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1º de maio

Dia do Trabalho: Carinho com as novas vidas

A sala é silenciosa. No ambiente de cores suaves, repousam bebês que por algum motivo precisaram ficar em incubadoras logo após o nascimento. É na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) que profissionais da área da saúde e famílias acompanham os pequenos até eles poderem ir para casa. Embora o local receba casos de menor gravidade em relação à UTI, a atenção é constante. 

Neste espaço onde a luta pela vida não tem pausas, quem trabalha compartilha experiências, conhecimentos técnicos e, inevitavelmente, as emoções que acompanham aquela realidade. Em meio a tudo isso, uma enfermeira coleciona registros de momentos únicos. Nascida em Faxinal do Soturno, na região da Quarta Colônia de Imigração italiana, Adriana Luiza Bulegon Pradebon, chegou ao Hospital Santa Cruz em 1998, logo após concluir a graduação na Centro Universitário Franciscano de Santa Maria. Desde então, atuou na área neonatal da instituição, por 15 anos na UTI e agora na UCI. 

Nestas quase duas décadas, não foram poucos os momentos em que o coração bateu mais forte. A máxima de que trabalho não pode ser levado para casa, acabou deixando de ser uma regra quando as lembranças dos pequenos pacientes e as angústias das famílias vieram à mente nos momentos de descanso. É algo quase impossível de ser dissociado, talvez, um reflexo do comprometimento com a atividade. “Acolhemos os bebês e suas famílias convivemos com as dores ou alegrias de todos e precisamos entender as particularidades de cada caso”, conta.

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E o olhar humanizado pode ser retratado pela atenção dispensada a pais e mães, em alguns casos já quase sem forças para encarar as situações mais graves, pode fazer toda a diferença no tratamento. “Às vezes eles querem apenas serem ouvidos e compartilhar suas histórias. Com isso, conseguem seguir em frente para dar suporte aos filhos”, revela lembrando que uma das orientações para sua equipe é sempre buscar entender o contexto que envolve um atendimento. “Existe um trinômio entre bebê, pai e mãe que precisamos compreender, levando em conta as histórias de cada um deles.”

Lições a todo o instante

Dos pacientes que chegaram a permanecer 180 dias sob cuidados, tanto na UTI quanto na UCI, ou casos com internações mais curtas, sempre ficam lembranças e aprendizados. “Temos protocolos a serem seguidos, mas conforme a evolução dos nossos pacientes são realizadas adequações para aquela necessidade. E isso faz com que estejamos sempre descobrindo novas situações no dia a dia”, acrescenta a enfermeira lembrando que a maior satisfação é ver o bebê recebendo alta.

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Por outro lado, há horas em que toda a prática e experiência de quem atua naquela área precisa ser colocada à prova. “A perda é muito difícil para todos. Nunca gostaríamos de dar a notícia para a família quando isso acontece. É preciso ter força, manter elevado o nível de fé e espiritualidade, mas muitas vezes deixamos a lágrima rolar ao lado da família. Não tem como não se identificar, por isso trabalhamos para nos colocarmos no lugar daquelas pessoas. O que dá força para voltarmos no dia seguinte é a certeza de que fizemos o melhor trabalho sempre”, revela. 

Reflexos na saúde pública

Como profissional, Adriana viu a chegada de equipamentos mais sofisticados que ajudaram a dar novas perspectivas de vida para os pequenos recém-nascidos e suas famílias. Em meio a isso, as novidades contribuíram de maneira decisiva na redução dos índices de mortalidade infantil, que segundo um balanço recente da Secretaria Estadual da Saúde, chegou a 5,83 casos para cada mil nascidos vivos em Santa Cruz do Sul. Para se ter ideia, hoje a média do Rio Grande do Sul é de 10,1, considerada a menor taxa da história. 

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É inegável que estes resultados são gratificantes para a enfermeira que, junto da equipe de 14 pessoas, tem a missão de coordenar um setor tão importante para a saúde pública. “Hoje existe todo um conjunto que se reflete na evolução da neonatologia, passando pelos cuidados pré-natais tanto na rede pública quanto privada, ao aparelhamento dos hospitais”, reconhece. Toda a satisfação destes resultados, diz, é representada por momentos simples, mas que ficam marcados na memória, como as visitas de pacientes após receberem alta, encontros com as famílias nas ruas ou o fato de ver no jornal a foto de 15 anos de uma jovem que, quando pequena e bastante fragilizada, esteve sob seus cuidados. Um sinal de que toda a dedicação valeu a pena.

Leia mais sobre o Dia do Trabalho no suplemento especial
encartado na Gazeta do Sul deste fim de semana

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