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São Paulo

Travesti espancada diz que mudou depoimento para reduzir pena

A travesti Verônica Bolina (nome social), 25, que ficou desfigurada após ser espancada na carceragem do 2º DP, disse em depoimento ao Ministério Público ter aceitado gravar declarações afirmando que foi agredida por presos, e não por policiais, em troca de redução de pena. O relato, diferente da versão da travesti à Polícia Civil, foi feito a promotores do Gecep (grupo do Ministério Público que investiga a atividade policial).

A Promotoria confirmou que Verônica declarou, em seu depoimento sobre o caso, que teria sido orientada, não se sabe por quem, a dizer que foi agredida por presos com a garantia de que ficaria menos tempo presa. A assessoria do Ministério Público disse, porém, que não tinha mais detalhes do depoimento.

Verônica está presa desde o último dia 10 sob suspeita de tentativa de homicídio contra uma vizinha de 73 anos. Até a tarde deste sábado, 18, ela estava num Centro de Detenção Provisória. Antes, porém, ficou no 2º DP, onde há uma carceragem de transição. A Secretaria da Segurança Pública investiga o caso e o vazamento das imagens da presa seminua, que foram publicadas em sites policiais.

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Na quinta-feira, 16, o governo federal e a Prefeitura de SP cobraram explicações da polícia de São Paulo sobre o caso. A corporação também foi alvo de críticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

BRIGA

Na versão da Polícia Civil, baseada no depoimento da própria Verônica, a travesti apanhou de presos com quem dividia cela após masturbar-se no local, no domingo, 12. Ainda segunda a versão policial, após ser espancada pelos detentos, ela arrancou a orelha de um carcereiro que entrou sozinho na cela para ajudá-la. “Eu estava possuída pelo demônio”, disse Verônica no relato à polícia, acompanhado pela coordenadora estadual de Políticas para Diversidade Sexual, Heloísa Alves.

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A coordenadora gravou uma entrevista com Verônica, repassada a membros do Conselho Estadual LGBT. No áudio, a travesti diz: “Eles tiveram que usar das leis deles. Eu só fui contida, não fui torturada”. Porém, o delegado titular do 2º DP, Luis Roberto Hellmeister, afirmou que o carcereiro foi responsável por parte dos ferimentos no rosto de Verônica, com o argumento de que tentou se defender.

“Quem lesionou a cara dele no soco foi a vítima [carcereiro] que perdeu a orelha. Não foi porque era travesti”, disse o delegado. Após o espancamento, Verônica foi fotografada desfigurada, seminua, algemada e com os pés amarrados no chão de um pátio da delegacia.

A foto foi tirada enquanto policiais a levavam ao hospital. A investigação da Corregedoria da Polícia Civil vai investigar também quem fez as fotos e as repassou. Em depoimento à polícia, acompanhada por militantes de grupos LGBT, na tarde desta quarta-feira, 15, Veronica confirmou a versão policial.

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