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Direto da redação

A mensageira

Existe um dito segundo o qual não se pode culpar o mensageiro pela má notícia. Ainda que o conteúdo seja incômodo, é preciso lembrar que ao mensageiro cabe tão somente transmiti-lo. Seria como receber uma cobrança indevida de um banco pelo Correio e ir tirar satisfação com o carteiro.

Com a ascensão das redes sociais e o estado de instabilidade em que o País mergulhou, a imprensa – que é, podemos dizer, a mensageira das sociedades democráticas – passou a ser vigiada como nunca. Diferente de quando o senso comum exigia dos veículos de comunicação uma objetividade impossível de praticar – já que jornalistas são seres humanos e não robôs –, hoje existe uma consciência de que o jornalismo que consumimos diariamente é produto de uma série de decisões.

Assim, se um assunto e não outro virou manchete e se uma reportagem ocupou uma página inteira ou uma nota de rodapé, é porque escolhas foram feitas, e todos entendem isso. Não são escolhas aleatórias, e sim baseadas em princípios e critérios. Mas o reconhecimento dessa subjetividade abre caminho para a crítica – já que, se são escolhas, elas podem (e devem) ser contestadas quando necessário. Não se pode culpar o mensageiro pela notícia, mas criticar a forma como ela foi entregue, sim.

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O problema é quando a crítica vira paranoia. Trabalho em redação há quase nove anos e já ouvi de tudo. Na era petista, éramos acusados de servilismo à direita e perseguição contra a esquerda. Com Bolsonaro no poder, passamos a ser tachados de esquerdistas e de má vontade com o novo governo.

Para quem acredita em alguma dessas teses, aqui vai uma informação. Existem, nas redações, pessoas de esquerda e pessoas de direita. Pessoas que simpatizam com Bolsonaro e pessoas que o desprezam. Pessoas que veem em Lula um corrupto e pessoas que consideram ele um preso político. Nada diferente, portanto, de qualquer outro ambiente do Brasil de hoje. Afinal, como dito, jornalistas são pessoas de carne e osso.

Isso significa que todo conteúdo é enviesado, para um lado ou outro? Não. Porque acima de opiniões e preferências, está o nosso profissionalismo. Assim como o bom professor não dá notas mais altas para um aluno porque simpatiza com ele, ou o bom médico não deixa de prestar socorro a um paciente de quem não gosta, o bom jornalista não se deixa orientar pelas suas convicções ideológicas.

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É óbvio que existem falhas – como em qualquer outro setor – mas, na condição de quem tem entre as suas pessoas mais próximas muitos jornalistas, digo com segurança: bons profissionais não faltam. E a maioria dos veículos que conheço – os sérios, com endereço e tradição – fazem o melhor que podem.

Mais do que isso, é preciso separar a crítica legítima da crítica que apenas atende aos interesses de certos grupos. Afinal, quem tem interesse em uma imprensa sem credibilidade?

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