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SANTA CRUZ

Bairros da Zona Sul concentraram 80% dos homicídios em 2019

Foto: Ricardo Düren

Em 23 de setembro, homem foi morto a tiros na garagem de casa, no Loteamento Motocross

No ano que encerrou na última semana, os bairros Dona Carlota e Santa Vitória figuraram nos noticiários santa-cruzenses como cenários da violência. Do total de homicídios no ano, metade aconteceu nessas duas localidades e apenas quatro fora da Zona Sul do município.

Embora atinja pessoas com desavenças específicas dentro das comunidades, a violência que recai sobre alguns bairros da Zona Sul não passa despercebida pelos demais moradores. Radicado no Residencial Viver Bem há dois anos, o motorista aposentado Eronildo Ribeiro, de 62, se orgulha das amizades que fez e afirma que o local é tranquilo. Apesar disso, diz que já considerou voltar para o interior. “A gente não está acostumado com isso. Ficamos preocupados porque era um bairro bom e na nossa rua todo mundo se conhece e se dá bem”, relatou.

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O aposentado diz que tem medo de ser alvo de um disparo acidental, já que muitas vezes os assassinos passam em frente às residências disparando contra as vítimas. “Mesmo que a gente não tenha nenhum envolvimento, fica com medo de daqui a pouco ser atingido por acidente, como já ficamos sabendo que aconteceu”, revelou.

Outra aposentada, de 63 anos, que preferiu não se identificar, diz que fica sabendo das mortes pela rádio ou quando alguém comenta, mas acredita que para quem não tem envolvimento com situações específicas, não há perigo. “Medo todo mundo tem, mas eu não devo nada para ninguém, então ninguém vai vir aqui e atirar em mim. O problema é para quem se envolve ou começa a fazer comentários por aí”, afirmou.

Durante as entrevistas, nenhum dos moradores mencionou diretamente o tráfico de drogas. No entanto, conforme o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Giovani Paim Moresco, a maior parte dos homicídios está ligada direta ou indiretamente ao comércio de entorpecentes.

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Casos vêm diminuindo

Apesar de preocupante, o número de homicídios de 2019 em Santa Cruz foi o mais baixo dos últimos quatro anos. Até novembro, as mortes somavam apenas metade do total de 2018, mas o número subiu em dezembro, quando cinco pessoas foram assassinadas.

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Historicamente, as mortes violentas no município começaram a subir em 2012, após o avanço de facções do Vale do Sinos para a região. O número mais alto de assassinatos foi registrado em 2016, quando 45 pessoas foram mortas.

“De 2016 para 2020 nós tivemos uma redução de 24 homicídios por ano e é esse patamar que a Brigada busca com todas as suas ações. Diminuir um indicador de segurança pública da magnitude que é o homicídio, com todas as circunstâncias e todo leque de características que o envolvem é muito complexo”, comentou o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Giovani Paim Moresco.

Os casos por Bairro

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Santa Vitória
18 de abril – Leonardo Soares da Silveira, de 23 anos. Morto a tiros em um bar na Rua Professora Alice Simões Pires.*

13 de maio – Jeferson Rodrigo dos Santos, o “Neni”, 27 anos. Foi alvejado com quatro disparos de revólver calibre 38 no rosto e no pescoço, na Rua Madre Teresa de Calcutá.*

18 de junho – Um adolescente foi morto a tiros no Bairro Santa Vitória, enquanto corria pelo telhado das casas. O nome da vítima não foi divulgado.*

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28 de dezembro – Makei Jekson de Freitas Abreu, de 35 anos. Foi encontrada sem vida. A suspeita é de que tenha sido baleado.*

Dona Carlota
26 de janeiro – Bruno Moisés Lemos Ribeiro, de 19 anos, foi atingido por disparos de arma de fogo na Rua Davi Severo Mânica, por volta de 1h30.*

26 de abril – Jandir Rodrigues da Silva, 44 anos. Morto a tiros na cozinha de casa na Rua Erva Mate, no Residencial Viver Bem.*

1 de junhoCleber Luiz dos Santos, 46 anos. Encontrado morto com uma pedra sobre a cabeça. Quatro pessoas foram indiciadas pela segunda DP, mas não houve prisão preventiva. Uma briga teria dado inicio às agressões que levaram à morte.

29 de dezembro – Richard Paiano dos Santos, de 14 anos. Foi baleado dentro de casa, no Viver Bem.*

30 de dezembro – Bruno Lutiele Rosa de Paula, de 21 anos. Foi morto a tiros no Viver Bem. Na ocasião, Deivid Patrick Schimidt, de 28 anos, também foi baleado e ficou ferido.*

31 de dezembro – Deivid Patrick Schimidt. Não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Santa Cruz.*

Faxinal Menino Deus
19 de janeiro – Jeferson Rodrigues Mantz, 18 anos. Morto a tiros por volta das 19 horas de sábado no pátio do Centro Social Urbano, na Rua Dona Carlota, próximo ao Presídio. Teria levado pelo menos três tiros: um na perna, outro nas costas e um no rosto.*

Progresso
11 de março

– Jairo Bitencourte Pereira, 48 anos – Baleado na frente de casa na Rua Dois, no Bairro Progresso. Morreu no HSC dois dias depois.*


Várzea
4 de março – Kevi Luan de Oliveira, 20 anos. Morto por disparos de arma de fogo na Rua Irmão Emílio, no Bairro Várzea. Foi assassinado por desafetos do irmão, Denian, assassinado em agosto de 2018 por envolvimento com o tráfico de drogas.

Margarida
19 de junho – Vanderlei Nunes, 38 anos. Foi morto a tiros enquanto caminhava pela Rua Irmão Willibaldo.*

Jardim Europa
12 de março – Carlos Gilberto Brinker, 48 anos – Latrocínio. Encontrado morto na antiga sede da Apae, na RSC-287, no dia 17. A polícia concluiu que Carlos foi vítima de uma emboscada, onde seria assaltado. Três pessoas foram presas pelo crime.

Centro
3 de julho – Jean Pereira Gonçalves, de 28 anos. Morto com tiros no rosto na Capitão Fernando Tatsch, por volta das 23h40.

Avenida
21 de dezembro – Alexsandro dos Santos, de 27 anos. Morto a tiros na frente de uma distribuidora de bebidas na Avenida Coronel Oscar Jost.*

Rauber
25 de maio – Cristiano da Silva, 31 anos. Morto a tiros por volta das 20h40 na Rua João Pedro Koelzer, no Bairro Rauber. Segundo a Brigada Militar, ao chegar ao local, o rapaz já estava morto, a poucos metros a frente do portão de casa.*

Arroio Grande
10 de maio – Evaldo Müller, 80 anos. Foi encontrado desacordado dentro de um carro, na garagem da padaria da família. Chegou ao hospital com suspeita de ter passado mal, mas depois descobriu-se que havia sido machucado na cabeça. A polícia não encontrou provas que indicassem uma possível autoria e o caso foi remetido ao Poder Judiciário.

23 de setembro – Tiago Aliandro Kohlrausch, de 30 anos. Morto a tiros no Loteamento Motocross, na garagem de casa. O caso foi solucionado pela 2ª DP, que concluiu que o padrasto do filho da vítima, em conjunto com a mãe do menino, mandou matar Tiago para afastá-lo do próprio filho.

*O andamento da investigação não foi informado pela Polícia Civil.

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