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Ideias e bate-papo

Estou fora de moda

Sedentário assumido, cheguei à conclusão de que todo mundo é fitness. Parece que houve uma adesão generalizada à prática de exercícios físicos. Recentemente o fenômeno foi registrado pelo cronista e escritor Fabrício Carpinejar com sua tradicional sagacidade.

A sensação é de que todos os ambientes foram invadidos por gente de abrigo ou bermuda elástica, tênis vistosos (e caros), uma garrafinha d’água “balaqueira”, bonés da moda, óculos fashion, sem falar da parafernália para ouvir música, falar e interagir nas redes sociais através do celular.

Nos últimos lugares que frequentei, só não vi gente com roupa esportiva na recente formatura do meu filho. De resto, no supermercado, em consultórios médios ou odontológicos, em palestras, órgãos públicos e até em igrejas é possível ver os atletas. Um amigo jura que viu uma mulher de abrigo Nike no confessionário.

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Diante desta realidade se impõe perguntar: será que todos realmente são atletas ou apenas estão surfando na moda? Ver uma pessoa calçando tênis e vestindo calção/ short provoca dois sentimentos: inveja e culpa pela vida errática, regada a churrasco e cerveja. É o meu modelito!

Durante mais de um ano fiz exercício físicos duas vezes por semana, à noite, na companhia da minha filha, orientado pelo personal trainer Anderson Mucillo de Souza, com aulas em uma praça. Não gosto do ambiente das academias com aquela gritaria de alunos e professores, com música alta, sem falar do suor em profusão e da ostentação de “recordes” e sequências fantásticas de exercícios e desfile de moda fitness.

A época dos exercícios noturnos foi um período muito bom para o corpo e cabeça e para a interação com a minha filha. Numa noite de junho, com 6 graus, a praça estava envolta em bruma. O personal, expert em motivação, lascou:

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– Parabéns! Fazer ginástica com este frio é para os fortes! Isso me encheu de motivação, mas uma tendinite interrompeu a rotina saudável que procuro retomar com as aulas, mas – verdade seja dita – a preguiça dos dias quentes é fatal. Com o final do verão, prometo retomar os exercícios. À beira dos 60 anos, as dores no corpo ao despertar revelam carência crônica de uma atividade controlada por um especialista.

Entre setembro e janeiro trabalhei em casa. Jurei fazer três caminhadas por semana. O início foi promissor, mas me rendi à rotina do sofá, do ar-condicionado e da preguiça onipresente.

Se a moda fitness continuar, serei obrigado a me enquadrar. A consciência anda tão pesada quanto a minha barriga. É uma sensação desagradável. A solução só depende de mim. Ou seja, sequer tenho como terceirizar essa culpa

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