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Jornalista jantou com supostos sequestradores na quinta-feira

Foto: Cristiano Silva

Dupla presa em flagrante por guarnição da Brigada Militar foi liberada na DPPA

Um repórter de Venâncio Aires viveu momentos de terror na manhã dessa sexta-feira, 2. O homem, de 33 anos, integrante de uma rádio, foi sequestrado e ameaçado por dois homens, de 23 e 25 anos. Ao longo da manhã, policiais da Brigada Militar (BM) receberam a informação de que ele estaria sendo mantido em cárcere privado por uma dupla no interior de Passo do Sobrado. Horas depois, ele foi localizado.

Na delegacia, ainda assustado com a situação, o repórter conversou com a Gazeta do Sul. Segundo ele, os autores do crime tinham amigos em comum com ele e eram conhecidos do jornalista. Eles participaram, junto de outras pessoas, de um jantar na casa da vítima na noite de quinta-feira, 1º, em um apartamento do Bairro Aviação. “Depois de jantarem, esses outros amigos foram embora. Os dois permaneceram na casa e a situação mudou. Depois de cheirarem cocaína e beberem, estavam autoritários e alterados”, comentou o radialista. Segundo ele, os homens acabaram dormindo no sofá.

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Já na manhã dessa sexta-feira, um deles pediu para ser levado para Passo do Sobrado, onde mora. “Era antes do meu horário de trabalho. Falei que poderia levar. No caminho, eles se alteraram novamente, me disseram que se eu não fizesse o que queriam, eu seria ‘picoteado’. Na noite anterior, um deles me disse que se precisasse desovar um corpo, era pra falar com ele”, lembrou. A partir desse momento começaram as ameaças.

“Um deles tinha um facão junto. Percebi que não era a primeira vez que eles faziam isso. Começaram a controlar as mensagem, me diziam que eu só iria voltar, se voltasse, ao final do dia”, contou o repórter. A bordo do carro, chegaram em uma propriedade de Rincão Nossa Senhora, no interior de Passo do Sobrado. Foi nesse momento que ele conseguiu fazer o primeiro pedido de ajuda.

“Eles estavam me controlando. Me disseram que eu seria esfaqueado lá mesmo. Falei que iria mandar mensagem para a rádio, que eu não chegaria no horário de trabalho. Mas nesse meio-tempo, mandei a localização para o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, e apaguei a conversa para não verem. Pedi ajuda também para amigos da rádio e do jornal”, revelou.

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Após receber a mensagem, o delegado titular da DPPA de Venâncio ligou para o radialista e disse para ele falar em uma espécie de código, que não identificasse com quem estava conversando. “Ele perguntou se eu estava em perigo e outras coisas, mas disse para não falar outras palavras além de sim ou não. Por fim, me falou que iria pedir ajuda para a Brigada Militar de Passo do Sobrado”, afirmou.

Após a ligação, um dos homens viu que o repórter havia mandado a localização deles para uma pessoa. “Ele me xingou, pegou o facão e disse que sairíamos dali. Me fez subir em uma moto e o outro foi com meu carro.” Os três saíram do lugar onde estavam e foram para outra propriedade, de um conhecido de um dos sequestradores. Entre idas e vindas, segundo a vítima, enquanto o homem mais velho saiu com o carro em um momento, o mais jovem manteve a vítima sob cárcere na residência.

Ao perceber o barulho de retorno do automóvel, com medo do que poderia acontecer, o jornalista aproveitou uma oportunidade para fugir em direção a um mato nas imediações da propriedade. “Foram várias ameaças com facões. Embora eles estivessem controlando minhas ligações e mensagens, consegui fazer contato com a polícia e me desvencilhar desses homens. Segui correndo por um córrego ao longo de dois quilômetros e consegui pedir ajuda em uma casa, ligando para a Brigada Militar, que já estava ciente de toda a situação”, finalizou o repórter de 33 anos.

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INVESTIGAÇÃO
O resgate da vítima foi feito pelo sargento Giovani Almeida César. “Ele se refugiou em uma residência da localidade. Já estávamos à procura dele enquanto os outros policiais diligenciavam atrás do suspeitos. Confirmei que era a vítima do sequestro e o levamos aonde os colegas haviam pego a dupla”, explicou o sargento.

Os dois homens presos em flagrante não tiveram seus nomes divulgados pelas autoridades policiais. A delegada Graciela Foresti Chagas, titular da DP de Sobradinho e que estava de plantão na sexta-feira, não lavrou o flagrante da dupla, que foi liberada após o registro da ocorrência.

Segundo ela, não há, neste momento, elementos para concluir que houve sequestro. “Todos estavam reunidos, de forma consentida, no apartamento do jornalista. Na manhã desta sexta-feira, também foram de maneira consentida até Passo do Sobrado. Por isso, são circunstâncias relevantes a serem analisadas de forma posterior, que irão demandar mais investigações”, afirmou Graciela.

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Como o fato teve início em Venâncio Aires, a delegada acredita que as investigações terão sequência naquele município e não em Passo do Sobrado, onde a vítima relatou ter sido ameaçada. “Temos outros elementos importantes que não podemos revelar neste momento. A continuidade desse processo vai depender do que o delegado da DPPA vai despachar na segunda-feira.”

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