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Santa Cruz do Sul

Eleições 2016: a gurizada não quer saber de votar?

O recente engajamento dos jovens em debates na internet e a presença deles em manifestações de rua não vai se refletir nas urnas. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de eleitores com 16 e 17 anos aptos a votar caiu este ano em Santa Cruz do Sul na comparação com 2012. Isso significa que menos adolescentes que não têm obrigação de votar estão se interessando por participar do processo eleitoral.

Dos 99,9 mil eleitores em Santa Cruz, apenas 915 têm entre 16 e 17 anos, o que corresponde a 0,91% do eleitorado. Em 2012, quando eram 94 mil eleitores, essa faixa etária correspondia a 1,3%. São 300 jovens aptos a votar a menos este ano. A redução não é uma particularidade do eleitorado santa-cruzense: em todo o Brasil, a participação de jovens caiu de 2,09% para 1,26%. Na prática, os jovens estão preferindo tirar o título de eleitor apenas aos 18 anos, quando o voto se torna obrigatório.

A estudante Milena Pereira da Silva, de 16 anos, faz parte dessa estatística. “Eu não vou votar porque não consigo confiar nos candidatos”, enfatiza. Para a jovem, quem acompanha a atual política brasileira também guarda o mesmo sentimento. “Eu vejo todos os dias na TV ou nos jornais escândalos de corrupção. Acho que todo mundo que se informa também está indignado e não tem vontade de participar das eleições”, observa Milena. Apesar da insatisfação, ela espera que quando completar 18 anos e tiver que tirar o título de eleitor, o cenário nacional seja outro. “Tenho esperança que daqui a dois anos ou mais a política mude um pouco, para que eu possa votar. Se não, votarei em branco”, afirma a jovem.

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Mesmo indignada como Milena, a também estudante Julie Pires, de 17 anos, não vai abrir mão de ir às urnas no domingo. “Acho que temos que participar, mesmo que a política não seja como a gente quer”, salienta a jovem. Para os candidatos conquistarem seu voto, terão que priorizar as áreas de segurança pública e de combate ao desemprego. “Quero conseguir um bom emprego quando me formar, mas não tem muitas vagas. Também tem a questão da violência, que está bem forte no bairro onde eu moro”, conclui Julie.

As causas

Para o sociólogo da Uergs, Valter Freitas, a decisão por não votar não significa uma despolitização e, sim, um protesto. “Assim como o voto nulo ou branco, o ato de não tirar o título é um recado da juventude que o sistema político brasileiro não funciona e não contempla mais a população”, constata. Para o professor, os jovens estão mais politizados. “Eles vão mais às ruas e também debatem. É notável que estão mais interessados e sabem mais.” O professor e cientista político da Ulbra, Paulo Moura, acredita que os recentes escândalos de corrupção estão refletindo na redução de eleitores entre 16 e 17 anos. “A imagem que os jovens têm é que não há políticos honestos. Isso desencanta essa geração, cada vez mais informada. Eles sentem que somente com o voto não se muda as coisas. Por isso que vemos mais manifestações nas ruas e discussões pela internet”, destaca.

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NÚMEROS

– 915 eleitores têm até 17 anos em Santa Cruz;

– 0,91% do eleitorado está nessa faixa. 

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