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Unisc dá início à Programa de Doação de Corpos

Herança para a ciência, os corpos configuram uma importante e insubstituível fonte de estudos para acadêmicos das áreas da saúde, em especial para o curso de Medicina. Na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), 20 corpos estão disponíveis para que os estudantes de nove cursos aprofundem seus conhecimentos nas aulas de anatomia. O problema é que desde 2009 nenhum outro cadáver foi encaminhado à instituição e a solução para sanar a dificuldade desta renovação foi seguir o exemplo do que a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) já faz há oito anos: criar um Programa de Doação de Corpos. 

Conforme o coordenador do projeto de extensão, Manoel Brandes Nazer , a campanha tem como intuito sensibilizar as pessoas para que manifestem a intenção de doar seus corpos ainda em vida. Também busca chamar atenção para que parentes de pessoas que se foram entendam a importância de ratificar o desejo de doação do corpo dos familiares após o óbito a fim de qualificar a formação dos acadêmicos da área da saúde. “O sistema é muito parecido com o de doação de órgãos. A diferença é que os corpos servirão de fonte para estudos, o que também poderá salvar vidas no futuro”, explica.

 Nazer: corpos são fonte para estudosSegundo o professor que também coordena a Liga de Anatomia Clínica do Curso de Medicina, as universidades brasileiras dependeram durante décadas dos cadáveres que permaneciam sem identificação ou que não eram reclamados nos Departamentos Médico Legais (DML).  Com o passar do tempo, porém, essa fonte tornou-se escassa, e desde 2009 nenhum novo corpo foi doado pelo DML. “Este é um tipo de material didático perecível que dura conforme a demanda de utilização dos estudantes. O ideal é que universidades recebam, pelo menos, dois corpos por semestre”. Conforme Nazer, os estudantes tratam os corpos com respeito e enxergam com gratidão e grandeza o ato da doação para a ciência. “É ampliar o conhecimento em todas as dimensões (científica, espiritual e ética), da representatividade e valor do ser humano.”

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Para facilitar o entendimento sobre o projeto, a Unisc disponibiliza em seu endereço online (www.unisc.br) uma página com o passo-a-passo da doação, além de artigos de referência sobre a realização e eficácia de projetos similares em outras universidades do País e até da Europa. Neste primeiro mês de campanha na Unisc, segundo Nazer, somente duas pessoas demonstraram interesse em vida de realizar a doação. “Ressaltamos que este é um gesto altruísta extremamente importante para qualificar a formação dos futuros profissionais que irão lidar com vidas. O corpo humano é insubstituível e talvez por isso seja tão relevante incentivarmos esta reflexão, não somente para a doação de corpos, mas também para doação de órgãos, quando possível”, finaliza.  

Como se tornar um doador?
Qualquer pessoa com mais de 18 anos que deseje doar seu corpo para o Laboratório de Anatomia Humana da UNISC deverá preencher a documentação necessária disponível na página http://www.unisc.br/site/pdc/index.html e procurar o Laboratório de Anatomia Humana da Universidade pelos telefones (51) 3717-7610 ou 3717-7642.  Neste contato será explicado todo o procedimento necessário para ser cadastrado no banco de doadores ou para efetivar uma doação após óbito  de um familiar, mesmo que não cadastrado no programa.

É importante salientar que a intenção de doar o corpo poderá ser revertida a qualquer momento pelo doador ou pelo familiar responsável após o óbito. A identificação dos doadores, bem como as demais informações fornecidas no cadastro, permanecerá em sigilo e serão armazenadas no banco de dados do Programa de Doação de Corpos da instituição. Todos os gastos com translado de corpo e despesas cartoriais serão custeadas pela universidade. De acordo com o coordenador do projeto, Manoel Brandes Nazer, o espectro de abrangência do programa inclui toda a região do Vale do Rio Pardo e Taquari, em um raio de no máximo 150 quilômetros de distância. Corpos com doenças infectocantagoiosas, como vírus HIV, por exemplo, não serão aceitos. “Destacamos que as cerimônias fúnebres habituais podem ser realizadas”, finaliza.  

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Exemplo que deu certo
No último dia 27 de outubro, três dias antes de ser dada a largada para a campanha, a Unisc sediou palestra com a professora doutora Andréa Oxley da Rocha da  Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) – antiga fundação -, responsável por elaborar o programa pioneiro no Rio Grande do Sul. Na oportunidade ela informou que desde 2008 até junho deste  ano já foram obtidas 72 doações e 412 cadastros de futuros doadores. Ela também relatou que o perfil dos que preenchem a documentação corresponde, em sua maioria, a pessoas do sexo feminino, acima dos 60 anos, com nível de instrução superior completo e que possuem renda superior a três salários mínimos.

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