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Segunda temporada

Os primeiros seis meses do novo governo de Telmo Kirst

Se comparados os seis meses iniciais do governo Telmo Kirst, em 2013, com o primeiro semestre de seu segundo mandato, em 2017, as diferenças são enormes. O prefeito de Santa Cruz do Sul iniciou a administração com menos de um terço dos vereadores na base de apoio, enfrentando uma oposição ativa e pressionado por gargalos que sufocavam o município, como os impasses do saneamento e do transporte urbano. Agora, o cenário é o oposto: com maioria consolidada na Câmara e uma agenda livre de temas polêmicos, Telmo desfruta de um dos melhores momentos desde que chegou ao Palacinho.

A Gazeta do Sul ouviu integrantes da política local nos últimos dias e a avaliação é quase unânime. Telmo Kirst atravessou os primeiros seis meses do ano praticamente sem enfrentar turbulências. Mesmo que tenha priorizado os “não políticos” ao compor a equipe de governo, vem conseguindo manter a paz na base aliada, que conta com nada menos que cinco grandes partidos (PP, SD, PMDB, PSDB e PDT). No primeiro escalão, foram duas baixas (Léo Schwingel no Desenvolvimento Econômico e Rogério Machado na Procuradoria), mas sem efeitos colaterais. Na Câmara, não sofreu derrotas marcantes e, graças ao acordo firmado com o PT e o retorno dos tucanos, tratou de reduzir a oposição aos seis vereadores do PTB.

A discrepância fica nítida nas sessões do Legislativo, com poucos embates entre adversários e aliados do Palacinho. “Ele está muito bem blindado. Fica difícil argumentar, porque temos pouca gente e nem todos têm perfil de ataque”, comenta um oposicionista. Não por acaso, até situações de potencial desgaste para o Palacinho acabam sendo contornadas com relativa facilidade, como a crise no abastecimento de água (o maior desafio do governo até agora). “Temos que admitir. Ele é ‘macaco velho’ e sabe jogar o jogo”, observa outro.

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No plano administrativo, Telmo inaugurou serviços de saúde, resolveu a licitação dos ônibus, anunciou obras de asfaltamento e lançou o programa Mapa da Cidade, para atualizar a base de dados cadastrais do município. Na semana que vem, deve anunciar a retomada da implantação do complexo turístico do Lago Dourado. Já algumas das ideias mais ambiciosas da campanha, como o Hospital Veterinário Municipal e a arena esportiva, continuam na promessa. Por outro lado, Telmo deve, após dois anos de recessão econômica nacional, encontrar um ambiente melhor a partir de 2018, com os sinais de retomada do consumo e da empregabilidade, além de alguns incrementos na arrecadação municipal, graças à mudança na regra do ISSQN e à atualização da planta do IPTU.

O desafio

Tanto para aliados quanto para oposicionistas, o desafio político mais imediato de Telmo, muito antes de pensar na sua sucessão, será conseguir manter a base de apoio firme no médio e longo prazo, quando o clima entre os partidos governistas tende a se tornar menos amigável. Atualmente, já há sinais de disputa pelo apoio de Telmo nas eleições do ano que vem, já que pelo menos quatro partidos – PP, PT, PMDB e SD – têm pretensão de lançar candidato local a deputado estadual. Há quem reivindique que a base indique um candidato único, enquanto outros não abrem mão de colocar nome na urna.

Seis meses em seis atos

1 – Não políticos no primeiro escalão
Mesmo com o desafio de acomodar os interesses de um grupo grande de partidos aliados, Telmo escolheu seus secretários praticamente sem negociar e deu espaços estratégicos (como a Saúde e os Transportes) para pessoas sem vínculos políticos. Apesar da manobra arriscada, não houve incêndios na base aliada.

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2 – Maioria na Câmara de Vereadores
Graças ao acordo com os vereadores do PT, o retorno do PSDB ao governo e o alinhamento com SD, PMDB e PDT, Telmo tem hoje 70% dos vereadores na sua base de apoio, o que lhe garante tranquilidade para aprovar projetos e condições de neutralizar as ofensivas da oposição.

3 – A questão da água
Os sucessivos problemas no abastecimento e o descumprimento de boa parte do plano emergencial firmado dois anos antes entre Prefeitura e Corsan fizeram o governo agir. Além de multar a companhia, Telmo criou comissão que se reúne regularmente. Obras foram iniciadas pela Corsan para minimizar os problemas. 

4 – Trânsito em foco
Além de algumas novidades na saúde (como os postos do Senai e de Monte Alverne e a nomeação de agentes comunitários), o governo se concentrou em ações na área de transportes e mobilidade, como a retomada do asfaltamento e da revitalização do Acesso Grasel, além de intervenções menores (como a rotatória na Rua Augusto Spengler, as cinco novas paradas de ônibus, a pavimentação de Linha Seival e recuperação de pontes no interior).

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5 – Retomada da economia
Os efeitos práticos ainda são tímidos, mas o semestre foi marcado por sinais concretos de retomada da economia depois de um biênio de recessão e queda na arrecadação, como a elevação no potencial de consumo do município e a expansão da empregabilidade, além de investimentos privados importantes, como a fábrica de cigarros da JTI. Serão investidos R$ 80 milhões até o fim do ano.

6 – Discrição e silêncio
Mesmo sob um ambiente político mais favorável, Telmo vem mantendo o perfil que empregou durante todo o mandato, moderando muito bem suas aparições e declarações públicas, e até as conversas reservadas com aliados.

Fala, Telmo

Gazeta – Como o senhor avalia os primeiros seis meses do segundo governo, tanto do ponto de vista político quanto administrativo?

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Telmo – A questão política é muito tranquila. Não vejo turbulência. E as avaliações que nós temos do governo são excelentes. São números que eu diria invejáveis, mas não quero sair falando porque não divulgamos. Então estou muito feliz. O restante do governo é para implantação dos projetos que não conseguimos no primeiro mandato. Na semana que vem, por exemplo, pretendo lançar um grande projeto para conclusão das obras do Lago Dourado. E pretendemos levá-lo a cabo até o fim do governo.

Gazeta – Neste momento, qual é a prioridade número um de Santa Cruz?

Telmo – Avançar um pouco mais na questão da segurança, em conjunto com Brigada Militar e Polícia Civil, principalmente. E não podemos descuidar que Santa Cruz é uma cidade de muitos eventos. Possuímos estrutura para abrigar esses eventos, mas não tanto quanto deveríamos. Então, precisamos de investimentos no Lago Dourado, no Parque da Cruz, no Parque da Gruta, e estamos preparando projetos para isso.

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Gazeta – O semestre foi muito problemático quanto ao abastecimento de água. O senhor está satisfeito com a resposta da Corsan?

Telmo – A Corsan nunca trabalhou tanto na vida aqui e vocês sabem disso. Nunca se viu a Corsan se mexer tanto porque o governo municipal está nos calcanhares dela, obrigando-a a cumprir o contrato que assinou. É muito normal que aconteçam coisas que façam com que as tubulações se rompam, porque são redes superadas. Algum dia isso tinha que acontecer. Mas é preciso repetir: durante mais de dez anos, governos passados deixaram a Corsan trabalhando sem contrato, e a Corsan não investiu nesses anos. Agora ela está sendo obrigada a investir. Espero que esse pesadelo da falta de água se solucione em um curto de espaço de tempo, porque eu vejo a companhia se mexendo.

Gazeta – O senhor ainda tem alguma alteração na composição do governo em vista ou descarta isso?

Telmo – O governo pode ser mudado a qualquer hora. Cargo de confiança é do prefeito. Se eu decidir trocar amanhã ou depois, vou trocar. Se decidir não trocar, não troco.

Linha do tempo

1º de janeiro
Telmo toma posse para o segundo mandato. Em discurso na Câmara, prega continuidade. “Seremos o mesmo governo”, diz. No acordo para eleição da Mesa Diretora, consegue o apoio do PT, que até então era oposição. Dois dias depois, Palacinho confirma que município encerrou 2016 com superavit de R$ 6,4 milhões.

9 de janeiro
Abastecimento entra em crise, com casos de falta de água ocorrendo em sequência. Em um fim de semana, 30 mil pessoas ficam sem água em suas casas. Cobrada pela população, Prefeitura multa Corsan por descumprimento contratual e, mais tarde, cria comitê de crise para monitorar de perto o assunto.

19 de janeiro
Prefeitura anuncia que não bancará mais os tradicionais desfiles de carnaval de rua. Acordo com as escolas de samba viabiliza um novo formato, com bailes nos pavilhões do Parque da Oktoberfest.

2 de fevereiro
Telmo conclui a composição do secretariado. Dos 14 escolhidos para o primeiro escalão, sete não têm vínculos partidários, e nomes de peso das siglas da base aliada ficam de fora. Ao contrário do que se esperava, a escalação não traz um indicativo claro de quem será o escolhido para a sucessão.

4 de fevereiro
Entra em vigor o novo contrato do transporte coletivo urbano, assinado por Telmo em 2016. Preço da passagem vai a R$ 3,50 e parte da frota é renovada, com investimentos importantes em vista.

15 de fevereiro
Sob pressão de entidades dos empresários do setor de serviços, Prefeitura volta atrás no aumento da carga do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), que havia sido aprovado às pressas no fim do ano passado.

18 de maio
Em Brasília, como presidente da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), Telmo participa da Marcha dos Prefeitos e se reúne com ministérios da Justiça e da Agricultura, para levar demandas do setor.

13 de abril
Ao nomear César Cechinato como novo procurador-geral, Telmo confirma o reingresso do PSDB no governo. Com isso, amplia a sua base de apoio na Câmara e isola o PTB na oposição.

23 de abril
Sem negociar, Telmo encaminha à Câmara o reajuste dos servidores municipais. Funcionalismo recebe 5% de aumento, enquanto o magistério fica com 7,64%. Resultado não agrada ao Sinfum, que havia pedido 15%. Presidente José Almada chega a declarar que “funcionalismo foi traído”.

2 de maio
Telmo assina ordem de início do novo lote de asfaltamentos de ruas. No pacote está a Thomaz Flores, uma das mais aguardadas. Obras devem ser concluídas até o fim do ano.

7 de junho
Prefeito lança o programa Mapa da Cidade, um grande levantamento cujo objetivo é atualizar a base de dados cadastrais do município, que serve para orientar as políticas públicas. 

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