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O lado Pessoal 

Drury’s, o luthier sem fronteiras

Se você é músico e ainda não visitou a luthieria do Drury’s, você ainda não descobriu o quão mais divertida pode ser a sua vida de… músico. Pois a do luthier é. E ele, que vive com a gata Verônica e a cachorra Úrsula numa casa transformada em uma oficina que conserta instrumentos musicais, situada no fundo de um terreno na pacata Rua São Gabriel, número 297, não deixa ninguém ficar deprê ao seu redor. O luthier é puro alto astral e energia. E uma energia cheia de graça! Logo na entrada, na calçada, tem uma moeda de R$ 1,00 colada na lajota, no sentido literal, que você se curva para juntar e…

A casa parece ter sido tirada de um conto do Lewis Carroll, o autor de Alice no País das Maravilhas. A luthieria do Drury’s é um país das maravilhas pois que lá você encontra o mundo: um antigo trem elétrico em perfeito funcionamento, contrabaixos e guitarras de tudo o que é tipo, equipamentos de som dos mais variados, discos de vinil das bandas de rock “das antigas” e até um macaco para trocar pneu de carro dentro de uma gaiola, com uma mensagem escrita em uma placa pendurada na portinha: “Não dê comida ao macaco.” 

O Drury’s é uma figura! É assim que os amigos o referenciam. Como bom alegretense, tem a manha do acolhimento, sabe tratar bem as visitas, com um bom café quente ou uma aguinha bem gelada. Eu o conheço desde guri, da velha Cachoeira, onde foi meu vizinho e fazia parte da turma do meu irmão do meio, o Marcelo, junto com o Mancha, que é o cara que melhor imita o Robert Plant que eu conheço (e que só não ganhou o mundo porque é de Cachoeira e é Cachoeira que nos ganha). “Bah, Maurão, tu sempre foi uma inspiração pra gente.” É que lá em casa só rolava rock. E num esquema bem radical: era só rock, mesmo! E o gênero acabava se apegando à gurizada por osmose.

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Hoje muito me orgulho disso, afinal, Claudenir Martins Pedroso, o Drury’s, 46 anos, é o “papa dos luthiers”. Vem gente de longe em busca de seus serviços. Ele atende todos, paciente, e com a competência que lhe é peculiar. “Tem dias que isto aqui está uma loucura”, conta ele, abrindo os braços e apontando para os lados. É de fato uma loucura, mas uma loucura organizada, onde até a disposição dos instrumentos musicais cumpre uma função. Por exemplo:  os que estão deitados no chão, dentro de seus cases, são prioridade. 

E quando por um ou outro motivo o pessoal não pode vir até ele, é ele quem vai até o pessoal, seguindo o rumo do seu próprio coração alegretense. O Drury’s finalizou a reforma de um velho ônibus Mercedes Benz, do Expresso Gaúcho, o carro 22, ano 1973, que fazia a linha Santa Cruz/Porto Alegre e que ele comprou de um músico da banda Som Livre. Foram oito meses de trabalho duro. O Mercedão virou uma luthieria sobre rodas e é com ele que meu querido amigo percorre o interior, indo nas escolas, onde tem – e tem muitos! – instrumentos musicais por arrumar. É um trabalho social, voluntário. E ele não cobra absolutamente nada, pois o que mais quer é que tenha mais gente tocando. E bem. Pelo amor de nossos ouvidos. n

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