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ideias e bate-papo

Desafios

Aos 17 anos deixei Arroio do Meio, no Vale do Taquari – à época tinha cerca de 8 mil habitantes –, para tentar a sorte em Porto Alegre. Fui acolhido numa “república” de conterrâneos que moravam há anos na metrópole que assustou a este gurizinho em busca de um lugar no mercado de trabalho do jornalismo.    

A adaptação foi penosa. No fim da noite, cansado da rotina composta de emprego e faculdade em São Leopoldo, chorava de saudades de casa. Mas tinha o cuidado de cobrir o rosto com um travesseiro para não ser ouvido e sofrer chacota dos colegas.

Éramos oito jovens que dividam dois quartos equipados com beliches de madeira. Havia uma escala para lavar louça e limpar o banheiro sob a liderança do amigo Vicente Petry, o mais experiente do grupo.

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A rotina organizada me ensinou a importância de arrumar a cama, lavar e passar roupa, manter tudo certo para acordar com o dia ainda escuro e me vestir para chegar a tempo no trabalho.  E tudo isso sem perturbar os parceiros, hábito que mantenho até hoje em casa.

Depois de alguns anos mudei-me para Santa Cruz do Sul, ainda cursando faculdade. Isso me obrigava a viajar pelo menos três vezes por semana até São Leopoldo. Morava numa pensão de madeira com apenas um banheiro, localizado no fim do corredor, onde os chuveiros raramente tinham água quente, mesmo no inverno.

Munido de um diploma profissional retornei a Porto Alegre, onde casei, tive filhos, fixei residência e fiz a minha vida profissional. Desculpem a breve biografia, mas o objetivo é mostrar que as agruras servem para forjar convicções e princípios que servirão de bússola ao longo da vida.

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Costumo relatar aos meus filhos a convicção que norteou meu projeto de forjar a minha vida profissional numa cidade de oportunidades, mas com forte concorrência e muita disputa. Querer é princípio para alcançar.

Atualmente os princípios que lastreiam a criação dos filhos são muito diferentes da trajetória que milhões de jovens como eu suportaram. O básico deveria ter com base respeito às pessoas, disciplina e determinação. O êxito não é imediato porque tudo é forjado na resistência ao apelo fácil e sempre presente do desânimo.                
                                         
O império do consumismo, da cultura do descartável, da ostentação a todo custo, da afronta a todo tipo de ordem estabelecida e o descaso com os direitos alheios transformaram a educação dos filhos numa luta árdua. Com uma pitada de exagero digo que  sinto pena de pais que têm filhos pequenos.

Filhos são o maior tesouro possível de almejar. Uma riqueza cada vez mais difícil de preservar, encaminhar e orientar para uma vida digna. Mas é um sacrifício que vale cada dia de dedicação.

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