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Direto da Redação

Mundo pequeno

Meses atrás, durante uma viagem a Nova Iorque, me vi em uma situação curiosa. Estava no bairro chinês, bicando uns imãs de geladeira, enquanto o atendente da loja, de traços indianos, aguardava eu decidir. Quando falei algo em português com minha noiva, percebi que ele compreendia. Natural, pensei, já que turista do Brasil é o que não falta por lá. Mas ao invés de perguntar de onde éramos, o jovem, para meu absoluto espanto, disparou: “Por acaso vocês são de Passo Fundo?”

Resumo da ópera: o indiano, antes de se tornar funcionário de banca de quinquilharia em Chinatown, havia morado em Passo Fundo. Ah, e já tinha passado por Santa Cruz. Não há lei da probabilidade que previsse.

Ou há? Certa vez li sobre uma tal Teoria dos Seis Graus de Separação. É uma tese segundo a qual todos os seres humanos estão interligados por no máximo seis contatos. Quer dizer, eu conheço uma pessoa, que conhece outra, que conhece outra…e assim chegaríamos a qualquer habitante do planeta – e olha que são mais de 7 bilhões. Esse mundão, infinito aos nossos olhos, seria nada mais do que uma grande aldeia, e meia dúzia de apertos de mão seriam capazes de ligar um esquimó da Groenlândia a um produtor de fumo em Rio Pardinho.

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Pense bem: quantas vezes já abrimos perfis de desconhecidos em redes sociais e nos deparamos com uma indicação de “amigos em comum”? E quando não há, é bem provável que, com um pouco de esforço, encontraríamos amigos de amigos, ou amigos de amigos de amigos, e assim vai.

Na internet há também uma ferramenta chamada Oráculo de Bacon, em que esse exercício é feito com atores com base em filmes nos quais trabalharam. Encucado, resolvi desafiar o brinquedinho: solicitei que me apontasse uma ligação entre Charles Chaplin e Grazi Massafera. E não é que ele achou? Nem foram necessários os seis graus. Bastaram quatro.

É pena que não exista algo assim para nós, mortais. Se eu soubesse, por exemplo,  os contatos que me separam de um morador de Dallol, na Etiópia, conhecido como o lugar mais quente do mundo, eu perguntaria como ele aguenta conviver com temperaturas acima dos 40 graus o ano todo sendo que eu já estou surtando com esse princípio mixuruca de verão.

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Também gostaria de chegar à estudante Ana Júlia Ribeiro, do Paraná, que teve a  coragem de enfrentar um plenário de deputados com suas impecáveis gravatas e defender o que pensa, com toda a classe – para pedir a ela que desse uma aula a alguns ativistas de Facebook que conheço por aí. Eu procuraria ainda os brasileiros que foram à Avenida Paulista pedir a vitória de Donald Trump na eleição da próxima terça-feira e tentaria entender o que raios passa na cabeça dessa gente.

Ou talvez eu iria até Eduardo Cunha. Mas o que eu diria para ele é impublicável.

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