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Eleições 2016

Os fatos que explicam a “lavada” da esquerda

O resultado das urnas em 2014 já dava os primeiros sinais de  que uma onda conservadora estava emergindo em todo o Brasil. No primeiro turno, a população elegeu um Congresso recheado de parlamentares ligados ao setor empresarial, ruralista e evangélico. No segundo turno, o País se dividiu entre petistas e tucanos, tendo como vitoriosa a ex-presidente Dilma Rousseff, por uma margem de apenas 3%. Dois anos depois, o PT e todos os partidos à esquerda vivem um drama eleitoral histórico, com uma queda brusca no número de prefeituras conquistadas.

Para a cientista política e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Esther Solano Gallego, o fim do ciclo da esquerda no Brasil era previsível, porém, o PT cometeu erros traumáticos que encurtaram esse curso. Não apenas a crise econômica e a corrupção ligada à cúpula do partido são apontadas por ela como motivos para o enfraquecimento da sigla, mas, principalmente, o afastamento da população mais pobre. “Com o enfraquecimento do discurso lulista, a narrativa do empreendedorismo e da meritocracia ganhou força na periferia.” Ela ainda cita o prefeito eleito em São Paulo, João Dória (PSDB), que utilizou da imagem de empresário trabalhador para garantir a vitória até mesmo em áreas antes dominadas pelo PT.

Sem o protagonismo do partido, antigos aliados encontraram dificuldades. O PDT e o PCdoB aumentaram o número de prefeituras, porém perderam espaço em cidades com mais de 200 mil eleitores. Mesmo o PSOL, que fazia oposição “de esquerda” às gestões Lula e Dilma, sofreu um revés: perdeu todas as prefeituras que disputava no segundo turno. “Tanto a esquerda pragmática como a esquerda mais radical estão enfraquecidas. As duas por serem relacionadas ao PT, mas no caso do PSOL é pior, pois não tem simpatia social, é um partido muito acadêmico”, resume a cientista política.

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OS FENÔMENOS DAS ELEIÇÕES

EVANGÉLICOS 

A vitória de Marcelo Crivella (PRB) no Rio de Janeiro é um prognóstico do que está por vir. É a primeira vez que um evangélico ganha em um colégio eleitoral relevante. A conquista põe mais areia no sonho das igrejas neopentecostais de elegerem um presidente que seja seu representante direto.

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NÃO VOTO

No último domingo, 32,5% dos eleitores não compareceram às urnas ou votaram branco e nulo. Para Esther Solano, a desconexão entre os candidatos e a população contribuiu para o número, mas ela lembra que, apesar do desgaste da política brasileira, o fenômeno é mundial.

ALCKMIN 2018

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Fortalecido em 2014, Aécio Neves saiu desidratado do pleito municipal pela derrota de seu candidato em Belo Horizonte. Como se não bastasse, perdeu espaço para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que elegeu João Dória (PSDB) em São Paulo e outros apadrinhados no interior do Estado.

NANICOS 

As vitórias de Alexandre Kalil em Belo Horizonte e Rafael Greca em Curitiba, respectivamente do PHS e PMN, levantaram a moral dos partidos nanicos, que surfaram no descrédito das grandes siglas. Sem a rejeição às suas legendas, eles ganharam a eleição com a força individual dos candidatos.

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PT deve recomeçar, dizem professores

Segundo os professores da Unisc e expoentes da esquerda em Santa Cruz, Olgário Vogt e João Pedro Schmidt, refundar o PT, unificar a oposição ao governo do presidente Michel Temer, criar alternativas e repensar o discurso são os pontos-chave para retomar o crescimento dos partidos com ideais ditos progressistas no Brasil. 

Conforme Vogt, é necessário repensar a relação com os setores conservadores, para que o eleitor possa diferenciar os partidos de esquerda. “O eleitor não pode ver no PT um partido igual aos outros, como está acontecendo. É preciso se reafirmar como a força que combate a desigualdade”, afirma. Para isso, aposta em uma profunda mudança na legenda, sem perder sua identidade. “O PT tem que mobilizar toda a sociedade como fazia antes”, acrescenta.

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Schmidt acredita que o revés eleitoral deve-se a um conjunto de forças, que envolve o Judiciário e outros setores. “Houve uma grande ofensiva de parte da sociedade e até mesmo de órgãos públicos contra o PT, para que o corte em direitos sociais possa se tornar possível.” No entanto, ele não acredita que as pautas do governo serão bem aceitas pela população. “A PEC 241 e a reforma da previdência não são aceitas pela sociedade. Toda a direita enfrentará dificuldades e isso pode fortalecer a esquerda.”

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