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Direto da redação

O Brasil indivisível

A situação é recorrente, assim como as análises que se fazem dela. Volta e meia, muito em momentos de crise, retorna o debate sobre a divisão do Brasil, com a criação de países menores que supostamente, segundo creem seus idealizadores, teriam maior potencial de serem prósperos e organizados. Como estamos passando por um momento de baixa na economia e na política, não espanta o plebiscito não oficial realizado pelo movimento O Sul é o Meu País no último dia 7, em que se consultou a população sobre a formação de um país reunindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Os argumentos dos que integram tal movimento parecem muito lógicos na justificativa de suas intenções, mas será que são corretos do ponto de vista econômico, especialmente?

Habilmente, os idealizadores da separação destacam como ponto principal a diferença entre o montante de recursos gerados em impostos pelos três estados comparativamente ao que retorna em investimentos por parte do governo federal. Pelo que apresentam, R$ 600 bilhões é o que os sulistas enviaram em tributos nos últimos anos, recebendo de volta apenas R$ 120 bilhões. São cifras que, se precisas, falam por si mesmas. 

O problema é que tal raciocínio conta apenas parte da história. Não expõe, por exemplo, que os estados do Sul e Sudeste, por concentrarem a maioria das indústrias, recebem volumosas transferências de recursos das demais regiões brasileiras, que são consumidoras dos seus produtos. Ou seja, contrariamente ao mito, o dinheiro vem para cá e não vai. São os estados menos industrializados que pagam os impostos que, sabemos, estão embutidos nos preços. A transferência governamental de que tanto reclamam os separatistas na verdade apenas busca corrigir uma característica histórica de nossa formação, que é a concentração do poder econômico em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e nos estados bem ao Sul. 

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Outro aspecto digno de nota é o quanto uma divisão como a proposta impactaria negativamente na economia do novo país. Hoje, as indústrias gaúchas, por exemplo, se beneficiam vendendo seus produtos para um mercado consumidor de 200 milhões de habitantes, que acessam como empresas nacionais. Se passassem a integrar uma nova nação, venderiam a seu vizinho Brasil como estrangeiras, portanto concorrendo diretamente com fabricantes de todo o mundo. Não é preciso pensar muito para concluir que seus preços subiriam, porque pagariam mais impostos, o que não seria um bom negócio. 

Por acaso, também a nossa Constituição deixa expresso que o Brasil é um país indivisível. Cheio de problemas, é verdade, mas penso que o mais correto é trabalharmos todos para resolvê-los no lugar de ter ideias mirabolantes com potencial apenas de criar dificuldades novas.

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