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Cerveja

Uma polêmica nada artesanal em Santa Cruz

Um festival criado para celebrar a cerveja artesanal está no meio de uma discussão que já rende litros de polêmica justamente na terra da Oktoberfest. Confirmada pelos organizadores, a realização de uma edição do Festival da Cerveja Gaúcha em Bento Gonçalves ao invés de Santa Cruz do Sul, onde foi criado, divide opiniões.

Em um lado da mesa estão aqueles que criticam a suposta falta de apoio da Prefeitura para que a promoção continue sendo realizada na cidade. No outro lado estão aqueles que questionam se o evento, que é particular e com cobrança de ingresso, deveria mesmo receber auxílio do poder público.

O abridor da polêmica foi a insatisfação manifestada pelos organizadores do festival quanto ao apoio – ou a falta de apoio – da Prefeitura. Um dos organizadores, Rodrigo Jung, que é sócio da Heilige, diz que contava com o suporte do Município para garantir a infraestrutura necessária para o festival.

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Segundo o empresário, para a montagem seriam utilizados recursos obtidos por meio de patrocínios, o que também estaria cada vez mais escasso. O ideal, segundo Jung, é que se investisse em uma estrutura definitiva, que pudesse ser usada também em outros eventos de Santa Cruz. Para ele, falta na cidade um local adequado para grandes eventos, públicos ou privados. “Se precisar pagar aluguel, paga-se. Tanto que em Bento Gonçalves vai ser pago”, assegura.

A Prefeitura diz que todos os eventos são bem-vindos, mas lembra que no início do ano já havia informado que não liberaria recursos para promoções de terceiros, independente do segmento. O corte foi uma das tantas medidas para equilibrar as contas diante da crise financeira.

Secretário de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo, Leo Schwingel ressalta que o pavilhão 2 do Parque da Oktoberfest – cedido ao festival nas edições anteriores – é um local privilegiado tendo em vista a localização. “Não será oferecida nenhuma estrutura diferente da já disponibilizada. No futuro, Santa Cruz contará com um centro de feiras e eventos mais acolhedor. Mas até lá, este local é o que o Município disponibiliza para todos aqueles que tiverem interesse em lá realizar eventos”, sustenta Schwingel.

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Bento teria a estrutura ideal

A organização do Festival da Cerveja Gaúcha avalia que encontrou em Bento Gonçalves, na Serra, um espaço adequado para o evento. Além disso, contaria com apoio de uma empresa local focada exclusivamente nas atividades promovidas no município.

Conforme o secretário municipal de Turismo de Bento Gonçalves, Gilberto Durante, a equipe do festival já alugou uma área dentro de um dos pavilhões do Parque de Eventos, situado a três quilômetros do Centro. Em shows, quando não houve a instalação de estandes, o espaço já comportou cerca de 30 mil pessoas, segundo Durante. Embora pertença à Prefeitura, o parque é administrado por uma empresa privada. O valor do aluguel dependeria, além da área utilizada, dos demais serviços contratados. Por se tratar de uma relação entre empresas, Durante disse que não tem acesso aos números.

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O secretário de Bento conta que as negociações com a organização do festival teriam iniciado ainda no ano passado, quando os empresários participaram de um evento na cidade. “Eles gostaram do espaço, viram que era amplo, com bastante estrutura, banheiros, palco e uma série de outras demandas. Me parece que o evento em Santa Cruz estava acontecendo, mas tinha uma ideia de crescer.”

Durante assegura que a Prefeitura de Bento não libera dinheiro nem presta serviços para eventos. “Apoiamos sempre na divulgação, que leva o nome de Bento junto. Valor financeiro não temos como aportar.”

Afinal, o festival sai ou não?

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A organização do Festival da Cerveja Gaúcha afirma que não pretende deixar de promover o evento em Santa Cruz do Sul. Porém, o empresário Rodrigo Jung se posiciona: “Se a Prefeitura sinalizar que não precisaremos nos preocupar com a estrutura, vai acontecer em Santa Cruz. Caso contrário, vamos nos reunir com os cervejeiros e decidir.”

Já a Prefeitura afirma que não oferecerá estrutura diferente da disponibilizada em anos anteriores. Ou seja, agora cabe às cervejarias avaliar seus resultados com o evento – que tem cobrança de ingresso – e decidir se vale a pena realizá-lo em Santa Cruz daqui para a frente. Segundo Jung, no ano passado o festival recebeu cerca de 6,5 mil visitantes e em torno de 40 empreendedores, entre cervejarias e empresas de gastronomia.

Outro evento já está marcado

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Dias depois que a organização do Festival da Cerveja Gaúcha confirmou a realização de uma edição em Bento Gonçalves, a Prefeitura anunciou que um grupo de cervejeiros locais se organiza para fundar a Associação dos Cervejeiros de Santa Cruz do Sul (Acesc). E a entidade já agendou para 8 e 9 de setembro deste ano um novo festival da cerveja.

O evento será organizado no pavilhão 2 e não contará com apoio do Executivo, que vai apenas ceder o espaço – o mesmo disponibilizado ao Festival da Cerveja Gaúcha. Segundo um dos integrantes da entidade, Alexandre Humburger, a criação ainda está na fase burocrática, mas os cervejeiros já se mobilizam para o evento do segundo semestre.

ENTENDA

  • O Festival da Cerveja Gaúcha é realizado em Santa Cruz desde 2014. A Prefeitura sempre disponibilizou o local (pavilhão 2 do Parque da Oktoberfest). A questão é que, segundo os organizadores, a estrutura é insuficiente para acolher o evento com segurança e conforto e, por isso, seria preciso investir.
  • Na edição mais recente, em setembro do ano passado, a organização colocou tablado, pirâmides (coberturas) e 40 banheiros químicos no lado externo do pavilhão. É nisso, segundo Rodrigo Jung, que esperavam contar com a Prefeitura neste ano. Os organizadores não informaram valores, mas um levantamento feito pela Gazeta do Sul apontou que os custos poderiam variar de R$ 30 mil a R$ 45 mil. 
  • O Executivo assegura que não poderá auxiliar com tais investimentos devido à situação delicada das finanças públicas. O corte de verba vale para todos os eventos, como o Carnaval, por exemplo. Só seria possível mesmo liberar o pavilhão 2.
  • A Prefeitura reconhece que o festival atrai visitantes à cidade e eles movimentam a economia. No entanto, avalia que o lucro obtido pela organização do festival não é revertido para a comunidade. Apenas haveria recolhimento de taxas de alvarás eventuais (das 27 cervejarias de fora, por exemplo) e de ISSQN sobre a bilheteria. No ano passado, a receita direta da Prefeitura com o festival foi de R$ 6.849,98, segundo a Secretaria da Fazenda. 
  • O próximo Festival da Cerveja Gaúcha ocorrerá nos dias 12 e 13 de maio, em Bento, onde a organização alugou um dos pavilhões do Parque de Eventos. Rodrigo Jung diz que a proposta é tornar o evento itinerante, com a possibilidade de mais de uma edição por ano. Ele assegura que a intenção não é deixar Santa Cruz do Sul.

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