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O mapa do tráfico de drogas em Santa Cruz

A primeira vez que Airton (nome fictício) experimentou drogas sintéticas foi há cinco anos. Hoje com 27, o empresário santa-cruzense lembra que um amigo ofereceu ecstasy e ele, curioso, não recusou. Engoliu a bala, como o entorpecente é chamado, e ficou fascinado com a animação que sentiu. Gostou tanto que vem repetindo a dose até hoje – mas jura não ser viciado e diz que a droga não lhe faz mal. “Eu não sinto falta durante a semana e consigo me divertir em uma balada sem usar”, garante.

A afirmação destoa do que diz a ciência. Segundo as pesquisas mais recentes, as drogas sintéticas causam dependência psicológica e levam o indivíduo a aumentar cada vez mais a dose consumida, pois a intensidade dos efeitos reduz na medida em que o corpo se acostuma ao narcótico. O ecstasy também está relacionado a casos de convulsões e paradas cardíacas.

Bala é a mais usada

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O que não intimida os usuários. Conforme relatos, o uso desse tipo de entorpecente se disseminou entre frequentadores da noite de Santa Cruz do Sul. “A mais usada ainda é a bala, porque atinge todos os níveis sociais. O doce (apelido do LSD) é uma escolha muito pessoal, pois o efeito é muito mais alucinógeno”, relata Airton. Ele conta que também já são consumidos os cristais de MDMA (sigla para metilenodioximetanfetamina), uma substância dissolvida em bebidas. “A sensação depende da pessoa. Cada corpo reage de um jeito.”

As revelações do empresário já não são novidade para a polícia, que vê com preocupação o crescimento do consumo das chamadas drogas da classe A: ecstasy, LSD, quetamina – um tipo de anestésico de uso veterinário –, maconha transgênica e, principalmente, cocaína pura. Trata-se de uma realidade bem diferente do que se via no início dos anos 2000, quando a maconha liderava as apreensões em Santa Cruz. Em seguida, o crack ganhou força, mas a cocaína era rara. 

Cenário agora é outro

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Pouco mais de uma década depois, o cenário é outro. “Arrisco a dizer que em Santa Cruz se vende hoje muito mais cocaína do que maconha e crack”, afirma o delegado regional Luciano Menezes, também titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec). No último dia 9, 20,8 quilos de cocaína pura que seriam transportados a Santa Cruz foram apreendidos em Passo do Sobrado, numa ação da Brigada Militar e Polícia Federal. A droga pertencia à facção Os Manos, que domina o tráfico no Bairro Bom Jesus.  Seis pessoas foram presas. A venda movimentaria R$ 1 milhão.

Já o combate às drogas sintéticas tem sido mais complicado. “É em festa fechada, é estudante universitário, é casa noturna, e isso está crescendo”, diz Menezes. Controlar esse comércio é um desafio. São cartelas, comprimidos ou cápsulas, carregados discretamente. “Ninguém vê. Não é a mesma coisa do que andar com um quilo de cocaína.”

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