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Pantano Grande

‘Parecia a família perfeita’, conta mãe de garoto morto pelo sogro

Quando ouviu no início da manhã de domingo, 27, que uma tragédia tinha acontecido com Wesley Mateus da Silva Barbosa, 16 anos, Isabel Maria da Silva, 38 anos, não conseguiu se mover da janela onde estava apoiada. “Tragédia pra mim é morte”, resumiu sentada na sala de casa após enterrar o filho. Gritou então para que o genro e a filha acordassem. Foram eles que seguiram correndo até a casa onde o adolescente havia sido baleado pelo sogro. Antônio Oliveira, 39 anos, atirou na própria cabeça após alvejar ainda a mulher, de 31 anos, e o casal de filhos, enquanto dormiam. 

Mãe de dez filhos, Isabel tenta, em meio a dor de perder de um deles prematuramente, compreender a tragédia, mas não consegue. Não encontra explicação para o abismo entre o relato de uma família tranquila e um desfecho aterrorizante. “Sempre zelei pelos meus filhos e zelo até hoje. Mas eu não tive tempo de fazer nada. Se pudesse me colocava na frente dessa arma, mas não pude. Eu, mãe, não pude fazer nada”. Há cerca de seis meses Wesley morava com a namorada, de 15 anos, em uma peça nos fundos da casa dos sogros em um condomínio de casas populares, no Bairro Vila Nova, em Pantano Grande. 

Os adolescentes estariam dormindo nesse cômodo quando Antônio invadiu o local e atirou na direção deles, ainda na cama. O garoto chegou a ser hospitalizado, mas morreu pouco antes das 21 horas. Celso Barbosa, 50 anos, acompanhou o filho durante todo o tempo em que esteve hospitalizado. “A gente não sabe o que aconteceu. Não entende”. Os outros três seguem internados, em Rio Pardo, em estado estável. Já o adolescente foi sepultado no fim da manhã dessa segunda-feira, no Cemitério Municipal. “É uma dor que nunca vai passar. A gente criar um filho para alguém matar assim é muito triste”. 

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Na sexta-feira, 25, Wesley passou o dia com a mãe e os irmãos. Ajudou os pequenos a fabricarem um carrinho de madeira. Depois, no fim da tarde, seguiu de volta para a casa dos sogros. Isabel lembra que tentou convencer o filho a continuar morando em casa, mas não adiantou. “O amor falou mais alto e ele quis ficar lá com ela. Ninguém imaginava isso. Parecia a família perfeita. A gente não sabe o que pode ter dado na cabeça de uma pessoa para querer matar a família toda. Ele acabou com os sonhos de um menino de 16 anos”. 

Em luto, escola suspende aulas

Na Escola Dario Lopes de Almeida o silêncio na tarde dessa segunda-feira contrastava com um ambiente escolar. Na sala da secretaria, a diretora Joice Motter atendia os poucos que seguiam até lá. No portão de entrada, uma faixa preta simbolizava a dor e o luto de quem ainda segue sem entender uma tragédia. Wesley cursava a 6ª série na escola. Participativo, o adolescente integrava a banda da escola, onde tocava tarol, e da equipe de futebol. “Ele era bem comportado. Respeitava os professores. Era um menino muito alegre”, lembra a educadora.

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Ao mesmo tempo em que chocou, a notícia da tragédia também surpreendeu a todos. Na sexta-feira, Antônio esteve na escola para fazer a matrícula dos dois filhos. A menina estuda na 8ª série e o garoto na 7ª série. “É uma família participativa e tranquila. Ninguém podia imaginar”. As aulas serão retomadas nessa terça-feira. “Não sei como meus alunos vão voltar”. 


Faixa preta foi colocada em frente ao portão da escola
Foto: Rodrigo Assmann

Baleado, garoto pediu socorro à avó

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Depois de ser alvejado pelo pai, o adolescente, de 13 anos, correu até a casa da avó, a algumas quadras dali. A mulher acordou  assustada quando o menino entrou na moradia pela porta dos fundos. “Socorro vó!”, gritou. “Quando me levantei, vi ele todo ensanguentado”. O garoto estava jogado no chão da cozinha. “Eu tô baleado. Vó, corre lá que o pai matou a mãe, matou todos”. Os filhos dela correram na direção da casa, enquanto ela acionava o socorro e a polícia. Quando chegaram ao local, Antônio já havia alvejado todos e se suicidado.

O casal, que se conheceu em Estância Velha, estava junto há cerca de 17 anos. Chegaram a trabalhar na mesma fábrica, mas atualmente Antônio estava desempregado. “Ele recebia o seguro-desemprego. Mas sempre trabalhou. Eles não gastavam com nada além da casa. Viviam bem. Tinham tudo”. A sogra conta que Antônio era amoroso com a família. “Ele sempre foi um ótimo pai e marido. Pensa num pai bom. Ele amava aqueles filhos. Era um genro excelente. Não dá pra acreditar”. 

Polícia aguarda melhora para ouvir depoimentos

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A polícia espera a recuperação da mulher e dos dois adolescentes para poder ouvi-los nos próximos dias e tentar elucidar os crimes. O delegado Anderson Faturi está convicto de que Antônio – que completou 39 anos no dia do crime – efetuou os disparos sozinho. A dinâmica dos fatos, no entanto, ainda não está clara. O homem teria deixado o quarto onde dormia com a esposa, pouco depois das 6 horas, e voltado já armado. Não se tem convicção de quem teria sido baleado por ele primeiro. 

O menino contou a avó que teria acordado com os disparos e nesse momento foi alvejado pelo pai. O garoto então correu na direção de uma janela, enquanto ainda era atingido pelos tiros. “Foi uma crueldade até mesmo com os próprios filhos. É algo que não dá para entender. Não sabemos até agora o que pode ter motivado tudo isso”. Conforme o o delegado, pelo menos dez disparos teriam sido efetuados por Antônio. “Ele chegou a recarregar o revólver”. A arma foi encontrada ao lado do corpo do homem, que atirou na própria cabeça.

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