concentrar. Se os jovens estão angustiados, recorrem aos tablets e celulares para desviar os pensamentos ruins. O que está acontecendo com a nossa capacidade de parar, pensar e refletir sobre a nossa vida e a de nossos filhos?” A manifestação foi proferida pelo psicólogo e psicanalista Joseph Knobel Freud e publicada no fim de semana em um jornal de Porto Alegre. Ele é sobrinho-neto de Sigmund Freud e se tornou especialista no tratamento de crianças e adolescentes.

A entrevista vale cada linha para ser absorvida com vagar. Entre as pérolas, o fundador da Escola de Clínica Psicanalítica com Crianças e Adolescentes de Barcelona afirma que um dos principais desafios na criação dos filhos é reaprender a se comunicar com as crianças e saber impor limites. Nada mais verdadeiro.

Outra afirmação diz respeito à velocidade da vida, o que ele chama de fast society, onde tudo é rápido. Lembra que jamais tivemos acesso a tanta informação, mas adverte que sequer temos tempo para processar, compreender e analisar o conteúdo. “Ninguém mais pensa em nada. Temos muita informação, mas não nos damos tempo para refletir sobre elas, para parar e pensar”, acrescenta.

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Joseph Knobel Freud comenta uma cena cada vez mais corriqueira. Ao chegar no restaurante com a família, os pais dão o telefone para a criança “se acalmar”, enquanto esperam a comida. “Ou seja, não há comunicação entre pais e filhos, mas sim entre filhos e a tecnologia. Eu proponho que se brinque com a criança, e não que ela brinque com o telefone”, dispara o especialista.

A falta de comprometimento dos pais estimula a distância com os filhos. Ser presente na vida escolar da gurizada não é fácil. Exige dedicação, tempo e gera estresse, e muitos conflitos. Conhecer seus amigos, ter informações sobre os lugares frequentados pelos filhos e acompanhar – mesmo que à distância – as redes sociais deles requer obstinação fundamental para não ser surpreendido.

A vida apressada, de correria constante e de relações superficiais, é campo fértil para gerar distanciamento, descompromisso, além de estimular desculpas que vão da falta de tempo à pretensa intenção de “não se meter na vida dos filhos”.  Acompanhar a vida daqueles que mais amamos é evitar surpresas desagradáveis. O amor é, sem qualquer dúvida, a melhor profilaxia.

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