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SANTA CRUZ DO SUL

Série de crimes assusta os moradores do Bairro Goiás

Foto: Alencar da Rosa

Líder comunitário Jeferson Peres da Silva mostra local onde andarilhos costumam ficar

Uma série de crimes vem assustando os moradores do Bairro Goiás, em Santa Cruz do Sul. O problema, de acordo com eles, é recorrente e gera insegurança. Na maioria dos casos, andarilhos que rondam as residências e comércios locais, à espreita, acabam cometendo furtos ou causando danos em propriedades.

O último foi na madrugada de terça-feira. Um homem foi visto circulando pelo bairro carregando consigo sete hidrômetros, obviamente, furtados. Uma empresa de segurança privada, que estava nas proximidades, ficou sabendo do fato por moradores, assustados com a ação do indivíduo.

“Estávamos de patrulha no bairro quando recebemos a informação de que um rapaz estava vendendo esses hidrômetros. Conseguimos encontrá-lo e, então, estava com apenas dois, um furtado em um ponto de táxi e outro em uma ótica. O restante ele já havia conseguido negociar”, afirmou Rafael de Lima Rael, que fez a abordagem ao sujeito. O homem foi encaminhado à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) para registro da ocorrência, sendo liberado na sequência.

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Ainda no dia 3 de fevereiro, às 21h30, um ladrão roubou o telefone celular de uma mulher que estava caminhando pelo bairro. “Conseguimos abordar o ladrão e devolvemos o telefone para a mulher, mas ela não quis registrar a ocorrência”, disse Rael. Danos a estabelecimentos do Bairro Goiás também foram registrados nos dias 22 e 25 de janeiro, quando uma empresa de móveis para escritório e outra que vende baterias e óleos automotores tiveram as janelas quebradas por vândalos.

Na primeira semana de 2021, a lavagem automotiva de Noélia Otramar também foi alvo de ladrões. Criminosos arrebentaram a tela na madrugada de 8 de janeiro, quebraram os cadeados com um alicate de pressão e arrombaram a porta de ferro. Levaram compressor de ar, mangueira, botijão de gás, carnes e comida em geral. “É muito triste. Tem que ter mais polícia na rua, principalmente à noite. Nosso bairro está deixado para trás”, afirmou Noélia, de 65 anos. O prejuízo ultrapassou R$ 3 mil.

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Em dezembro passado, o estabelecimento também já havia sido alvo de outro furto. “Nosso bairro está ficando perigoso”, complementou o filho, Pedro Eduardo Otramar da Silva, de 27 anos, que trabalha na lavagem. Diferente da maioria das ocorrências, essa foi registrada por Noélia na DPPA. Suspeitas dão conta de que um Chevrolet Corsa vermelho tenha sido utilizado no crime. O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz do Sul.

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Noélia teve prejuízos em sua empresa | Foto: Alencar da Rosa

Líder comunitário pede mais policiamento

Com cerca de 4 mil habitantes, o Bairro Goiás, na zona central de Santa Cruz do Sul, é um dos mais antigos. Para Jeferson Peres da Silva, líder comunitário, parte do problema se deve ao fato de que muitas residências e terrenos estão abandonados e são usadas por criminosos como refúgio e para esconder drogas ou itens furtados.

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“Temos casas onde filhos acabaram indo embora depois da morte dos pais e residências de idosos que foram morar em clínicas geriátricas. Abandonadas, essas moradias acabam tomadas por criminosos. É um problema que persiste há anos”, disse o morador, de 45 anos, que trabalha como chapista em uma lancheria.

Jeferson mostrou à Gazeta do Sul um grande terreno baldio, localizado na esquina das ruas Fernando Abott e Rui Barbosa, que, segundo ele, serve como refúgio para muitos andarilhos que acabam cometendo os crimes no Bairro Goiás. O local chama a atenção pelo mato alto, lixo e entulhos. Em um dos pontos, há até colchão e garrafas de bebidas. O acesso é livre, sem cerca ou muro em um dos lados da propriedade. Também de acordo com Jeferson, um outro terreno baldio, na Rua Olavo Bilac, é utilizado para encurtar caminho e até mesmo como rota de fuga por criminosos.

Para ele, o que está faltando para coibir os furtos e arrombamentos é uma aproximação maior das forças de segurança pública. “Já tivemos um acompanhamento bom da Brigada Militar, mas depois parou. Felizmente, temos dois grupos de WhatsApp que acabam nos ajudando muito, pois quando vemos alguém suspeito, já vamos nos avisando. Lutamos por um patrulhamento maior. Sabemos das limitações deles, mas acreditamos que um pouco mais de boa vontade poderia melhorar e muito nossa segurança”, disse Jeferson Peres.

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Contudo, um fato é comum na grande maioria dos crimes: a falta de boletim de ocorrência. “Noventa por cento não registram, e não o fazem pela impunidade. Em alguns casos, os ladrões são pegos e soltos no mesmo dia, passando na frente da gente. Então, com medo de represálias, a maioria prefere não fazer um boletim de ocorrência.”

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O caso do homem nu

Nenhuma das ocorrências registradas recentemente, porém, é mais inusitada do que a que aconteceu na madrugada de 30 de janeiro, quando um homem completamente nu tentou arrombar a casa de uma senhora, no Bairro Goiás. A Gazeta do Sul conversou com a proprietária da residência, de 43 anos, que contou os momentos de tensão vividos por ela.

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“Eram por volta de 2h05 e eu estava em casa com um dos meus filhos, quando alguém tocou o interfone. Apertava e não soltava. Dei uma espiada e vi que eu não conhecia, por isso não atendemos. Aí ele forçou o portão e entrou, começou a dar socos e chutes na porta, puxando o trinco”, contou a mulher, que preferiu não se identificar, com medo de represálias. De acordo com ela, o filho colocou o sofá na frente da porta.

“Mandei uma mensagem no grupo que temos no bairro e, rapidamente, escutamos o barulho de pneu do carro que faz a vigilância. Acredito que o homem se assustou e saiu, pois não o vi mais. Mas levou uma manta minha que estava em um banco do pátio”, comentou a mulher, que mora há sete anos no Bairro Goiás e já teve a casa furtada outras vezes.

O homem nu foi encontrado pelo vigilante Rafael de Lima Rael. A Brigada Militar foi acionada e compareceu ao local. O indivíduo, que foi identificado como morador do Bairro Santa Vitória, de 28 anos, aparentava estar sob efeito de entorpecentes. Descobriu-se que ele havia tentado arrombar três casas das redondezas.

Questionado sobre a nudez, falou que tinha consumido drogas junto a outros indivíduos, próximo da pista de skate da Praça Siegfried Heuser, e que as pessoas com quem estava teriam roubado sua roupa. “Muito provavelmente era mentira. Ele aparentava estar se fazendo, não falava coisa com coisa, dava risada quando falava sobre isso, e estava muito alterado”, comentou Rael. Depois que algumas peças de roupas foram cedidas ao homem, ele foi acompanhado para sair do bairro.

Indivíduo de 28 anos foi detido por vigilância privada de moradores do Bairro Goiás | Foto: Reprodução/WhatsApp

“O bairro está sempre na nossa perspectiva”, afirma Moresco

A Gazeta do Sul conversou na noite dessa quinta-feira, 18, com o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM), tenente-coronel Giovani Paim Moresco. Ele reforçou o pedido para que a comunidade registre os crimes. “Na grande maioria, são casos de furtos menores cometidos usualmente por consumidores de drogas. E este bairro é um dos que mais recebe trânsito de viaturas nossas, até porque algumas das ruas são vias de trajeto rápido. Estamos desenvolvendo ações o tempo inteiro e o Goiás está sempre dentro da nossa perspectiva. Por isso, pedimos que nos acionem pelo 190 quando necessário, até para que possamos acompanhar o movimento dessas pessoas e detectar quem comete esse delitos”, afirmou.

Moresco ainda relembrou o fato de a Brigada Militar de Santa Cruz possuir um disque-denúncia pelo telefone 98413 0784, que também é WhatsApp e permite que as pessoas relatem fatos sem se identificar. “Sabemos que as pessoas, muitas vezes, não querem dizer quem são por diferentes motivos, seja por medo de represálias de alguém ou por não querer prestar depoimento ou mesmo se envolver. Por isso, temos o disque-denúncia para nos mandarem de forma ágil uma foto, um vídeo, um texto, um áudio ou ligarem, para que possamos nos inteirar de algum ato criminoso.”

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