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Direto da redação

Ao som de um samba

Diz o Rodrigo Sperb, colega aqui da redação, que a única solução para o Brasil é começá-lo de novo. Literalmente. Exterminar tudo e todos que estão aí, retornar ao tempo em que nenhum vivente andava por esse chão e dar início a uma nova história, do zero. Ou é assim, afirma ele, ou as coisas não mudam.

É uma brincadeira, lógico. Mas confesso que, em certos momentos, quase começo a levar a sério. E não é por menos: entre vereadoras executadas por policiais-bandidos, presidenciáveis esfaqueados e museus em chamas, temos fartos motivos para se render à descrença.

Por sorte, bolei uma técnica e utilizo-a sempre que a desilusão ameaça me dominar. É simples: coloco os fones de ouvido e ouço uma boa música brasileira, daquelas de elevar a alma. De preferência, um samba canção ou partido-alto, que tanto nos identificam enquanto nação. Acredito de verdade que somos insuperáveis em matéria de música. Nosso cancioneiro é tão rico e tem obras que, de tão magníficas, me fazem crer um pouco mais em minha terra. Escrevo esse texto ao som de Dona Ivone Lara e Paulinho da Viola, e penso: o país que pariu o samba e versos como “O vento vadio embalando a flor” e “A rede do meu destino/ Parece a de um pescador/ Quando retorna vazia/ Vem carregada de dor” não é um país qualquer. Tem que ser capaz de muito mais. O samba, juro, me enche de esperanças de que dias melhores virão.

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Duas semanas atrás, a Gazeta publicou reportagem que levou à demissão de um servidor da Câmara de Santa Cruz – servidor esse que, conforme comprovou a investigação, não cumpria horário. Expor uma pessoa não é nada fácil, mas fico feliz de ver que o trabalho levantou uma discussão urgente e necessária. Vale lembrar que a pressão da imprensa já foi responsável por corrigir outras distorções que maculavam a imagem do nosso parlamento. Se hoje quase não se gasta com diárias e as sessões extraordinárias não são mais remuneradas, em grande parte se deve à imprensa.
Ocorre que o Brasil do qual às vezes nos dá vontade de fugir é também o Brasil das lacunas no controle dos recursos públicos, tão arduamente recolhidos pela população, e da omissão irresponsável dos políticos. Quem frequenta a Câmara sabe que a maioria dos que lá trabalham cumpre as suas obrigações e faz jus ao salário que recebe. O problema é que se há brechas, há abusos.

Um primeiro passo foi dado, com a implantação de ponto para parte dos CCs. Mas se a ideia é dar uma resposta efetiva à comunidade que se revoltou com a denúncia, é preciso que o rigor se estenda a todos.

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Seguiremos na espera. Ao som de um samba.

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