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Direto da redação

O Selton e o errado

Curioso como, às vezes, grandes projetos na área cultural se concretizam iniciados de uma forma absolutamente casual. Quer um exemplo? 

Este longa-metragem aí que todo mundo anda propagandeando, O Filme da Minha Vida, do Selton Mello, baseado em um livro do escritor chileno Antonio Skármeta, só existe e está nas telas de cinema de todo o Brasil por que Santa Cruz do Sul existe e porque o Skármeta, um dia, foi convidado para ser o patrono da nossa Feira do Livro. E aceitou. E se apaixonou pela cidade. 

Só não consigo entender porque o filme que aqui encontrou sua fertilização, ainda, aqui, não entrou em cartaz. Mas isto já é uma outra história…

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Lembro perfeitamente do dia em que o Romar (o Beling), meu colega aqui da casa, editor na Editora Gazeta, que construiu sólida amizade com Skármeta no período em que ele passou por aqui, me chamou em sua sala para ajudá-lo a atender um pedido do escritor. Ele queria a sugestão do nome de um diretor de cinema brasileiro para trabalhar na adaptação de um de seus livros, o Um pai de cinema. Um pai de cinema que, no cinema, virou O Filme da Minha Vida.

Na noite anterior eu havia assistido, pela segunda vez, O Palhaço, filme muito bem realizado, sensível e divertido, feito de forma simples mas com muito carinho e cuidado, pelo Selton, que até então a gente só conhecia como ator. E, de pronto, falei para o Romar: “Indica o Selton Mello.” Minha sugestão compactuava, segundo o meu colega, com a de um outro camarada nosso, o Rudinei Kopp, responsável pelas mais belas capas de livros da editora. Fechou todas! 

Naquele momento, em nenhum segundo passou pela minha cabeça, o alto grau de responsabilidade e comprometimento daquela conversa. Romar se empenhou ao máximo para que tudo acontecesse. Articulou os contatos e construiu a ponte perfeita entre o escritor e o diretor. Selton e Skármeta inclusive se encontraram aqui. Mas só no Vale dos Vinhedos lucraram o cenário perfeito e o perfeito apoio do poder público e de  empresários daquela região para que o filme acontecesse.

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E tudo isto porque Santa Cruz do Sul existe, a Feira do Livro existe, o Romar existe, o Rudinei existe, o acaso existe, eu existo… E sabe o que eu ganho com isto? Nada, absolutamente nada, a não ser o prazer de, em algum dia, sentar no chão da sala com os meus netos, exibir o filme para eles, bater no peito, tossir, e dizer: “Viu, a ‘culpa’ é do vovô!” 

Agora, imaginem vocês se naquele dia em que o Selton e o Skármeta aqui se encontraram, uma luz tivesse iluminado o cérebro de alguém com o poder de fazer as coisas acontecerem. Alguém do alto escalão executivo, um empresário visionário e bem esclarecido, enfim. Santa Cruz estaria dando um importante passo rumo as suas pretensões turísticas. Lá na Serra – aqui, pertinho, no Vale dos Vinhedos –, neguinho nem pisca quando é para colocar a sua cidade na vitrine.

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