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Crise na Saúde

Espera por tratamento contra câncer preocupa em Santa Cruz

A vida da família Preschadt mudou desde que Marlene, de 61 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama em maio deste ano. Cerca de 20 dias depois que soube da doença, a santa-cruzense fez uma cirurgia para a retirada do nódulo de três centímetros. Com o sucesso da operação, o médico solicitou que ela iniciasse a quimioterapia o mais rápido possível. No entanto, com a crise financeira que vive o sistema hospitalar, Marlene foi colocada em uma lista e aguarda há cerca de um mês e meio pelo início do tratamento. A espera preocupa a família, que se sente impotente diante da situação. 

Segundo Bruna, a mais nova dos seis filhos de Marlene, a espera teve início na semana seguinte à cirurgia, quando a Central de Regulação da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) informou que sua mãe teria que aguardar para começar o tratamento. Sem previsão para o início da quimioterapia, a família chegou a procurar vagas em casas de saúde de outras cidades do Estado, sem sucesso. Marlene ainda consultou um médico particular, que informou que ela corre riscos se não realizar o tratamento. 

“O que nos dizem é que o governo do Estado não está repassando as verbas para o Hospital Ana Nery e eles não abrirão vagas enquanto não receberem recursos”, contou Bruna. “Já é um baque enorme receber um diagnóstico desses. Isso desestrutura toda a família. Como se não bastasse, a gente ainda tem que passar por isso. Ficamos sem saber o que fazer”, complementa a caçula, que pediu demissão do emprego para ajudar a cuidar da mãe. 

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A assessoria de imprensa do Ana Nery explicou que, devido às dificuldades financeiras vividas pelos hospitais no Estado, a casa de saúde precisou começar a adequar seus atendimentos aos recursos recebidos, “sob risco de inviabilizar financeiramente a instituição num curto período de tempo”. Assim, durante o mês de julho não foram iniciados tratamentos de quimioterapia em pacientes novos, apenas se mantiveram aqueles que já estavam em andamento. Segundo a 13ª CRS, atualmente há no sistema 20 pessoas aguardando o início do tratamento. O cadastro mais antigo é datado de 16 de junho. “Me falaram que minha mãe é a segunda da lista”, comenta, esperançosa, a menina. 

Apesar de a espera causar angústia nos pacientes e familiares, o secretário de Saúde de Santa Cruz, Henrique Hermany, explicou que a legislação obriga os hospitais a darem início ao tratamento em um prazo de no máximo 60 dias após o diagnóstico, tempo ainda não ultrapassado por Marlene. “No Hospital Ana Nery, os pacientes começavam a quimioterapia em duas semanas, mas com os problemas financeiros não foi possível manter esse padrão”, afirmou. “Eu sei de casos de pessoas que aguardam pelo tratamento, mas não tenho notícias de descumprimento da lei”, explicou Hermany. “Foi justamente a angústia das famílias que nos levou a buscar uma solução.” 

A notícia, divulgada ontem pela Gazeta do Sul, de que recursos do Hospital Regional de Rio Pardo serão destinados provisoriamente às casas de saúde de Santa Cruz, decisão aprovada por unanimidade na reunião da Comissão Intergestores Regional (CIR) na tarde de terça-feira, dá novo ânimo à família Preschadt. Segundo o Ana Nery, com a repactuação dos recursos, a instituição poderá aumentar o número de atendimentos. A expectativa é de que amanhã alguns pacientes já sejam chamados para dar início ao tratamento. O Hospital Ana Nery vai receber cerca de R$ 217 mil a mais todo mês.

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A conta

No ano passado, foram realizadas 916 quimioterapias por mês no Hospital Ana Nery, embora o Estado enviasse recursos para apenas 700 procedimentos mensais. Até agosto de 2014, a Prefeitura de Santa Cruz vinha pagando essa produção extra. “Desde então, esse valor não foi mais repassado ao hospital, somando uma quantia de R$ 1,6 milhão (de setembro/14 a maio/15). Ou seja, foram atendimentos oncológicos realizados e não pagos”, informou o Ana Nery em nota. Desde então, o hospital iniciou as tratativas junto às esferas públicas para viabilizar esse recurso, fundamental para poder atender à demanda da região.

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