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Conservação do solo

Uso do plantio direto chega às hortas da região

Os produtores da região começam aos poucos a adotar a prática do plantio direto, técnica já muito difundida em Santa Catarina, mas ainda pouco adotada no Rio Grande do Sul neste tipo de cultivo. O sistema reduz o custo de produção de 50% a 100%, diminui ou elimina o uso de produtos químicos e aumenta expressivamente a renda. A prática consiste no cultivo por meio de plantio ou transplante de mudas sobre palhada, principalmente de plantas de cobertura como, por exemplo, a aveia no período do inverno e o milheto no verão.

O casal Roberto e Claudete Pick, de 54 e 51 anos, respectivamente, trocou há 12 anos a produção de tabaco por hortaliças na propriedade em Cerro Alegre Baixo, a 16 quilômetros do Centro de Santa Cruz do Sul. Mas não sabia que era possível adotar na nova atividade o sistema de plantio direto com o qual já estava acostumado a trabalhar na lavoura. Assim, a cada fim de ciclo revolvia a terra para o preparo dos canteiros, até o assessor técnico do Departamento Agroflorestal da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Nataniél Sampaio, durante visita à família há dois anos, propor a experiência com cobertura verde e o posterior transplante de mudas de verduras sobre a palhada.

Dois anos após o início da experiência, Roberto afirma que poderia estar dez anos à frente do tempo caso tivessse adotado logo o cultivo de hortaliças pelo sistema de plantio direto. Explica que a decomposição da palhada de aveia e de milheto dos dois ciclos anteriores já mostra resultado no solo, com a redução de 20% a 30% na quantidade de adubo necessária. As pragas e doenças que normalmente atacavam as plantas também são menores, apesar do aparecimento de outras, como lesmas e caramujos por causa do solo mais úmido. Mas Roberto acredita que o problema deve diminuir quando a terra atingir o ponto de equilíbrio com a produção pelo novo sistema.

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A cobertura do solo com palha ajuda a conservar a umidade nos períodos de maior calor. O produtor afirma que observa a mudança até mesmo no milheto usado como cobertura para formar a palhada, que cresce mais vigoroso e produz volume maior de massa verde. Na propriedade de 7 hectares, o casal cultiva 2,5 hectares. A couve-flor e o brócolis são as duas principais variedades em produção. E junto com o repolho, a alface e a couve formam o carro-chefe das vendas da família na Feira Rural da Rua Independência e em alguns mercados de Santa Cruz do Sul. Roberto explica que pelo sistema convencional era possível o cultivo de três ciclos de repolho por ano, enquanto que pelo plantio direto diminuiu para dois por causa do tempo para o crescimento da cobertura verde para formar a palhada. No entanto, o produtor afirma que ganha na qualidade das hortaliças, na conservação do solo e, principalmente, na economia com adubo.

Foto: DivulgaçãoSolo melhora sua estrutura física, química e biológica com a decomposição das palhas
Solo melhora sua estrutura física, química e biológica com a decomposição das palhas

 

Emater e Afubra difundem forma de cultivo

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As primeiras experiências com o plantio direto de hortaliças entre produtores do Vale do Rio Pardo começaram há dois anos. O sistema otimiza o potencial produtivo das culturas e tem como base o revolvimento mínimo da terra, a rotação de culturas com plantas de cobertura e a cobertura permanente do solo. “Com essa técnica, temos uma redução do consumo de água e, com isso, diminui a necessidade de irrigação e incidência de plantas daninhas, proporcionando uma economia nos tratos culturais”, explica o engenheiro agrônomo da Emater/RSAscar de Santa Cruz do Sul, Marcelo Cassol.

A Emater trabalha na difusão da técnica com a realização de Dias de Campo e, principalmente, com atuação direta nas propriedades. Além da empresa de assistência técnica, a Afubra desenvolve ações com esse propósito. Conforme Cassol, cinco produtores de Santa Cruz do Sul adotaram até agora o sistema. O engenheiro agrônomo explica que para a implementação da prática é necessário o tempo para implantação de plantas de cobertura, de 90 dias se for em área total. Porém, destaca que o ideal é que o produtor faça aos poucos a transição para esta metodologia, dividindo sua área em partes, pois assim evita comprometer sua produção.

A Afubra iniciou em 2016 o trabalho de implantação do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) no Centro de Difusão Agropecuária (CDA), junto ao Parque da Expoagro Afubra, em Rincão Del Rey, no município
de Rio Pardo. Na mesma época começou essa atividade com alguns horticultores na região, levando a experiência para dentro das propriedades. O objetivo é adaptar a tecnologia para o Vale do Rio Pardo e difundir os aspectos técnicos corretos entre os produtores.

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Foto: DivulgaçãoMétodo de cultivo apresenta como base a rotação de culturas com plantas de cobertura, com o revolvimento mínimo da terra
Método de cultivo apresenta como base a rotação de culturas com plantas de cobertura, com o revolvimento mínimo da terra

 

Saiba mais

A experiência avalia situações diversas de solo e manejo para aplicação da técnica. A ideia, conforme o responsável pelo experimento, Nataniél Sampaio, foi descobrir as coberturas verdes mais recomendadas de acordo com as diferentes épocas do ano e conforme as culturas que o produtor pretende implantar diretamente na palhada. As coberturas verdes utilizadas para as culturas de inverno foram aveia e ervilhaca, enquanto para o plantio no verão ocorreu o uso de milheto e crotalária.

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Sampaio afirma que os resultados são positivos até o momento, apesar de ser uma técnica de médio prazo, ou seja, a partir do segundo ano o solo melhora muito sua estrutura física, química e biológica por conta da decomposição das palhadas e também pela ação das raízes das plantas de cobertura. O técnico agrícola afirma que praticamente todas as hortaliças se adaptam bem ao sistema, mas se destacam como melhores as brácecas, como repolho, couve, brócolis e couve-flor.

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