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Direto da redação

Andando por todos os cantos

Saudade de fazer as malas e sofrer para economizar na bagagem. Às vezes dá saudade de aeroporto. Ai que saudade de fazer check in, de esperar pelo voo ou de imaginar, enquanto aguardo o embarque, os encantos que me esperam no próximo destino. Pode ser por esse brasilzão lindo ou mesmo lá fora. Qualquer viagem lava a alma, e toda espera sugere expectativa. Quando ouço “tripulantes, preparar para decolagem”, chega a dar um arrepio. Eita frase gostosa de se ouvir. 

O avião sobe, o ouvido fecha e toda aquela projeção de meses começa a se concretizar. É só olhar pela janela e sentir. Vai dizer que o mundo lá de cima não fica bonitão? Eu adoro! Ainda mais se for à tardinha ou ao amanhecer. Que visual! Na chegada, quase nem me importo de esperar a mala na esteira (mas é claro que é melhor nem despachar). Sou mesmo uma boba. Ou só feliz demais por ter me viciado nessa história. Qual será o próximo destino? O orçamento não me permite ir para muito longe desta vez. Tinha pensado em Ouro Preto. Ou Montevideo? Mas também tem Paraty, Salvador, João Pessoa… 

Resolvi abordar esse assunto, pois na semana passada li uma obra que muito me agradou. “Mas você vai sozinha? Histórias de uma mulher viajando o mundo”, da jornalista Gaia Passareli, relata as viagens que a escritora fez por este mundão afora. E solita. Sim, uma mulher, com seus medos, mas não por isso menos empoderada, colocou na bagagem um bocado de determinação e foi, aos pouquinhos, tomando gosto pela coisa. Entre os destinos desbravados estão as lavanderias a céu aberto na Índia, o ritual de San Pedro, na Colômbia, e as trilhas cinzas no friozão congelante da Escócia. Tem ainda os encantos das cosmopolitas Nova York e Londres. Os encontros de vida, a gastronomia, as pousadas carismáticas e até uma casa de árvore também fazem parte deste livro que você devora em uma tarde. 

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Sem filtros, ela aborda as aventuras e os aprendizados de 17 jornadas feitas a trabalho e lazer. É claro que nem tudo são flores. Quem já viajou sozinha (o) sabe dos perrengues que se passa. E é justamente por isso que a publicação não trata a viagem como a única experiência capaz de fazer encontrar o nosso próprio eu. Muito menos a romantiza. Gaia deixa bem claro que muito mais do que os carimbos no passaporte, o encontro de um grande amor ou a resposta para todos os problemas que aqui ficaram, o que define o viajante é o que ele tem para contar. 

Ao ler cada relato, pensei em como sinto orgulho desse empoderamento feminino. Você está a fim e vai lá e faz. Não depende do amigo, da família, do namorado. E como é bom se bastar. Você começa a gostar da sua companhia, mas também aprende a valorizar ainda mais as parcerias quando estão ao seu lado. Afinal, alegria compartilhada é alegria redobrada, né? Novos Baianos, que aliás tocam em Porto Alegre em junho, conseguem traduzir esse gostinho de apenas ir: “Jogando meu corpo no mundo. Andando por todos os cantos e pela lei natural dos encontros…”

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