Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Crise no Brasil

Ele vai chegar até o fim?

Após a tranquilidade que reinou durante o Carnaval, as delações da Odebrecht fizeram com que a quarta-feira de cinzas chegasse sem prazo para terminar ao governo federal. Um dia após a folia, o depoimento de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que confirmou o pagamento de caixa 2 à campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer em 2014, deixou o Palácio do Planalto em estado de alerta.

O cientista político e professor na Unisinos, Bruno Lima Rocha, acredita que Temer tem chances concretas de ser afastado do cargo. “Mesmo se ele não for atingido pelas delações, a cúpula e os aliados do governo devem cair. O que pode impossibilitar que o presidente governe”, alerta. No entanto, Rocha pondera que tudo dependerá de os depoimentos da Odebrecht se tornarem públicos. Nesse caso, o cientista político garante que não restará “pedra sobre pedra”, tanto no Executivo como para os deputados e senadores.

Com denúncias de corrupção envolvendo a cúpula do governo e com o Congresso Nacional cada vez mais desacreditado, o professor não descarta que a população volte a protestar contra o governo. Ele cita como indicativos disso o coro “Fora, Temer”, reproduzido em várias cidades no decorrer do Carnaval. “À medida que forem sendo divulgados os vazamentos e as delações, o ambiente será de muita instabilidade e a rejeição ao governo vai aumentar”, observa.

Publicidade

Para o cientista político e professor da Ufrgs, Rodrigo Stumpf González, só o que pode salvar Temer da avalanche de denúncias e instabilidades é a economia. “Temer depende de ações da conjuntura, como a inflação e o desemprego, além de outras questões que nem dependem do governo”, disse. Como exemplos, cita a retomada do preço internacional do minério de ferro, das commodities e do barril de petróleo, que influenciam diretamente a economia brasileira.

Ainda segundo González, tudo indica que o governo irá agir para prolongar a ação de cassação da chapa Dilma-Temer que tramita no Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com ele, uma eventual divisão do processo, como vem sendo ventilado, desgastaria a Justiça. “O Judiciário é um dos poucos poderes que têm credibilidade neste momento. Essa distinção da mesma chapa passaria a impressão de que um acordo político foi feito para salvar Temer”, salienta.

Deputados acreditam em queda

Publicidade

Para deputados federais que representam o Vale do Rio Pardo, a queda de Temer é possível, mas somente pela via judicial, o que pode não acontecer devido à demora no julgamento. “Isso vai se tornar uma briga jurídica que deve ter fim só depois que o mandato dele terminar”, afirmou Luiz Carlos Heinze (PP). O deputado ponderou ainda que uma troca de governo neste momento seria negativa para o Brasil.

Já Heitor Schuch (PSB) acredita que a Operação Lava Jato é “uma ameaça constante para a sobrevivência do governo”. “O presidente montou uma equipe frágil, que caminha no fio da navalha”, afirmou. Contudo, uma possível destituição de Temer seria “um misto de alegria e tristeza” para o parlamentar, já que, na sua visão, a economia seria prejudicada. A reportagem não conseguiu entrar em contato com o deputado Sérgio Moraes (PTB). Os três votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Entenda a ação que está no TSE

Publicidade

A ação que pode destituir Temer foi movida pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a eleição de 2014, contra a chapa encabeçada pelo PT e PMDB por abuso de poder político e econômico. O processo ainda está na fase de coleta de provas. Caso o relator do caso, Herman Benjamin, casse a chapa, um novo presidente da República será escolhido por eleição indireta, na qual votam apenas deputados e senadores.

SUCESSÃO DE CRISES

Odebrecht – Marcelo Odebrecht disse, na quarta-feira, que a empresa doou R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer em 2014. Ele não detalhou quanto do montante foi de caixa 2 ou propina. O empresário afirmou que foi Temer quem tratou diretamente das doações para o PMDB, mas ressaltou que não discutiu valores com o então vice-presidente.

Publicidade

Denúncias contra Padilha – Na semana passada, o amigo de Temer e ex-assessor especial da Presidência, José Yunes, relatou que recebeu dinheiro do doleiro Lúcio Funaro a pedido do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, durante a campanha de 2014. Já na última quarta-feira, Marcelo Odebrecht confirmou que o ministro negociou com um executivo da Odebrecht R$ 10 milhões para o PMDB em 2014. Enquanto isso, Padilha continua de licença médica, após cirurgia em Porto Alegre.

Afastamento de Serra – No fim de fevereiro, o então ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), pediu demissão. Conforme a carta enviada ao presidente, o senador justificou a decisão “em razão de problemas de saúde”. Porém, especula-se que o ex-chefe do Itamaraty demonstrava abatimento após ter sido citado em depoimento de delações premiadas da Odebrecht.

Moraes no Supremo – Após a trágica morte do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, Temer nomeou o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para a vaga. A indicação de um advogado filiado ao PSDB e a aproximação dele com ministros citados na Lava Jato causou polêmica.

Publicidade

Queda de Geddel – Em novembro, o então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), pediu demissão do cargo. Ele saiu depois que Marcelo Calero se afastou do comando do Ministério da Cultura, alegando que Temer, Padilha e Geddel o pressionaram para liberar uma obra barrada de um prédio do entorno de uma região tombada de Salvador, no qual Geddel comprou um apartamento na planta.

Reforma da Previdência – A proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo ao Congresso minou parte do apoio que Temer mantinha junto à população. Diversas categorias de trabalhadores e setores da sociedade vêm se unindo contra a medida, considerada muito dura.

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.